Uma situação um tanto quanto inusitada está deixando muitos católicos confusos: O Bispo da Diocese de Bragança Paulista, Dom Sérgio Aparecido Colombo decidiu expulsar da sua diocese o Mosteiro Carmelita Eremita em Atibaia coordenado pelo Frei Tiago de São José, que já estava na diocese cerca de onze anos. Para saber mais do mosteiro, clique aqui.
Existem divergências sobre o real motivo da expulsão. Em uma carta aberta para toda diocese, Dom Sérgio afirma que o ato foi necessário tendo em vista a desobediência do Frei Tiago em diversas ocasiões e muitas irregularidades encontradas pelo clero com relação ao mosteiro. Porém para aqueles que defendem a permanência do mosteiro na diocese, a decisão foi em vista de o mosteiro celebrar regularmente as suas missas no Rito Tridentino.
É importante frisar que o Rito Tidentino é a Forma Extraordinária do Rito Romano. É a liturgia da Igreja Católica que era usada antes da reforma do Concílio Vaticano II. É chamada de Missa “Tridentina” porque “Tridentino” se refere ao Concílio de Trento (1545-1563), que unificou a prática litúrgica na Igreja Ocidental.
O Papa Bento XVI em 2007 escreveu o “Summorum Pontificum”, onde indicou que as Missas Tridentinas devem ser disponibilizadas em cada paróquia, sempre que grupos de fiéis desejarem, e onde um padre foi treinado para celebrá-la. Ele também afirmou que a Missa do Missal Romano em uso desde 1970 continua a ser a forma ordinária da missa, enquanto a celebração da Missa Tridentina é a forma extraordinária.
O documento não exige que todas as paróquias sejam obrigadas a estabelecer automaticamente uma programação Missa Tridentina, mas disse que quando “um grupo de fiéis ligados à prévia tradição litúrgica existe de maneira estável”, o pastor deve “voluntariamente aderir” ao seu pedido para fazer a massa disponível.
Apesar de ter a força de um documento redigido e assinado pelo Papa, a Carta Apostólica tem sido objeto de contestação no Brasil por parte de alguns eclesiásticos. Dom Aloísio Roque Oppermann, Arcebispo Emérito de Uberaba, objeta que a Missa Tridentina é incompreensível, seca e utiliza o Latim, uma língua misteriosa. Dom Paulo Sérgio Machado, Bispo de São Carlos, considera que os que preferem a Missa Tridentina são uma minoria moralista de pessoas puritanas, retrógradas, com uma mórbida aversão às mudanças e ao novo.
Por outro lado, mais de 30 cardeais, acatando filialmente as determinações do Papa, já participaram de cerimônias em Latim segundo a Forma Extraordinária do Rito romano, após a entrada em vigor do motu proprio Summorum Pontificum.
No Brasil, mais de 17 arcebispos e bispos também o fizeram, dentre os quais: Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro; Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo de Belém do Pará; Dom Alano Maria Pena, Arcebispo Emérito de Niterói; Dom Luciano Bergamin, Bispo de Nova Iguaçu; Dom Fernando José Monteiro Guimarães, Bispo de Garanhuns; Dom Gregório Paixão, Bispo Auxiliar de Salvador; Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Franca; Dom Diógenes Silva Matthes, Bispo Emérito de Franca; Dom Mário Rino Sivieri, Bispo de Propriá e Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju.
A situação acabou ganhando um certo grau de complexidade, quando os fieis católicos amigos dos monges passaram a denunciar certos abusos doutrinais em sites ligados a diocese e ao movimento chamado PJ – Pastoral da Juventude – com raízes profundas na Teologia da Libertação, que é uma teologia contestada e combatida na Igreja, inclusive pelo Santo Padre Bento XVI. Estes mesmos “amigos do mosteiro” estão fazendo um abaixo-assinado na tentativa de fazer o bispo de Bragança Paulista repensar a situação (Para assinar a petição clique aqui).
Quanto a mim, ainda é cedo para dar uma opinião, haja vista que eu não conheço o mosteiro e muito menos a diocese. Todo caso eu particularmente acho estranho a diocese fechar os olhos para os abusos da TL e ser tão rigorosa com os monges. Além do mais, o bispo quando acusa o Frei Tiago de desobediência e irregularidades, não especifica quais seriam estas desobediências e estas irregularidades. Penso que em tempos onde a informação precisa chegar completa para atingir a devida eficácia, deve-se explicitar melhor o caso. Porém opiniões a parte, esperamos que toda esta celeuma seja resolvida o quanto antes, pois pelo sim pelo não, muitos fiéis da região se beneficiavam com os serviços do mosteiro (missas, confissões, atendimentos, sacramentos e etc.) estão sofrendo com tudo isso.
Estaremos atentos a esta situação, mostrando para você todas as notícias a respeito deste caso. E que a Igreja de Cristo prevaleça diante de toda esta situação lamentável!
Dominus Vobiscum