Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: o que ligares na terra será ligado nos Céus, e o que desligares na terra será desligado nos Céus” (Mt 16,19). O “poder das chaves” designa a autoridade para governar a casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, “o Bom Pastor” (Jo 10,11), confirmou este encargo depois de sua Ressurreição: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-17). O poder de “ligar e desligar” significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo ministério dos apóstolos e particularmente de Pedro, o único ao qual confiou explicitamente as chaves do Reino. (CIC§553)
Diante de tudo que estudamos nesse tempo, só nos resta agora não apenas fortalecer nossa fé na vontade de Deus para com a sua Igreja, como na pessoa a quem Jesus destinou para governar a Igreja Dele. A barca está no mar, porém temos um excelente navegador. Sempre teremos porque Ele sempre será assistido por Deus. Hoje, estamos sob a responsabilidade de Bento XVI, que segundo a opinião do Padre Paulo Ricardo (e a minha também) é o maior e melhor teólogo vivo do mundo. Ele tem governado a Igreja com sabedoria e eficiência.
É importante se conscientizar que a Igreja não é, nunca foi, e nunca será democracia. A Igreja sempre será hierarquia. Foi assim que Jesus a criou. Está na raiz da nossa fé. Quem não gostar que reclame com Deus. Por isso é natural que nós, homens e mulheres da modernidade, muitas vezes possamos sentir algo ranger dentro de nós, quando “recebemos uma ordem”.
Hoje faz parte da cultura moderna a idéia de ouvir, debater, opinar, concordar ou não. Mas na Igreja as coisas não assim (graças a Deus). Não faz parte da Igreja a idéia “da maioria prevalecer”.
Na Igreja de Cristo, Ele é a cabeça e sempre será. Porém o representante Dele sempre haverá no meio de nós. Porque isso impede que nós façamos as coisas da nossa cabeça, e ai a coisa vira bagunça.
Veja, na Igreja Católica Apostólica Romana, temos diversos movimentos e pastorais. Cada um com sua particularidade, com seu jeito peculiar de buscar a Deus, de expressar a sua fé, de realizar seus gestos concretos. Mas todos eles devem obediência a alguém (ao pároco, ao bispo). Por sua vez, os padres devem obediência aos bispos diocesanos. Estes devem obediência ao Papa, e por ai vai… Se não fosse assim, teríamos um monte de “Igrejas Malucas”. A unidade precisa acontecer e para que isso aconteça, é necessário ordem e disciplina. Embora existam coisas que precisamos conversar (e conversar muito) para chegar a unidade, somos a Igreja de Cristo. Participamos da Eucaristia, professamos a mesma fé, comungamos do mesmo pão, vivemos os mesmos sacramentos.
Repito: A dificuldade de aceitar Pedro e os seus sucessores se deve muito mais a dificuldade que temos em obedecer alguém hierarquicamente, o que implica em fazer coisas que não gostaria de fazer, em abrir mão de suas vontades, e por ai vai…
Quero por fim para terminarmos este estudo, deixar um texto escrito por ninguém mais que Martinho Lutero, fundador do protestantismo sobre a Sucessão Apostólica. Esse texto foi escrito antes dele se desligar da Igreja de Cristo. Leia com bastante atenção:
Se Cristo não houvesse confiado todo poder a um homem, a Igreja não poderia ter sido perfeita porque não haveria ordem e cada um estaria apto para dizer que é guiado pelo Espírito Santo. É isso que os hereges dizem, cada um pondo razão em seu próprio princípio. Dessa maneira, tantas Igrejas foram levantadas porque havia cabeças. Cristo, todavia, quer, para nos colocar todos em uma unidade, que seu poder seja exercitado por um homem a quem Ele mesmo confie essa atribuição. Ele tinha, entretanto, tão grande poder que venceu os poderes do inferno (sem dano algum). Ele disse: As portas do inferno não prevalecerão contra ela, como querendo dizer: lutarão contra ela, mas nunca poderão vencê-la; é então dessa maneira que ela manifesta que seu poder é na realidade vindo de Deus e não do homem. Assim, quem rompe com essa unidade e com essa ordem de poder, não deixa sinal de grande ou de obras maravilhosas, como nossos Picards e outros hereges fazem, Vigia teus passos, quando vais à casa de Deus! Entra para escutar e não apenas para oferecer sacrifícios, como os insensatos, que não percebem que estão procedendo mal!(Ecle 4,17) (Sermo in Vincula S. Petri, “Werke” Weimar edition, I, 69)
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