Começamos um novo estudo chamado: Quem é o culpado pela Crucificação de Cristo? Tudo teve início com um podcast que você pode ouvir aqui. E como você sabe, estudamos a cada post um parágrafo do Catecismo da Igreja Católica. Vamos avançando e caminhando parte por parte até chegar a compreensão do fato. Vamos ao trecho de hoje:
Entre as autoridades religiosas de Jerusalém não houve somente o fariseu Nicodemos ou o ilustre José de Arimatéia como discípulos secretos de Jesus, mas durante muito tempo foram produzidas dissensões acerca de Jesus, a ponto de, às vésperas de sua Paixão São João poder dizer deles que “um bom número deles creu nele”, ainda que de forma bem imperfeita (Jo 12,42). Isso não tem nada de surpreendente se levarmos em conta que no dia seguinte a Pentecostes “uma multidão de sacerdotes obedecia à fé” (At 6,7) e que “alguns do partido dos fariseus haviam abraçado a fé” (At 15,5), a ponto de São Tiago poder dizer a São Paulo que “zelosos partidários da Lei, milhares de judeus abraçaram a fé” (At 21,20). (Cat. §595)
Quando lemos a bíblia ou ouvimos as homilias das missas, corremos o risco de criar uma falsa imagem de que todos os fariseus, saduceus e doutores da lei seriam contra Jesus. Mas na verdade a coisa não era bem assim.
Existia naquele tempo uma grande discussão não apenas entre o povo, mas também entre os doutores da lei sobre a pessoa de Jesus Cristo. Alguns deles viam em Jesus indícios fortes de que Ele era o Messias. Outros o viam como mais um charlatão que se dizia Filho de Deus. De fato não havia uma posição definida sobre Jesus de Nazaré. A bíblia fala de Nicodemos e José de Arimatéia, mas haviam outros…
A verdade é que a dúvida entre eles se justifica em certo ponto. Antes de Jesus, muitos outros apareceram se dizendo o Messias. Pará nós que vivemos a história posterior ao fato, é fácil identificar Jesus como Cristo. Mas naquele tempo era um pouco mais difícil. Imagine você, membro da Igreja, participante de uma pastoral, estudando teologia e de repente aparece alguém dizendo que é Jesus. O que você faria? Óbvio que iria desconfiar!
O problema não está no fato de se duvidar ou não. A questão está no fato de ter o coração aberto para identificar no outro os sinais de Deus. É muito comum vermos nas paróquias pessoas terrivelmente fechadas àquilo que aprenderam e vivenciaram que ao se depararem com algo novo vindo do Espírito de Deus acabam sendo um terrível obstáculo a ação de Deus.
Não podemos fechar o coração ao novo de Deus para a Igreja. Não temos esse direito. É certo que temos que zelar pela Igreja de Cristo, pois muita coisa dita “nova” não passa de bagunça, balbúrdia e confusão. Mas é preciso ter esse “feeling”…
Faz-se necessário pedir a Deus o conhecimento da sua Doutrina e o zelo para vivê-la e ensiná-la, mas precisamos pedir a Deus a sensibilidade para identificar os sinais salvíficos que Ele nos envia. E só um coração unido ao coração de Deus consegue perceber esses sinais. Nicodemos e José de Arimatéia tinham corações unidos ao Coração de Deus e por isso perceberam em Jesus, o verdadeiro Messias.
Não temos o direito de culpar o partido dos fariseus, saduceus e nem o sinédrio pela morte de Jesus. Alguns deles, os mais “radicais” em seus preceitos tiveram um papel infeliz no desfecho dessa história, mas não todos. Mas uma coisa é fato: Aquele que se fecha no seu conhecimento da lei e faz uso dela em benefício próprio e por conseqüência disso não identifica os sinais que Deus nos envia, acaba tendo culpa na morte de Jesus. Seja no tempo de Jesus, seja nos dias de hoje.
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