A pergunta é clara mas eu faço questão de repetir: Pode um mito derrubar um império?
Por que estou começando assim? Hoje estamos estudando a pessoa de Jesus Cristo e sua existência. E ao fazer isso acabamos estudando um pouco da história da Igreja. Então vamos fazer uma análise rápida. Ao saber que Jesus havia ressuscitado, os apóstolos começaram a anunciar a Boa Nova. E assim a Igreja de Cristo começou a se espalhar. E quando o cristianismo começou a ser difundido pelo mundo, iniciou-se uma perseguição ferrenha aos que aderiam a Cristo. Muitos cristãos preferiram ser mortos a negar a sua fé. Muitos tinham que viver como fugidos de suas pátrias, para não negar a Cristo.
A história nos conta que o imperador romano Cláudio (41-54), “expulsou de Roma os judeus, que, sob o impulso de Chrestós (forma grega equivalente a Christós, Cristo), se haviam tornado causa frequente de tumultos”.(Caius Suetonius Tranquillus – Vita Claudii, XXV) Esta informação coincide com o relato dos Atos dos Apóstolos 18,2, onde se lê:
“Cláudio decretou que todos os judeus saíssem de Roma” (At 18,2)
Esta expulsão ocorreu por volta do ano 49/50. O historiador Suetônio, no seu relato, julgava que Cristo estivesse em Roma, provocando as desordens.
Quis relatar isso, para mostrar a você a vida sofrida que os cristãos viviam. Não era uma vida fácil como a nossa vida hoje em dia. Imagine você e eu tendo que largar todas as nossas coisas, casas e roupas, de uma hora para outra, por que de uma hora para outra estávamos sendo expulsos e perseguidos. É tudo muito lindo de ler, mas quando nos colocamos no lugar deste povo podemos analisar como era dura a vida dos cristãos.
Agora fica a pergunta: Será que essas pessoas dariam a vida se não tivessem a certeza daquilo e naquele em que acreditavam? Nós estamos falando de dar a vida. Morrer… Irmãos que acompanham o Dominus Vobiscum, prestem bem atenção nisso: A partir dos apóstolos, todos os que morreram, tiveram uma experiência pessoal com Cristo. Só se dá a vida por quem amamos e conhecemos.
O escritor cristão Tertuliano (†220), de Cartago, escreveu que “o sangue dos mártires era semente de novos cristãos”.
Eu mesmo tive a graça de pisar em locais onde os Mártires deram a vida por Cristo. Estive na Colina Vaticana (Basílica de São Pedro), onde pela tradição da Igreja São Pedro morreu, estive na Igreja das três fontes onde São Paulo teve a cabeça decepada por a amor ao Senhor, estive também no circo máximo, onde muitos cristãos anônimos, foram entregues aos leões pois preferiram a morte à negar a Cristo.
E foram essas vidas e essa fé que derrubarram o Império que de perseguidor, passou a ser um Império Cristão e temente a Deus. No século III já haviam cerca de 1500 sedes episcopais (bispos) no mundo afora. Será que um mito poderia gerar tudo isto? É claro que não.
Será que um mito poderia sustentar uma Igreja, que começou com doze homens simples, e que já tem 2000 anos; que já teve 265 Papas, e que tem hoje mais de 4000 bispos e cerca de 410 mil sacerdotes em todo o mundo?
Se Jesus fosse um mero mito, ou uma mera lenda, isso tudo não teria acontecido. Existem muitos mitos e lendas, mas nenhuma chegou a fazer algo pelo menos da metade do porte do que a pessoa de Jesus Cristo fez. Recordo aqui as palavras de Gamaliel ao Sinédrio no momento da prisão dos Apóstolos:
Se o seu projeto ou a sua obra provém de homens, por si mesma se destruirá; mas se provier de Deus, não podereis desfazê-la. Vós vos arriscaríeis a entrar em luta contra o próprio Deus. (At 5, 38-39)
Pois é sábio Gamaliel. O senhor tinha toda a razão. A Igreja não passou e nem passará!
Pax Domini