Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!
Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, iremos hoje nos deparar como São Agostinho nos definiria o que é Sabedoria. De certo, esta definição não é a sua definição, como mesmo ele nos relata, mas podemos tomá-la como nosso ponto de partida para crescermos.
Terceira Discussão – Definição da sabedoria proposta por Agostinho e objeções de Licêncio
Assim que clareou o dia – na véspera havíamos arranjado tudo para termos muito tempo de lazer – retornamos a discussão já iniciada. Comecei:
– Trigécio, ontem pediste que eu descesse da função de juiz para a de defensor da sabedoria, como se na vossa discussão a sabedoria tivesse um adversário a temer ou, por falta de um defensor, tivesse de implorar um auxílio maior. A única quesão que surgiu entre vós a ataca, visto que ambos a desejais. Depois, se julgas ter falhado na definição da sabedoria, nem por isso deves abandonar a defesa restante da tua opinião. Assim, terás de mim apenas a definição da sabedoria, que não é nem minha nem nova, mas vem dos antigos. Admiro-me de que não vos lembrais dela, pois não é a primeira vez que ouvis que a “sabedoria é a ciência das coisas humanas e divinas“.
Licêncio, que, após esta definição, eu esperava passaria longo tempo procurando a resposta, interveio imediatamente:
– Por que, então, não chamamos sábio aquele indivíduo devasso que bem conhecemos por toda sorte de desregramentos a que se entregava? Refiro-me a Albicério, que, em Cartago, por muitos anos, dava aos que o consultavam respostas admiravelmente corretas. Poderia lembrar inúmeros casos, se não estivesse falando a pessoas informadas. Poucos exemplos bastam para o meu propósito.
E dirigindo-se a mim:
– Não é verdade que, tendo-se perdido em casa uma colher, e sendo ele consultado por ordem tua, rapidíssima e certíssimamente respondeu não só o que se procurava, mas também nominalmente a quem pertencia e onde estava escondida? Deixo de lado o fato de que não sofria absolutamente nenhum engano naquilo que se lhe perguntava. Outra ocasião, presenciei o seguinte caso: um escravo, que levava certa quantidade de moedas, roubara uma parte delas, enquanto nos dirigíamos a Albicério. Este mandou que fossem contadas as moedas e ante nossos olhos obrigou o escravo a devolver aquelas que roubara, antes que ele mesmo tivesse visto as moedas ou ouvido de nós quanto tinha sido roubado.
– Não nos falaste também de um fato que deixou pasmado um homem tão douto e ilustre como Flaciano? Estando este negociando a compra de um sítio, consultou aquele adivinho, pedindo que, se possível, lhe dissesse o que havia feito. Este imediatamente não só descreveu o tipo de negócio, mas, para grande espanto de Flaciano, também pronunciou o nome do sítio, tão complicado que nem o próprio Flaciano dele se lembrava. Não é sem espanto que lembro a resposta que Albicério deu a um amigo nosso, discípulo teu, que, para confundí-lo, lhe perguntou insolenemente em que ele, interrogador, em que ele estava pensando naquele momento. Respondeu-lhe o adivinho que estava pensando num verso de Virgílio. Como, estupefato, não pudesse negá-lo, nosso amigo prosseguiu perguntando qual era o verso. E Albicério, que só de passagem vira uma escola gramatical, não hesitou, seguro e gárrulo, em recitá-lo. Não era sobre coisas humanas que o adivinho era consultado, ou respondeu com tanta verdade e certeza às consultas sem uma ciência das coisas divinas? As duas hipóteses são absurdas. Pois as coisas humanas nada mais são que as coisas dos homens, como prata, moedas, sítio e até o próprio pensamento. E quem negará que é pelas coisas divinas que o homem adivinha? Portanto Albicério foi sábio, se, conforme admitimos, a sabedoria é a ciência das coisas humanas e divinas.
(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis – Suma Teológica – Ordem de Santo Agostinho – Patrística vol.24)
Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I – Prólogo | Livro I – Gênese | Livro I – Primeira Discussão | Livro I – Procura da Verdade e Perfeição do Homem | Livro I – Primeira Definição do Erro | Livro I – Segunda Discussão
Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!
Reblogged this on Grupo de Jovens de Anjoe comentado:
Santo Agostinho de Hipona, merece ser sempre mencionado!
Rogai por nós!
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