Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro I [Segunda Discussão]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!

Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, iremos hoje continuar à procura da verdade, conforme São Agostinho incita a nos questionar. No texto abaixo dá-se início e fim da segunda discussão acerca da procura da verdade x felicidade x sabedoria. Agostinho nos relata como seus amigos tentam definir a verdade (à procura) utilizando a figura (sabedoria) para que cheguemos ao somatório destas razões (felicidade).

Segunda Discussão

Continuação da discussão sobre o erro

No dia seguinte, estando todos sentados, tomei a palavra: – Continuai o que tínheis começado ontem!

Disse então Licêncio: – Se não me engano, tínhamos interrompido a discussão a meu pedido, porque a definição do erro me apresentava grandes dificuldades.

– Neste ponto, em todo caso, não erras, observei eu, e desejo de todo o coração que isso te seja um bom augúrio para o restante da discussão:

Licêncio: – Escuta, pois, o que eu teria exposto ontem mesmo, se não tivesses intervindo. O erro, a meu ver, consiste em tomar o falso pelo verdadeiro. Nele não pode cair de nenhum modo quem julga que sempre se deve procurar a verdade, pois não pode aprovar o falso quem não aprova nada. Logo não pode errar, mas pode facilmente ser feliz. Para não ir muito longe, se pudéssemos viver todos os dias como ontem, não vejo razão para não nos considerarmos felizes. Pois vivemos numa grande tranquilidade de espírito, guardando a alma livre de toda mácula corporal, bem longe do fogo das paixões, dedicando-nos, quanto é humanamente possível, à razão, isto é, vivendo segundo aquela parte divina da alma, que, segundo a definição de ontem, concordamos que constitui a vida feliz. Todavia, creio que nada encontramos, mas apenas procuramos a verdade. Logo, o homem pode alcançar a felicidade só pela busca da verdade, ainda que não consiga encontra-la. Vê como é fácil refutar a tua definição por uma observação comum. Disseste que errar é buscar sempre sem nunca encontrar. Suponhamos um homem que nada procura. Alguém lhe pergunta, por exemplo, se é dia. Sem refletir e precipitadamente, responde que, a seu ver, é noite. Não te parece que ele erra? Esta espécie de erro tão grosseiro não é abrangida pela tua definição. E se incluir também os que não erram, pode haver definição mais viciosa? Um homem quer ir à Alexandria e segue o caminho direto, acho que não podes dizer que ele está errado. Mas, se, impedido por vários obstáculos, levar muito tempo a percorrer o mesmo caminho e for surpreendido pela morte, não é verdade que sempre procurou e nunca encontrou e todavia não errou?

Trigécio: – Dizes bem e tua observação é correta, pois daqui se segue a tua definição é inadequada. Na verdade eu disse que é feliz quem sempre busca a verdade. Isso é impossível. Primeiro, porque o homem não existe sempre, em segundo lugar, porque nem mesmo depois que começou a existir pode logo procurar a verdade, impedido que ainda se encontra pela idade. Ou, se entendes “sempre” no sentido de que o homem não deve perder nenhum momento desde quando é capaz de procurar, deves voltar a exemplo de Alexandria. Supõe alguém que, quando a idade e as ocupações lhe permitem viajar, põe-se a caminho daquela cidade. Como disse acima, não se desvia para nenhum lado, mas, antes de alcançar o seu destino, morre. Certamente te enganarias muito se pensasses que ele errou, embora todo o tempo que pôde não tenha deixado de procurar, mas não tenha chegado ao lugar para o qual se dirigia. Por isso, se é correto o meu raciocínio, segundo o qual não erra quem busca perfeitamente a verdade, ainda que não a encontre, é feliz porque vive de acordo com a razão. Portanto, a tua definição é vã, e se não o fosse, não deveria eu preocupar-me com ela pelo simples fato de que a minha tese é bem estabelecida pelas razões que expus. Assim sendo, pergunto, por que não estaria resolvida a questão que discutimos?

Indagou Trigécio: – Concedes que a sabedoria é o caminho reto da vida?

Licêncio: – Concedo, sem dúvida. Mas quero que me definas a sabedoria para saber se a concebemos no mesmo sentido.

Trigécio: – Não te parece bem definida na pergunta que te fiz? Até me concedestes o que eu queria. Pois, se não me engano, é com razão que a sabedoria é chamada o caminho reto da vida.

Retrucou Licêncio: – Nada me parece tão ridículo como esta definição.

Trigécio: – Talvez. Mas vai com cautela, reflete antes de rir, pois nada é mais vergonhoso que o riso digno de irrisão.

Propôs Licêncio: – Concordas que a vida é o contrário da morte?

Trigécio: – Concordo.

Licêncio: – Pois para mim o caminho da vida não é senão aquele que seguimos para evitar a morte.

Trigécio concordou. Prosseguiu Licêncio: – Portanto, se um viajante, que evita um atalho por ter ouvido que está infestado de assaltantes, segue pelo caminho reto e assim evita a morte, não seguiu o caminho da vida e o caminho reto? No entanto ninguém chama a esse caminho de “sabedoria”. Como então é sabedoria todo o caminho reto da vida?

Trigécio: – Concedi que a sabedoria é isso, mas não só ela.

Licêncio: – Uma definição não deve conter nenhum elemento alheio ao definido. Por isso, defina novamente que, a teu ver, é sabedoria.

Trigécio guardou longo silêncio e por fim disse: – Pois então defino-a novamente, já que decidiste não encerrar este ponto. A sabedoria é o caminho reto que conduz à verdade.

Retorquiu Licêncio: – Também esta definição se refuta facilmente. Em Virgílio a mãe de Enéias diz a este: “Continua e dirige os passos para onde te conduz o caminho”. Seguindo esse caminho, Enéias chegou ao lugar que lhe fora indicado, isto é, à verdade. Tenta sustentar, por favor, que o lugar onde, avançando, ele pôs os pés se pode chamar sabedoria! Na verdade é total tolice minha tentar rebater esta tua definição, pois nada favorece mais a minha causa que ela. Disseste com efeito, que a sabedoria não é a própria verdade mas o caminho que a ela conduz. Assim, quem usa este caminho usa a sabedoria e quem usa a sabedoria é necessariamente sábio. Portanto, sábio é aquele que busca perfeitamente a verdade, mesmo que ainda não a tenha alcançado. Pois, ao meu ver, a melhor definição do caminho que conduz à verdade é a diligente pesquisa da verdade. Consequentemente, quem usa este caminho já será sábio. E nenhum sábio é infeliz. Ora todo homem é infeliz ou feliz. Logo o que faz feliz não é só a descoberta, mas a própria procura da verdade.

 Sorrindo, disse Trigécio: – Realmente mereci que me acontecesse isso, por haver feito imprudentemente concessões em coisas desnecessárias ao adversário, como se eu fosse um mestre em definições ou julgasse alguma coisa mais supérflua na discussão. Onde vamos parar se eu te pedir novamente a definição de algo e fingindo nada entender, pedir que definas cada uma das palavras dessa definição e assim sucessivamente de todas as que seguirem? Pois de que termo claríssimo não teria eu o direito de exigir a definição, se me pode ser pedida a definição da sabedoria? Há, porventura, palavra da qual a natureza quis que nossa alma tivesse uma noção mais clara que a da sabedoria? Mas não sei como, apenas esta noção deixa, por assim dizer, o porto da nossa mente e solta as velas das palavras, logo mil cavilações a ameaçam de naufrágio. Por isso, ou não se exija uma definição da sabedoria, ou o nosso juiz se digne vir em seu auxílio.

Então, como a noite já impedia escrever e vendo que novamente surgia um grande problema, transferi a discussão para outro dia. Efetivamente, tínhamos começado a disputa quando o sol já estava declinando, depois de termos passado quase o dia inteiro no trato de tarefas do campo e no estudo do primeiro livro de Virgílio.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I – Prólogo | Livro I – Gênese Livro I – Primeira Discussão | Livro I – Procura da Verdade e Perfeição do Homem | Livro I – Primeira Definição do Erro

Eu, de modo especial e singelo, desejo a todos e aos seus, um feliz Natal repleto de muita Paz e Luz!

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

Série Espiritualidade: “Que o homem não seja curioso escrutador do Sacramento, mas humilde imitador de Cristo, sujeitando sua razão à santa fé”

jesus-cristo-flageladoDo livro “A Imitação de Cristo”

Voz do Amado: Foge do desejo curioso e inútil de investigar este profundíssimo mistério, se não te queres afogar num abismo de dúvidas. Quem quer perscrutar a majestade será oprimido por sua glória (Prov 25,27). Mais pode Deus fazer, que o homem compreender. Contudo é permitida uma piedosa e humilde investigação da verdade, que sempre está inclinada a ser instruída e segue a sã doutrina dos Santos Padres.

Bem-aventurada a simplicidade, que deixa os caminhos dificultosos das discussões, para andar no caminho plano e firme dos mandamentos de Deus! Muitos perderam a devoção, porque quiseram investigar coisas muito altas. O que se exige de ti é fé e inocência, não sublime inteligência, nem profundo conhecimento dos mistérios de Deus. Se não entendes, nem compreendes as coisas que estão abaixo de ti, como alcançarás as que estão acima? Sujeita-te a Deus e submete teu juízo à fé, e se te dará a luz da ciência, conforme te for útil e necessário.

Alguns são gravemente tentados acerca da fé nesse Sacramento; mas isso não se deve imputar a eles, senão ao inimigo. Não te importes, nem disputes com teus próprios pensamentos, nem respondas às dúvidas que o demônio te sugere, mas crê nas palavras de Deus, crê nos seus santos e profetas, e fugirá de ti o malvado inimigo. Muitas vezes é de grande proveito ao servo de Deus passar por tais provações, porque o demônio não tenta aos infiéis e pecadores, que já tem seguros: aos fiéis devotos, porém, ele tenta e molesta de vários modos.

Persevera, pois, na fé, firme e simples, e chega-te ao Sacramento com profunda reverência. E quanto ao que não podes compreender, encomenda-o tranqüilamente a Deus onipotente. Deus não te engana; mas se engana quem demasiadamente confia em si mesmo. Deus anda com os simples, revela-se aos humildes, dá inteligência aos pequenos, abre o sentido às almas puras e esconde sua graça aos curiosos e soberbos. A razão humana é fraca e pode enganar-se, mas a fé verdadeira não se pode enganar.

Toda razão e pesquisa natural deve seguir a fé, não precedê-la, nem enfraquecê-la, porque a fé e o amor aqui dominam e operam ocultamente nesse santíssimo e diviníssimo Sacramento. “Deus eterno, imenso e infinitamente poderoso faz coisas grandes e incompreensíveis no céu e na terra” (Jó 5,9), e ninguém pode penetrar as maravilhas de suas obras. Se fossem tais as obras de Deus, que facilmente as compreendesse a razão humana, não deveriam ser chamadas maravilhosas, nem inefáveis.

 
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Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro I [Primeira Definição do Erro]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!

Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, iremos hoje continuar à procura da verdade, conforme São Agostinho incita a nos questionar. No texto, abaixo, encerra-se a primeira fase da discussão. Ainda não temos a definição, talvez esta definição não seja o real foco a ser alcançado, de certo podemos ver que São Agostinho está lapidando o “como expressar”, o “como pensar”, “o como refletir” de seus amigos na filosofia.

Primeira Definição do Erro

Trigécio: – Parece-me que quem está em erro não vive segundo a razão nem é totalmente feliz. Ora, está em erro quem sempre busca, e não encontra. Logo, deves demonstrar-me uma destas duas coisas: ou quem está em erro pode ser feliz, ou que quem nunca encontrar o que procura não está em erro.

Licêncio: – Quem é feliz não pode estar em erro.

Depois de um longo silêncio, continuou: – Mas quem procurar não está em erro, pois procura para não errar.

Ao que retorquiu Trigécio: – Sem dúvida procura para não errar, mas como não encontra, não deixa de estar em erro. Julgaste favorecer tua posição dizendo que o homem não quer enganar-se, como se ninguém se enganasse sem querer, ou como se só nos enganássemos contra nossa vontade.

Vendo que o outro tardava a responder, ponderei: – Precisais definir o que é erro, pois podereis circunscrevê-lo tanto mais facilmente quanto mais profundamente penetrardes em sua natureza.

Licêncio: – Não sei dar definições, ainda que seja mais fácil definir o erro que acabar com ele.

Trigêcio: – Pois eu o definirei. Será muito mais fácil fazê-lo, não graças a algum talento que eu tenha, mas à excelência da causa. Errar é, na verdade, procurar sempre sem jamais encontrar.

Retrucou Licêncio: – Se eu pudesse facilmente refutar esta definição já teria ajudado muito a minha causa. Mas como o assunto em si é árduo, ou assim me parece, peço-vos que a discussão seja adiada para amanhã, se, apesar do meu esforço, não puder encontrar uma resposta hoje.

Julguei que devíamos atender o seu pedido, e como os demais não se opusessem, levantamo-nos e fomos passear. Conversamos sobre vários assuntos, enquanto Licêncio permanecia absorto em reflexão. Afinal, vendo que era inútil, preferiu relaxar o espírito e juntar-se à nossa conversa. Depois, já ao cair da tarde, os dois voltaram à mesma discussão. Mas eu os refreei e convenci-os a deixa-la para outro dia. E fomos aos banhos.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I – Prólogo | Livro I – Gênese Livro I – Primeira Discussão | Livro I – Procura da Verdade e Perfeição do Homem

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

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Oração ao Senhor da Vitória

icone de JesusQuando tudo desmorona em nossos projetos humanos, em nossos apoios terrestres; quando de nossos mais belos sonhos, resta apenas desilusão, quando nossos melhores esforços e nossa mais firme vontade não alcançam o objetivo proposto; quando a sinceridade e o ardor do amor nada conseguem, e o fracasso esta aí, desolador e cruel, frustando nossa mais belas esperanças, Tu permaneces, Senhor, indestrutível e forte, nosso amigo que tudo pode.

Teus desígnios permanecem intactos, nada pode impedir que Tua vontade se cumpra. Teus sonhos são mais belos que os nossos, e Tu os realizas.

Convertes os fracassos em um triunfo maior, nunca és vencido. Tu, que do puro nada fazes surgir o ser e a vida, toma nossa impotência em Tuas mãos criadoras, com infinito amor e as fazes produzir um fruto, obra Tua, melhor que todos os nossos
desejos. Em Ti, nossas esperanças se salvam do desastre e se cumpre em plenitude. Amém.

Ana Paula Missias – Equipe Blog Dominus Vosbiscum

Série Espiritualidade: “Do ardente amor e veemente desejo de receber a Cristo”

jesus-cristo-flageladoDo livro “A Imitação de Cristo”

Voz do discípulo: Com suma devoção e abrasado amor, com todo o afeto e fervor do coração, desejo receber-vos, Senhor, como muitos santos e pessoas devotas o desejaram, os quais vos agradaram principalmente pela santidade de sua vida e pela ardentíssima devoção que os animava. Ó Deus meu, amor eterno, meu único bem, bem-aventurança interminável! Desejo receber-vos com o mais ardente afeto e a mais digna reverência que jamais sentiu ou pôde sentir santo algum!

E ainda que seja indigno de todos esses sentimentos de devoção, ofereço-vos, todavia, o afeto do meu coração, como se eu só tivera todos aqueles gratíssimos e inflamados desejos. Mas tudo quanto pode conceber e desejar um coração piedoso, eu vo-lo dou e ofereço com profunda reverência e íntimo fervor. Nada quero reservar para mim, mas a mim, e tudo que é meu quero sacrificar-vos espontaneamente, de boa vontade, Senhor, Deus meu, Criador e Redentor meu! desejo receber-vos hoje com tal afeto e reverência, com tal louvor e honra, com tal agradecimento, dignidade e pureza, com tal fé, esperança e amor, como vos desejou e recebeu vossa Mãe Santíssima, a gloriosa Virgem Maria, quando, ao anjo que lhe anunciou o mistério da encarnação, humilde e devotamente respondeu: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra! (Lc 1,38).

E como vosso bem-aventurado precursor João Batista, o mais excelente dos santos, quando ainda estava nas entranhas maternas, exultou de alegria na vossa presença por impulso do Espírito Santo, e vendo-vos, meu Jesus, depois andar entre os homens com profunda humildade e devoto afeto dizia: O amigo do Esposo que está perto dele e o ouve regozija-se ouvindo a voz do Esposo (Jo 3,29); assim também eu quisera ser inflamado de veementes e santos desejos e entregar-me a vós de todo o meu coração. Por isso vos ofereço o júbilo de todas as almas devotas, seus abrasados afetos de amor, os êxtases de seu espírito, suas iluminações sobrenaturais e visões celestiais, e vo-las apresento com todas as virtudes e louvores que vos tributaram ou hão de tributar todas as criaturas do céu e na terra, por mim e por todos os que se recomendaram às minhas orações, para que sejais por todos dignamente louvado e para sempre glorificado.

Aceitai, Senhor, Deus meu, os votos e desejos de infinitos louvores e imensas ações de graças, que vos são justamente devidas, segundo a vossa inefável grandeza. Isso vos ofereço, e desejo oferecer cada dia e a cada momento, e convido com minhas súplicas e rogos todos os espíritos celestes e todos os vossos fiéis a vos agradecerem comigo e louvarem.

Louvem-vos todos os povos, tribos e línguas; com suma alegria e ardente devoção glorifiquem o vosso santo e dulcíssimo nome. E todos aqueles que com devoção e reverência consagram vosso augusto Sacramento e com viva fé o recebem, mereçam achar graça e misericórdia diante de vós e peçam a Deus humildemente por mim, pecador. E quando tiverem conseguido e desejada devoção e o gozo da união convosco e voltarem da mesa sagrada, consolados e maravilhosamente recreados, dignem-se lembrar-se também deste pobre.

 
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Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro I [Procura da Verdade e Perfeição do Homem]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!

Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, iremos hoje continuar à procura da verdade, conforme São Agostinho incita a nos questionar. Como veremos nos relatos, abaixo, hoje Licêncio e Trigécio discutem  e tentam definir, sob seus conceitos formados, o que é ou como é ser feliz sem ter todas as respostas. É possivel isso? A busca da verdade, pelo homem, já é o suficiente para nos tornar feliz?

Boa leitura!!!

Discussão entre Licêncio e Trigécio – Procura da verdade e perfeição do homem

Licêncio: – Vejo que insistes vivamente, e creio que também utilmente, que discutamos entre nós. Pergunto por que não pode ser feliz quem procura a verdade, embora não a encontre.

Trigécio: – Porque, a nosso ver, feliz é só o sábio perfeito em tudo. Ora, quem ainda procura não é perfeito. Portanto não entendo absolutamente como podes dizê-lo feliz.

Licêncio: – Aceitas a autoridade dos antepassados?

Trigêcio: – Não a de todos.

Licêncio: – De quais a admites?

Trigêcio: – A dos que foram sábios.

Licêncio: – Carnéades não te parece sábio?

Trigêcio: – Não sou grego; não sei quem foi este Carnéades.

Licêncio: – Então, o que achas do nosso Cícero?

Depois de silenciar por algum tempo, respondeu Trigécio: – Foi sábio.

Licêncio: – Portanto a sua opinião sobre o nosso assunto tem algum valor para ti?

Trigécio: – Tem.

Licêncio: – Então escuta a sua opinião, pois parece que a esqueceste. O nosso Cícero pensava que é feliz quem busca a verdade, ainda que não consiga encontra-la.

Trigécio: – Onde Cícero disse isso?

Licêncio: – Quem ignora que ele afirmou enfaticamente que o homem não pode saber nada ao certo e que a única coisa que resta ao sábio é buscar diligentemente a verdade, pois se der seu assentimento às coisas incertas, ainda que talvez sejam verdadeiras, não pode estar livre de erro, o que para o sábio é a falta máxima. Portanto, se, por um lado, devermos crer que o sábio é necessariamente feliz e, se por outro, só a procura da verdade constitui na sua perfeição o ofício da sabedoria, por que hesitaríamos em pensar que a felicidade da vida possa resultar da simples busca da verdade?

Perguntou Trigécio: – É lícito voltar às afirmações admitidas irrefletidamente?

Aqui intervim: 

– Só não costumo conceder isso àqueles que numa disputa são movidos não pelo desejo de encontrar a verdade, mas por uma vaidade pueril. Aqui entre nós, principalmente considerando que ainda estais em fase de formação e educação, não só é permitido, mas quero que tenhais como princípio voltar a discutir o que tiverdes admitido inadvertidamente.

Respondeu Licêncio:

– Não é um pequeno progresso na filosofia, penso eu, um contendor desprezar a vitória na busca do que é justo e verdadeiro. É, pois, com prazer que aceito o teu princípio e a tua opinião, e permito a Trigécio – pois isso depende de mim – voltar àquilo que pensa ter admitido irrefletidamente.

Aqui interveio Alípio:

– Haveis de convir comigo que ainda não chegou o momento de cumprir o meu papel. Mas como a minha partida, marcada já há tempo, me obriga a interromper minha função de juiz, aquele que a compartilha comigo não recusará, até minha volta, exercer o seu duplo papel! Pois vejo que a disputa se prolongará bastante.

Depois que ele saiu, disse Licêncio: – O que foi que você admitiu imprudentemente?

Trigécio: – Concedi irrefletidamente que Cícero foi sábio.

Retrucou Licêncio: – Então não foi sábio Cícero, ele que iniciou e aperfeiçoou a filosofia na língua latina?

Trigécio: – Mesmo concedendo que foi sábio, não aprovo tudo o que ele disse.

Licêncio: – Então terás de rejeitar muitas outras afirmações suas, se não quiseres parecer impertinente ao reprovar justamente a opinião de que se trata aqui.

Trigécio: – E se eu afirmar que só neste ponto ele não está certo? Parece que a única coisa que vos importa é o peso das razões que aduzo para provar o que pretendo.

Licêncio: – Continua. Como ousarei contrariar quem se declara adversário de Cícero?

Trigécio: – Quero que tu, nosso juiz, te lembres como há pouco definiste a vida feliz. Disseste que feliz era aquele que vive conforme aquela parte da alma que deve comandar todas as outras. Quanto a ti, Licêncio, quero que me concedas – pois em nome da liberdade que a filosofia promete dar-nos já sacudi o julgo da autoridade – que não é perfeito quem ainda procura a verdade.

Depois de um longo silêncio, retorquiu Licêncio: – Não concedo.

Trigécio: – Por quê? Explica-te. Sou todo ouvidos para saber como um homem pode ser perfeito, mas ao mesmo tempo ainda procurar a verdade.

Licêncio: – Concedo que quem não chegou ao fim não é perfeito. Mas, a verdade, acho que só Deus a conhece ou talvez também a alma humana, depois que deixou o corpo, este cárcere tenebroso. Mas o fim do homem é procurar perfeitamente a verdade. Procuramos o homem perfeito, mas sempre, homem.

Replicou Trigécio: 

– Portanto o homem não pode ser feliz. Como poderia sê-lo, se não pode conseguir o que tão ardentemente deseja? Mas não, o homem pode viver feliz, se pode viver segundo aquela parte da alma que deve dominar no homem. Portanto, pode encontrar a verdade. Ou então, se recolha em si mesmo e renuncie ao desejo da verdade para que , não podendo alcançá-la, não seja necessariamente infeliz.

Licêncio:

– Mas justamente esta é a felicidade do homem: buscar perfeitamente a verdade. Isso é chegar ao fim, além do que não se pode passar. Portanto, quem busca a verdade com menos esforço do que deve, não alcança o fim do homem, mas quem se aplica à sua busca com todo o esforço possível e necessário, mesmo que não a encontre, é feliz, pois age totalmente segundo o fim para o qual nasceu. Se não consegues, a falta vem da natureza, que não o permitiu. Finalmente, se todo homem é necessariamente feliz ou infeliz, não será loucura chamar infeliz aquele que dia e noite com todo o afinco procura a verdade? Logo é feliz. Além disso, creio que a nossa definição confirma a minha opinião, pois se é feliz, como de fato é, quem vive segundo aquela parte da alma que deve governar as outras e esta parte se chama razão, pergunto: não vive segundo a razão quem com perfeição busca a verdade? Seria absurdo negá-lo? Por que, então, hesitaremos em afirmar que basta a busca da verdade para tornar o homem feliz?

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I – Prólogo | Livro I – Gênese | Livro I – Primeira Discussão

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Série Espiritualidade: “Como devemos descobrir nossas necessidades a Cristo e pedir sua graça”

jesus-cristo-flageladoDo livro “A Imitação de Cristo”

Voz do discípulo: Ó dulcíssimo e amabilíssimo Senhor, a quem desejo agora devotamente receber, vós conheceis minha fraqueza e a necessidade que sofro; sabeis em quantos males e vícios estou emaranhado, quantas vezes estou oprimido, tentado, perturbado e manchado! A vós peço consolação e alívio. Convosco falo, meu Deus, que sabeis todas as coisas e a quem são manifestos todos os segredos do meu coração; vós sois o único que me pode perfeitamente consolar e socorrer. Sabeis os bens de que mais necessito e quão pobre sou em virtudes.

Eis-me aqui, diante de vós, pobre e nu, a pedir graça e implorar misericórdia. Fartai este vosso pobre mendigo, aquecei minha frieza com o fogo de vosso amor, iluminai minha cegueira com a claridade de vossa presença. Fazei que me seja amargo tudo o que é terreno, que leve com paciência as penas e contrariedades, e que despreze e esqueça todas as coisas caducas e criadas. Levantai o meu coração a vós no céu, não me deixeis vaguear na terra. Só vós, desde hoje para sempre, me sereis doce e agradável, porque só vós sois minha comida e bebida, meu amor e minha alegria, delícia minha e meu único bem.

Oh! se me inflamásseis todo com a vossa presença e me abrasásseis e transformásseis em vós, a ponto de tornar-me um só espírito convosco pela graça da união interior e a força do ardente amor! Não me deixeis sair de vossa presença seco e faminto, mas usai para comigo de vossa misericórdia, como tantas vezes admiravelmente fizestes com vossos santos. E que maravilha fora se todo me abrasasse em vós e me consumisse, sendo vós o fogo que sempre arde e nunca se apaga, o amor que purifica os corações e ilumina o entendimento?

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Evangelho: De volta ao redil do Pastor

bom pastorDo Evangelho Quotidiano

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se tresmalhar, não deixará as noventa e nove no monte, para ir à procura da tresmalhada? E, se chegar a encontrá la, em verdade vos digo: alegra-se mais com ela do que com as noventa e nove que não se tresmalharam. Assim também é da vontade de vosso Pai que está no Céu que não se perca um só destes pequeninos. (Mt 18,12-14)

Comentário feito por São João Eudes (1601-1680), presbítero, pregador, fundador de institutos religiosos (Exposição da fé ortodoxa 1, PG 95, 417-419)

Foste Tu, Senhor, que me fizeste nascer de meu pai e me formaste no seio de minha mãe (Sl 138,13); foste Tu que me trouxeste à luz como uma criança totalmente nua, porque as leis da nossa natureza obedecem perpetuamente às Tuas ordens. A minha vida e a minha existência não se devem à vontade do homem nem a um impulso da carne (Jo 1,13), mas à bênção do Espírito Santo e à Tua graça inexprimível. Tu preparaste o meu nascimento com uma delicadeza que está para além das leis da nossa natureza. Fizeste-me nascer adotando-me como Teu filho (Gl 4,5), e inscreveste-me entre os membros de Tua Igreja santa e imaculada.

Foste Tu que me alimentaste com o leite espiritual, isto é, o leite de Tuas palavras divinas. Foste Tu que me fortaleceste com um alimento sólido, o corpo de Jesus Cristo, nosso Deus, Teu único Filho, o santo, e me inebriaste com o cálice de Deus, quer dizer, a taça do Seu sangue que dá vida, e que Ele derramou para a salvação do mundo.

Tu amaste-nos, Senhor e deste o Teu Filho por nós, para nossa redenção, que Ele assumiu voluntariamente e sem resistência. […] Assim, ó Cristo, meu Deus, abaixaste-Te para me carregares nos Teus ombros, a mim, a ovelha perdida (Lc 15,5), e levaste-me a pastar em verdes prados (Sl 22,2); refrescaste-me nas fontes da verdadeira doutrina (ibid.) por intermédio dos Teus pastores, de quem Tu próprio foste pastor antes de lhes confiares o Teu rebanho.

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Dica de livro: A Fé Cristã Primitiva – Edição Master

cover_front_bigSe você tem uma grana disponível, gosta de estudar a doutrina católica, e desejar dar a si mesmo um excelente presente de fim de ano, deixo aqui a dica: A Fé Cristã Primitiva (Edição Master) do amigo Carlos Martins Nabeto.

Para quem não conhece, Carlos Nabeto é um dos pioneiros quando se fala de evangelização pela internet. Pelos idos dos anos 90, ele criou o site Agnus Dei, onde explicava a fé católica para os poucos navegantes da web. Com o tempo, ele se uniu a outros católicos e criou o site Veritatis Splendor que é referência para os católicos até hoje. Além disso, ele fez outros dois trabalhos que considero de altíssima relevância: Trouxe para internet (também junto com outros amigos) o conteúdo da revista Pergunte e Responderemos de Dom Estevão Bittencourt e criou o site Central de Obras do Cristianismo Primitivo, onde traduziu centenas de documentos da Igreja Primitiva para o português.

Neste livro o autor reúne em 700 páginas (é uma verdadeira enciclopédia), frases de grandes cristãos da Igreja Primitiva, sobre os assuntos polêmicos da nossa fé como: Maria, os Santos, as Sagradas Escrituras, a Santíssima Trindade, a Igreja, o Clero, os Sacramentos e muitos outros temas importantes para a nossa fé.

A ideia é mostrar para os católicos que a Igreja Católica Apostólica Romana permaneceu desde sempre fiel aos ensinamentos da fé católica. Ela sim é a verdadeira e única igreja! Eu tive a honra de fazer a capa deste livro e espero que vocês também gostem!

O livro está disponível apenas pela internet nos sites Clube de Autores e Agbook.

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Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro I [Primeira Discussão]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!

Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, iremos hoje ler o relato da primeira discussão entre Agostinho e seus amigos.

A temática desta discussão, resumidamente, é Felicidade x Verdade. Agostinho incita em seus amigos o quão paradoxal pode ser, dependendo das suas convicções e poder de defesa filosófica. Mas, sem perder as rédeas, Agostinho os conduzem no verdadeiro caminho. Ao longo destas discussões, iremos descobrir o real desejo de Agostinho. Boa leitura!

O problema: pode-se viver de modo feliz somente procurando a verdade, sem encontrá-la?

– Ao meu convite estávamos todos reunidos num lugar apropriado. Assim que pareceu oportuno, comecei:

– Duvidais de que devemos conhecer a verdade?

– De maneira alguma, disse Trigécio.

Outros deram sinal de que concordavam com ele.

– Mas se, continuei, mesmo sem a posse da verdade podemos ser felizes, ainda julgais necessário conhecer a verdade?

Aqui interveio Alípio:

– Nesta questão julgo que para mim é mais seguro o papel de juiz. Como tenho que ir à cidade, preciso ser desobrigado de função de tomar partido. Além disso, posso facilmente delegar a outro minha função de juiz que a de advogado de uma das partes. Portanto, não espereis de mim nada em favor de qualquer um dos dois lados.

Todos acederam ao seu pedido, e depois que eu repeti minha pergunta, disse a Trigécio:

– Certamente queremos ser felizes e se pudermos sê-lo sem a verdade, não precisamos procurá-la.

– Será mesmo? Disse eu. Julgais que podemos ser felizes mesmo sem ter encontrado a verdade?

– Sim, respondeu Licêncio, desde que busquemos a verdade.

Por um gesto pedi a opinião dos outros. Interveio Navígio:

– Impressionou-me o que disse Licêncio. Talvez viver  feliz consiste em viver em busca da verdade.

Disse Trigécio: – Define, então, o que é vida feliz, para que eu possa concluir o que responder.

Disse eu: – Pensas que viver feliz é outra coisa que viver conforme o que há de melhor no homem?

Replicou Trigécio: – Não falarei levianamente. Acho que deves definir o que é esse melhor.

– Quem duvida, disse eu, de que haja outra coisa melhor no homem do que aquela parte da alma à qual deve obedecer todo o resto do homem? Para que não peças nova definição, acrescento que esta parte da alma pode ser chamada de mente ou razão. Se discordas, vê como podes tu mesmo definir a vida feliz ou o que é o melhor no homem.

– Concordo com tua definição, disse Trigécio.

– Bem, tornei eu, voltando à nossa questão, parece-te que se pode viver feliz sem ter encontrado a verdade, mas como a condição de procurá-la?

Replicou Trigécio: – Mantenho a minha opinião: de maneira alguma.

– E vós, o que pensais? Indaguei.

Licêncio: – A mim me parece que sim, pois os nossos antepassados, que a tradição apresenta como sábios e felizes, viveram bem e felizes só porque procuravam a verdade.

– Agradeço a vós, respondi, por me terdes feito juiz junto com Alípio, a quem confesso, já começava a invejar. Pois um de vós acha que a vida feliz pode ser alcançada apenas pela procura da verdade, enquanto o outro sustenta que só a posse da verdade conduz à vida feliz. Navígio há pouco deu mostras de inclinar-se para a tua opinião, Licêncio. Estou muito curioso para ver como defendereis  vossas opiniões, pois a questão é de grande importância e digna de uma discussão séria.

– Se a questão é importante, exige grandes homens, advertiu Licêncio.

– Não procureis, repliquei eu, especialmente aqui nesta casa de campo, o que é difícil encontrar em qualquer parte do mundo. Explica, antes, o que dissestes, não sem reflexão, imagino, e a razão em que te apoias, pois é dedicando-se aos grandes problemas que os pequenos se engrandecem.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I – Prólogo | Livro I – Gênese

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

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