Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro II [Segundo Prólogo a Romaniano]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!

Primeiramente, começo este post externando todo o meu sentimento de perda aos familiares e amigos das pessoas que perderam suas vidas na tragédia em Santa Maria-RS. Nestas horas, por mais que tenhamos o dom da oratória, todas as palavras são simplórias diante a dor da perda. De certo, tenho que Deus proverá o verdadeiro bálsamo e os consolará de modo único! Que Maria Santíssima possa nos colocar em seu colo maternal para que nós, vossos filhos, possamos nos sentir aconchegados e protegidos em meio a esta dor.

Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, iremos hoje iniciar a leitura do Livro II. São Agostinho, remete este material, a Romaniano, para que ele se edifique na filosofia. Este prólogo será subdivido em três partes a fim de que possamos melhor compreender o sentido de Agostinho para com Romaniano. Boa leitura a todos!

Segundo prólogo a Romaniano
Obstáculos sobre o caminho em direção

1 – Se fosse tão necessário encontrar a sabedoria quando procurada, quanto, para ser sábio, é necessário possuir a sua disciplina e ciência, certamente toda a falsa sutileza, a obstinação, a teimosia dos Acadêmicos, ou, como por vezes penso, as razões válidas para o seu tempo, teriam sido sepultadas com a época e os corpos de Carnéades e de Cícero. Mas, seja em razão das múltiplas e variadas vicissitudes desta vida, como tu mesmo podes experimentar, Romaniano, seja por certo entorpecimento, apatia e indolência dos espíritos, seja por causa da desesperança de encontrar a verdade, pois a estrela da sabedoria não brilha tão facilmente à mente como esta luz material aos nossos olhos, seja ainda – e este erro é muito comum entre os povos – pelo fato de que os homens erroneamente imaginam ter encontrado a verdade, deixam de buscá-la com diligência, se é que a buscam, e facilmente perdem a vontade de procurá-la, ocorre que a ciência é rara e quinhão de poucos. Por isso homens nada medíocres, mas argutos e bem-informados, julgam que as armas dos Acadêmicos, quando se trata de enfrentá-los, são invencíveis e como que forjadas por Vulcano. Considerando tudo isso, contra tais ondas e tempestades da fortuna devemos lutar com os remos de todas as virtudes e sobretudo implorar o auxílio divino com toda a devoção e piedade, a fim de que o firme propósito de nos dedicar ao estudo da sabedoria siga o seu curso, sem que nenhum acaso o impeça de alcançar o seguríssimo e dulcíssimo porto da filosofia. Esta é a tua primeira tarefa. Daqui meu receio por ti, daqui meu desejo de libertar-te. Para isso todos os dias – se é que sou digno de ser atendido – em minhas preces não cesso de implorar ventos favoráveis para ti. Minhas preces se dirigem ao próprio poder e sabedoria de Deus altíssimo. Pois não é esta que os mistérios nos apresentam como filho de Deus?

2 – Muitos me ajudarás nas minhas orações por ti, se não desesperares de que possamos ser ouvidos e unires teus esforços aos nossos não só pelos desejos, mas também pela vontade e por aquela tua natural elevação de espírito que me atrai a ti, que me encanta singularmente e que não cesso de admirar, mas que, infelizmente, como o raio pelas nuvens, está envolto pelas preocupações domésticas e assim permanece oculto aos olhos de muitos, ou de quase todos. Todavia, não pode passar despercebido de mim e de um ou outro de teus amigos mais íntimos, nós que muitas vezes não só ouvimos atentamente os teus rumores, mas também vimos alguns clarões precursores do raio. Pois, para calar todo o resto e lembrar apenas um fato, quem alguma vez trovejou tanto e tão subitamente e brilhou com tanta claridade de espírito, que um só estrondo da razão e um só clarão de temperança destruiu radicalmente um só dia a impetuosíssima paixão que na véspera ainda te dominava? Tardará ainda esta virtude a resplandecer e a transformar o riso de tantos descrentes em horror e estupefação? Depois de manifestar aqui na terra, por assim dizer, certos presságios futuros, não rejeitará ela todo o peso de todas as coisas corporais, e se lançará ao céu? Serão vãs as esperanças que Agostinho tinha de Romaniano? Não o permitirá aquele a quem me entreguei totalmente e comecei a conhecer um pouco.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

19 comentários sobre “Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro II [Segundo Prólogo a Romaniano]

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