O simbolismo litúrgico das cores

Salve, povo de Deus! Pax Domine!

Hoje, solenemente, a Santa Igreja Católica faz memória de todos os fiéis defuntos. Nossos familiares, amigos, conhecidos, desconhecidos, enfim, todos os que morreram na esperança da salvação. É um dia, basicamente, de oração! De intercedermos a Deus por todos os que deixaram esta vida, com os olhos na vida eterna! E hoje, em todas as celebrações, a cor que você verá presente nos altares é o roxo. Você sabe por que?!

Bem, cada cor utilizada nas celebrações litúrgicas tem um sentido, é um símbolo de algo que se deseja representar.

A palavra símbolo vem do grego sýmbolon, significando uma realidade concreta em representação a algo não concreto. A Liturgia faz uso, assim, de diversos elementos (símbolos) para representar algo abstrato, como uma idéia ou até mesmo um sentimento.

Assim são as cores usadas na Liturgia, servindo para indicar um sentimento em relação àquele ato que se vivencia.

Estão reguladas pelo Missal Romano – IGMR (CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS, Instrução Geral sobre o Missal Romano, in 3ª Edição Típica do Missal Romano, 2002 (edição para o Brasil aprovada pela Congregação em carta de 30 de julho de 2004)), sob o nº 346, o qual estabelece que seja observado o uso tradicional das cores, todavia, ficam as Comissões Episcopais livres para determinar e propor à Santa Sé modificações que atendam às necessidades socio-culturais.

Tais cores variam conforme o Tempo Litúrgico, o qual já foi objeto do post anterior, bem como dependendo da solenidade comemorativa daquele dia específico, como no caso da solenidade de hoje.

Assim, as cores litúrgicas são:

– Branco: cor utilizada nos Batizados, na Páscoa, Natal, Festas e Memórias da Virgem Maria, Missas Votivas dos Santos (exceto os Mártires) e demais solenidades, como na festa de Todos os Santos (1 de Novembro), a qual comemoramos ontem, na Natividade de São João Batista (24 de Junho), na festa de São João Evangelista (27 de Dezembro), da Cátedra de São Pedro (22 de Fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de Janeiro). Representa a Pureza e a Luz.

– Vermelho: representa o sangue, e o fogo do amor, e o martírio. É utilizada nas Missas de Mártires, no Domingo de Ramos, na Sexta-feira Santa, em Pentecostes, e nas Missas Votivas pelo Espírito Santo.

– Roxo: significa penitência, contrição e conversão. É utilizada no Tempo da Quaresma e do Advento, sendo também usada nas Missas pelos mortos, e no dia de hoje, em comemoração aos fiéis defuntos. Simboliza a interiorização, a oração, o voltar-se para Deus.

– Rosa: variação mais clara do roxo, simboliza a alegria, sendo usada no III Domingo do Advento (Gaudete) e IV Domingo da Quaresma (Laetare).

– Verde: simbolizando a esperança, é a cor do Tempo Comum. Alude à caminhada em busca do amadurecimento.

– Preto: simboliza o luto, é a cor usada nos Ofícios pelos mortos.

Tal cor  não foi abolida pelo Missal Romano, mas apenas tida como opção em relação ao roxo, onde for costume usá-la.

Outras cores também podem ser utilizadas, mas não estão previstas do Missal Romano, o qual dispõe no nº 309 que “em dias de maior solenidade podem ser usadas vestes litúrgicas mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia”.

Todavia, devem ser observadas as normas do nº 347, ao estabelecer que “as Missas Rituais são celebradas com a cor própria, a branca ou a festiva”.

Ademais, a Instrução Redemptionis Sacramentum (CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS, Instrução Redemptionis Sacramentum, de 25 de março de 2004 (sobre alguns aspectos que se devem observar e evitar acerca da Ssma. Eucaristia),São Paulo: Paulinas, 2004) assim dispôs, sobre o uso de cores não previstas pelo Missal Romano:

Esta faculdade, que também se aplica adequadamente aos ornamentos fabricados há muitos anos, a fim de conservar o patrimônio da Igreja, é impróprio estendê-las às inovações, para que assim não se percam os costumes transmitidos e o sentido de que estas normas da tradição não sofram menosprezo, pelo uso de formas e cores de acordo com a inclinação de cada um. Quando seja um dia festivo, os ornamentos sagrados de cor dourado ou prateado podem substituir os de outras cores, exceto os de cor preta.

É por isto que, em algumas solenidades de Nossa Senhora, podemos ver o celebrante usando paramentos na cor azul.

Visita do Papa Bento XVI ao santuário mariano austríaco de Mariazell

Na verdade, o azul como cor litúrgica remonta à Idade Média, onde, por um privilégio papal, algumas dioceses espanholas puderam ter o direito de usar tal cor na Solenidade da Imaculada Conceição. Tal concessão, todavia, foi, parece-nos, estendida aos países da América Latina de colonização hispânica.

No Brasil, tal costume se deu pelo mesmo motivo, mas em relação a Portugal, que recebeu o referido favor papal para uso do azul na Capela de São Miguel, em Coimbra, mais precisamente na Universidade de Coimbra, durante a Solenidade da Imaculada Conceição, face à defesa deste dogma por tal instituição.

Hoje em dia, o uso do azul é comum, por exemplo, em santuários marianos.

Assim, a Igreja Católica, por meio do simbolismo das cores, mantém viva a expressão de cada mistério celebrado, desenvolvendo a consciência cristã para aquele momento em particular que vive a Igreja ao longo do ano.

Cor e tempo litúrgico formam como que uma simbiose, que tem como objetivo voltar o pensamento, a devoção e o espírito a Deus, de uma forma específica em dado tempo, momento, comemoração ou solenidade.

Por hoje é só! Até o próximo post e que Deus os abençoe!!! Um abraço enorme!!!

Alex C. Vasconcelos – Equipe Dominus Vobiscum

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