Jesus escandalizou sobretudo porque identificou sua conduta misericordiosa para com os pecadores com a atitude do próprio Deus para com eles. Chegou ao ponto de dar a entender que, partilhando a mesa dos pecadores, os estava admitindo ao banquete messiânico. Mas foi particularmente ao perdoar os pecados que Jesus deixou as autoridades religiosas de Israel diante de um dilema. Foi isto que disseram com razão, cheios de espanto: Só Deus pode perdoar os pecados” (Mc 2,7). Ao perdoar os pecados, ou Jesus blasfema – pois é um homem que se iguala a Deus -, ou diz a verdade, e sua pessoa torna presente e revela o Nome de Deus. (CIC§589)
O terceiro ponto que marca Jesus como um sinal de contradição no seu povo é a misericórdia. O Senhor abraça e acolhe aquele que precisa. Perdoa os pecadores. Dá-lhes uma nova chance.
Ao longo da história Cristo na Terra, muitos foram os personagens bíblicos que experimentaram a misericórdia do Senhor. Seu fardo leve ao invés de afastar os simples, os atraia.
Para os doutores da Lei daquele tempo, isso era inadmissível. Para os doutores da Lei de hoje, misericórdia é apenas para os fracos. Jesus veio causar a divisão também ai: Cristão de verdade trilha o caminho da misericórdia. Por mais difícil e duro que esse caminho possa ser. Ao usar de misericórdia com o próximo, nos aproximamos cada vez mais da imagem e semelhança de Deus. Assim como Jesus foi ao encontro dos pecadores, também nós devemos ir. Assim como Jesus amou a todos, também nós devemos amar.
Porém é importante destacar um ponto: Amar o pecador não significa ignorar o seu pecado. Temos que acolher a todos. Mas não podemos compactuar com seus pecados caso existam. Não podemos entrar nos seus esquemas e nem se esquivar de dizer a verdade. Somos bons. Não somos bobos! Se Jesus perdoou a mulher adultera, Ele também recomendou: Vá e não peques mais!
A verdade precisa ser dita. Sempre! Mas para dizer a verdade, precisamos agir com misericórdia.
Penso que ai está a chave para o bom uso da misericórdia: Acolhamos, amemos e façamos um bom convívio enquanto esperamos a oportunidade para dizer a verdade com caridade. Relacionamento humano não é fácil. É preciso ter um “feeling” para sentir a hora de calar e a hora de falar. Temos que perceber quando falar num tom mais ríspido e quando falar em um tom mais acolhedor. Mas em todos os momentos a misericórdia deve imperar.
A misericórdia sempre nos assemelhará ao Cristo.
Pax Domini