Um santo que calava Júpiter

Relevo na igreja de Saint Sernin de Daumazan-sur-Arize, datado do século XII e representando o martírio de São Saturnino - Nela vemos um touro arrastando o santo.

Relevo na igreja de Saint Sernin de Daumazan-sur-Arize, datado do século XII e representando o martírio de São Saturnino – Nela vemos um touro arrastando o santo.

São Saturnino de Tolosa (ou de Toulouse) – morto em naquela cidade em 257 – foi um missionário romano que pregou nas Gálias, Pirenéus e Península Ibérica. É um dos chamados “Apóstolos para os gauleses”, que foi enviado para cristianizar a Gália (provavelmente pelo Papa Fabiano) depois das perseguições durante o consulado de Décio e Gratus (250-251) terem feito desaparecer todas as comunidades cristãs exceto as mais pequenas. São Fabiano enviou sete bispos de Roma para a Gália para pregar os Evangelhos: São Gatianus para Tours, São Trophimus para Arles, São Paulo para Narbona, Santo Austremónio para Clermont-Ferrand, São Denis para Paris, São Marçal para Limoges e São Saturnino para Toulouse.

Os Atos de São Saturnino descrevem o martírio de Saturnino. Já em Tolouse, no caminho para a sua igreja, Saturnino passava em frente ao capitólio (no local onde atualmente se situa a Praça Esquirol), onde havia um templo dedicado a Júpiter Capitolino. Os sacerdotes pagãos atribuíam o silêncio dos seus oráculos à presença frequente de Saturnino, ou seja, desde que ele chegara a cidade os ídolos emudeceram. Um dia, quando Saturnino passava perto do altar pagão, onde um touro estava prestes a ser sacrificado, um homem na multidão apontou para o santo dizendo:

Eis aquele que prega em todo o lado que os nossos templos devem ser derrubados e se atreve a chamar demônios aos nossos deuses! É a presença dele que impõe o silêncio aos nossos oráculos!

A multidão cercou Saturnino, prendeu-o com cadeias e arrastou-o para o topo do capitólio, onde lhe ordenaram que oferecesse sacrifícios aos ídolos pagãos e renunciasse a pregar Jesus Cristo. Com a ajuda de um anjo que lhe apareceu, o santo recusou firmemente, dizendo:

Conheço apenas um Deus, o único verdadeiro; só a Ele oferecerei sacrifícios no altar do meu coração… Como posso eu recear deuses que vós próprios dizeis que têm medo de mim?

Saturnino foi então atado a um touro pelos pés e arrastado pela escadaria do capitólio, tendo ficado com a cabeça e outras partes do corpo despedaçadas. O corpo só parou de ser arrastado quando a corda que o prendia se partiu. Duas jovens cristãs (puellae em latim), que ficaram conhecidas como Les Puelles ou SantasPuelles, recolheram devotadamente os restos do santo e sepultaram-no numa “vala profunda”, para que não fossem profanados pelos pagãos.

A sepultura esteve supostamente esquecida durante um século após a morte do santo, e quando foi descoberta, Hilário, bispo de Toulouse entre 358 e 360, mandou construir uma pequena capela ou oratório em madeira no local para guardar as relíquias. Atualmente encontra-se no local a Igreja de Notre-Dame du Taur (Nossa Senhora do Touro), uma construção gótica do século XIV que substituiu edifícios mais antigos.

São Saturnino, rogai por nós!

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