Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro II [Importância do problema da possibilidade de encontrar a verdade]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês! Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, hoje iremos, dar continuidade a discussão da temática abordada nos capítulos anteriores. Boa leitura!

Discussão entre Agostinho e Alípio – Importância do problema da possibilidade de encontrar a verdade

Alípio: – Gostaria, pois, que dissesses bom acusador dos Acadêmicos, qual é o teu papel, ou seja, em favor de quem os atacas. Receio que, ao refutar os Acadêmicos, queiras mostrar-te um Acadêmico.

Respondi: – Bem sabes, creio que há duas espécies de acusadores. Pois se Cícero disse com excessiva modéstia que era acusador de Verres, para ser defensor dos Sicilianos, daqui não se segue que quem acusa alguém necessariamente esteja defendendo um outro.

Alípio: – Tens pelo menos algum fundamento onde apoiar a tua opinião?

Respondi: – É fácil responder a esta pergunta, sobretudo porque ela não me colhe de surpresa. Já refleti muito e longamente sobre todas essas questões. Por isso, Alípio, ouve o que, segundo creio, já sabes muito bem. Não quero que esta discussão prossiga só pelo prazer de discutir. Bastam o que ensaiamos com estes jovens, quando a filosofia, por assim dizer, brincou livremente conosco. Deixemos de lado as fábulas infantis. Trata-se da nossa vida, dos costumes e da alma. Esta espera supera os perigos de todas as falácias e depois de abraçada a verdade, como que voltando a região da sua origem, triunfar sobre as paixões e assim, desposando a temperança, reinar, mais segura de voltar ao céu. Entendes o que quero dizer. Abandonemos tudo isso. “É preciso preparar as armas para um valente guerreiro”. Não há nada que eu tenha desejado menos que ver surgir entre os que tanto tempo conviveram e conversaram entre si algo que dê origem a um novo conflito. Mas por causa da memória, que é guarda infiel das coisas que pensamos, quis que fossem recolhidas por escrito as questões que frequentemente tratamos entre nós para que estes jovens aprendam a refletir sobre estes assuntos e, ao mesmo tempo, se exercitem no ataque e na defesa.

Não sabes, pois, que ainda não tenho nada como certo e que os argumentos e disputas dos Acadêmicos em impedem de procura-lo? Pois não sei de que modo me fizeram admitir como provável, para não fugir da sua expressão, que o homem não pode encontrar a verdade. Isso me deixara preguiçoso e indolente e eu não ousava buscar o que homens tão inteligente e doutos não conseguiram encontrar. Se não conseguir convencer-me da possibilidade de descobrir a verdade tão fortemente quanto os Acadêmicos estavam convencidos do contrário, não ousarei procurar e não tenho nada a defender. Portanto, deixa de lado a tua pergunta, por favor. Discutamos, antes, entre nós, com toda a perspicácia, se é possível encontrar a verdade. De minha parte, creio ter já muitos argumentos contra a doutrina dos Acadêmicos. Por hora a nossa diferença de opinião se reduz a isto: Eles acham provável que não se pode encontrar a verdade e eu julgo provável que se pode encontra-la. Pois a ignorância da verdade me é particular, se eles fingiam, ou então é comum a mim e a eles.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I | Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P. I |Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P.II | Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P.III | Livro II – Síntese da Doutrina Acadêmica | Livro II – Gênese da nova Academia e sua relação com a antiga | Livro II – Verossimilhança e conhecimento do verdadeiro

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

Valeu Osasco! Obrigado por tudo!

OSASCO2

Agora o Blog Dominus Vobiscum muda de cidade sede: Saindo de Osasco e chegando em breve no Guarujá!

Deus tem um jeito estranho de nos formar. Vai nos arrastando daqui pra lá, de lá pra cá… Ai de repente nos faz parar. Depois começa a desistalar o cristão novamente. Não sei se com você amigo leitor Deus usa desta “dinâmica formativa”, mas comigo ele tem feito isto desde que nasci. Ele nunca me permitiu criar raízes em um lugar. Quando nasci meus pais moravam em Ouro Preto. Depois Casa Amarela. Ai veio Casco da Gama, San Martin, Rio Doce, Janga, Arruda e Janga de novo. Tudo isso lá pelas bandas da Região Metropolitana de Recife.

Então virei missionário e a coisa piorou. Palmas, Queluz, Cachoeira Paulista, Rio de Janeiro, Brasília, Cachoeira Paulista (o retorno), Cuiabá, Roma, Cachoeira Paulista (a volta dos que não foram) e São Paulo. Depois de 11 anos sai da comunidade Canção Nova e achei que a peregrinação iria terminar. Grande engano…

Não que não tenha sido bom. Vivi momentos maravilhosos por onde andei. Conheci lugares fantásticos e pessoas muito especiais. Mas é muito ruim criar laços com pessoas boas e depois ter que dizer tchau. Quem vive esse tipo de situação como eu já vivi tantas vezes, até se esquiva de criar tantos laços, por que no final das contas acabamos indo embora para viver outras paisagens e momentos e a palavra saudade acaba fazendo parte do nosso dia a dia.

Estou escrevendo este prólogo enorme para na verdade dizer um muito obrigado a Cidade de Osasco, lugar onde vivi desde que sai da Comunidade Canção Nova. Agora estou mudando para o Guarujá, para viver mais uma nova etapa das minhas andanças errantes. Foi em Osasco que eu recomecei a vida após 11 anos como missionário. Foi em nesta cidade que eu aluguei a pequena casinha (com apenas um colchão, uma geladeira e um fogão). Foi aqui que na luta junto com minha mãe, consegui comprar todos os móveis da casa. Foi aqui que consegui terminar o técnico de Editor de Vídeotape, e que passei no vestibular de Filosofia. Também foi em Osasco o lugar onde eu morava quando fiquei em 2º lugar no prêmio Top Blog 2011.

Foi na Matriz de Santa Isabel que noivei, e na Capela de Nossa Senhora das Graças (no Jardim Roberto) que disse o sim definitivo a minha esposa. Esta cidade ficará marcada para sempre no meu coração pois momentos como estes na nossa vida são inesquecíveis.

Porém como sempre dizia, o melhor de Osasco são as pessoas que moram nesta cidade: acolhedoras, prestativas, amigas, muito fraternas. Certamente muitas destas pessoas com quem convivi vão deixar saudades.

Quero mais do que agradecer, quero clamar a Deus por cada pessoa que passou pela minha vida e dos meus familiares. Em especial quero agradecer aos padres Henrique Silva, Emerson Borgonovi, Adilson Rampaso e Douglas Pinheiro, por toda a formação que recebi, pela acolhida e pela amizade.

Quero agradecer ao pessoal da Pascom Diocesana e da Pascom da Paróquia Santa Isabel pelos belíssimos trabalhos que fizemos juntos. Agradecer a todos que cantaram comigo nos diversos Ministérios de Música, pelas pessoas que nos acolheram em suas casas para rezarem o Terço com a Imagem de Nossa Senhora da Visitação, e àqueles que participaram das Celebrações da Palavra em que estive presente. A todos o meu muito obrigado pela amizade, pelo carinho e pela partilha.

Quero também prestar uma homenagem especial a algumas pessoas que durante este tempo tornaram minha vida mais bacana: Dona Ivone, Duda, Almir, Camila e Isaac. Antônio Carlos e Patrícia. Dona Luci, Cris (madrinha da Amanda) e Lúcia (minha madrinha). E claro, não posso esquecer de Dona Neuza e Família, nem da Doutora Cecília, do Mauricio e da Marli.

Estes são apenas alguns nomes, mas a todos os paroquianos da Santa Isabel, os amigos da Prefeitura de Osasco e das pessoas que conivi de modo geral, saibam que contam com a minha gratidão e o meu sincero carinho.

Agora sigo para uma nova etapa, um novo tempo. Ainda não sei o que me aguarda e nem o que me espera. Porém, aquele que tem Deus nunca anda sozinho. Ele é o nosso escudo e a nossa fortaleza. Ele é nosso amparo e nosso socorro. Ele é nossa alegria.

Continuamos amigos (e agora com os meios de comunicação social isso fica mais fácil), porém a distância. Já não nos encontraremos casualmente com a mesma frequência. Não nos encontraremos mais no famoso 0009-2 (Cidade das Flores), mas em cada Eucaristia Celebrada, o Cristo nos Une a todos no Amor e na Fração do Pão. Não posso deixar de pedir também publicamente perdão caso haja machucado alguém. Mesmo a distância ainda há tempo para a reconciliação.

Que Deus nos abençoe e nos conduza pelas suas veredas. Agora este blog muda oficialmente de sede. Sai de Osasco e vai pro Guarujá.  Em breve agente conversa diretamente do litoral para o mundo…

Valeu Osasco! Dominus Vobiscum!

Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro II [Verossimilhança e conhecimento do verdadeiro]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!

Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, hoje iremos, dar continuidade ao entendimento do capítulo anterior ( Gênese da nova Academia e sua relação com a antiga ). Aqui, São Agostinho inicia a demonstrar como a nova e a velha Academia são “quase” a mesma coisa.

Outro ponto interessante, será o convite de Trigécio a Alípio para que entre na discussão a fim de defender a Academia e tentar derrubar as afirmativas de São Agostinho.

Boa leitura!

Verossimilhança e conhecimento do verdadeiro

16 – Tomei então a palavra:

                – Licêncio, até quando continuarás parado nesta conversa que já se prolonga mais do que eu esperava? Ouviste quem são os teus Acadêmicos?

                Sorrindo envergonhado e um tanto perturbado pela minha interpelação, disse ele:

                – Arrependo-me de ter sustentado com tamanha ênfase contra Trigécio que a vida feliz consiste na busca da verdade. Pois esta questão de tal modo me perturba que se não chego a ser infeliz, certamente devo ser considerado digno de pena por vós, se tendes algum sentimento de humanidade. Mas por que me atormento tolamente? Por que me abalar se me apoio numa causa tão boa? Só cederei à verdade.

                – Agradam-te os novos Acadêmicos? – disse eu.

                – Muitíssimo – respondeu Licêncio.

                – Logo te parecem dizer a verdade? Retruquei.

                Licêncio já estava para concordar, mas, ao ver o sorriso de Alípio, tornou-se mais cauteloso, hesitou um pouco e disse:

                – Repete a pergunta!

                Respondi:

                – Crês que os Acadêmicos dizem a verdade?

                Depois de novo prolongado silêncio, Licêncio respondeu:

                – Não sei se é a verdade, mas é provável. Já não vejo mais o que seguir.

                Disse eu:

                – Sabes que eles chamam o provável de verossímil?

                Licêncio:

                – Assim parece.

                – Portanto, a opinião dos Acadêmicos é verossímil? Indaguei eu.

                – Sim, respondeu ele.

                Continuei eu:

                – Presta atenção ao seguinte: se alguém, ao ver teu irmão, afirma que ele é semelhante ao teu pais, que não conhece, não te parece que tal pessoa é louca ou tola? Licêncio permaneceu calado certo tempo e por fim respondeu: – Isso não me parece absurdo.

17 – Quando ia começar a responder-lhe, ele atalhou:

                – Espera um pouco. E sorrindo:

                – Dize-me, já estás certo da tua vitória?

                – Suponhamos que sim, disse eu. Mas nem por isso deves abandonar a tua causa, tanto menos que a nossa discussão foi travada com a finalidade de exercitar-te e de aperfeiçoar o teu espírito.

Licêncio:

                – Porventura li eu os Acadêmicos, ou fui formado em todas estas disciplinas com as quais me enfrentas?

                – Nem aqueles que por primeiro defenderam esta opinião tinham lido os Acadêmicos. E se te falta a informação e a riqueza de muitos conhecimentos, nem por isso a tua inteligência há de ser tão impotente que logo sucumba ao ímpeto das minhas poucas palavras e perguntas. Já estou começando a recear que Alípio venha a substituir-te antes que eu queria, adversário contra o qual não avançarei com tanta segurança.

Licêncio:

                – Então, oxalá seja eu vencido logo para que finalmente vos ouça e mais do que isso, vos veja disputando, pois nada me daria mais prazer que esse espetáculo. Preferistes recolher esses discursos a espalhá-los, pois o estilo recolhe o que sai da boca, para que nada caia por terra, como se diz. Com isso também poderei ler-vos. Mas, não sei por que, quando se têm diante dos olhos os adversários que discutem entre si, uma boa disputa penetra o espírito, se não com mais proveito, certamente com mais agrado.

18 – Agradecemos-te, disse eu. Mas a tua súbita alegria fez com que deixasses escapar imprudentemente a opinião de que nenhum espetáculo te poderia ser mais agradável. Que seria, então, se visses indagando a verdade e discutindo conosco teu pai, a quem, depois de tão prolongada sede, ninguém superaria no ardor para abeberar-se nas fontes da filosofia? Se já para mim isso seria o cúmulo da felicidade, o que não sentirias e dirias tu?

                A estas palavras Licêncio não conteve as lágrimas. Quando pôde falar, ergueu as mãos, olhou para o céu e exclamou:

                – Quando, meu Deus, verei isso? Mas não há nada que não se possa esperar de ti!

Estávamos quase todos com os olhos rasos d’água, a ponto de esquecer a discussão, quando eu, lutando comigo mesmo, mal me contendo, disse:

                – Coragem, recobre tuas forças! Já muito antes eu te advertira que te preparasses em vista de tua futura defesa da Academia. Não creio, pois, que “antes do som da trombeta o tremor se apodere de teus membros”, ou que o desejo de ver os outros combaterem te faça tão rapidamente querer ser prisioneiro.

                Então Trigécio, ao ver-nos de semblantes já serenados, disse:

                – Por que este homem tão virtuoso não desejaria que Deus lhe conceda este favor antes de tê-lo pedido? Acredita-me, Licêncio, como não encontras o que responder e ainda desejas ser vencido, parece ter pouca confiança.

Todos rimos. E Licêncio retrucou:

– Fala, então, tu que és feliz sem encontrar a verdade, e certamente sem procurá-la.

19 – Divertiu-nos a jovialidade dos rapazes. Prossegui eu:

                – Volta à minha pergunta e segue com mais firmeza e vigor, se puderes.

                Licêncio:

                – Estou pronto em quanto posso. Pois bem, se o homem que viu meu irmão soube por ouvir dizer que ele é parecido com o pai, pode ser considerado louco ou tolo, se acreditar?

                – Mas pelo menos pode ser considerado insensato? Perguntei

                Licêncio:

                – Não, desde que não afirme sabe-lo.  Pois se considera provável o que ouviu repetir, não pode ser acusado de temeridade.

                Continuei:

                – Examinemos um pouco a questão em si e representemo-la aqui ante nossos olhos. Suponhamos que o tal homem de que falamos está presente aqui. Aparece teu irmão. Nosso homem indaga:

                – De quem é filho este rapaz?

                – De certo Romaniano, respondem-lhe.

                – Como é parecido com o pai! Exclama o homem. Era bem verdade o que me dissera.

Então tu ou algum outro pergunta:

                – Então conheces Romaniano?

                Responde o homem:

                – Não o conheço, mas parece-me que seu filho é parecido com ele.

                Poderá alguém conter o riso diante disso? Licêncio:

                – Certamente que não.

                – Logo, já vês a consequência que daqui segue, continuei.

                Licêncio:

                – Já faz tempo que a vejo. Todavia gostaria de ouvir de ti a conclusão, pois é necessário que comeces a alimentar a quem aprisionaste.

                Respondi eu:

                – Por que não o faria eu? A própria evidência clama que de maneira semelhante devemos rir dos teus Acadêmicos que afirmam seguir na vida o que se assemelha à verdade, quando ignoram a própria verdade.

Intervenção de Trigécio e convite a Alípio para que tome as defesas dos Acadêmicos

20 – Tomou a palavra Trigécio:

                – A precaução dos Acadêmicos parece-me muito diferente da tolice do homem de que falaste. Pois é através de raciocínios que eles chegam ao que dizem ser verossímil, enquanto aquele insensato seguiu a fama, cuja autoridade é a coisa mais desprezível.

                – Como se não fosse mais tolo, intervim eu, se ele dissesse: não conheço o pai dele nem soube por ouvir dizer quão semelhante é o filho ao pai, contudo acho que é parecido.

                Trigécio:

                – Sem dúvida, seria mais tolo. Mas a que vem isso?

                – Tais são, respondi, aqueles que dizem: não conhecemos a verdade, mas o que vemos é semelhante ao que não conhecemos.

                Trigécio:

                – Provável, dizem eles.

                Repliquei: Como dizes isso? Negas que eles falam de verossímil?

                Trigécio:

                – Só quis dizer isso para excluir a comparação. Pois me parece que a noção da fama ou ouvir dizer foi indevidamente introduzida em nossa questão, visto que os Acadêmicos não se fiam nem dos olhos humanos, muito menos do mil fantásticos olhos da fama, no dizer dos poetas. Mas afinal serei eu o defensor da Academia? Ou nesta questão tendes inveja da minha segurança? Aqui está Alípio. Oxalá sua chegada nos dê folga. Já há tempo sabemos que não é sem razão que o temes.

21 – Segue-se um silêncio, e os dois fixaram o olhar em Alípio, que disse:

                – Eu quisera, certamente, na medida das minhas forças, ajudar, a vossa causa, se vossa sorte não me fosse motivo de temor. Mas, se não me enganar a esperança, facilmente afugentaria este temor. Consola-me ao mesmo tempo o fato de que o atual adversário dos Acadêmicos quase assumiu o encargo de Trigécio vencido, e agora segundo admitis, é provável a sua vitória. O que mais receio é não poder evitar a acusação, por um lado, de negligência por abando o do meu ofício e, por outro, de presunção por invadir uma função alheia, pois creio que não esquecestes  de me terdes confiado o papel de juiz.

                Trigécio:

                – São duas coisas diferentes. Por isso te pedimos aceitar ser desonerado por um momento do encargo de juiz.

                – Não me recusarei, respondeu Alípio, para que não aconteça que, desejando evitar a presunção e a negligência, caia no orgulho, o mais horrível dos vícios, se conservasse mais tempo que o permitis, a honra que me concedestes.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

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Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro II [Gênese da nova Academia e sua relação com a antiga]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!

Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, hoje iremos, de uma forma direta, resumir as posturas defendidas entre a antiga e nova Academia. São Agostinho nos coloca alguns novos “personagens” que julgo necessário uma breve introdução:

Arcesilau de Pitana, filósofo acadêmico cético e fundador da chamada “segunda” ou “média” Academia.

Antíoco de Ascalona, fundou uma escola denominada de Academia “antiga”, em contraposição à Academia cética

Filo de Larissa, escolarca (podemos entender como um reitor) da Academia de Atenas.

Gênese da nova Academia e sua relação com a antiga

14 – Depois que nos alimentamos o suficiente para satisfazer a fome, voltamos ao campo. Retomou Alípio:

   – Obedecerei ao teu desejo, nem ousaria recusar-me. Se nada omitir, será graças ao teu ensinamento, como também à minha memória, e se talvez cometer algum erro, tu me corrigirás, para que no futuro eu não tema assumir tarefa semelhante.

Parece-me que a dissidência que deu origem à nova Academia não se dirigia tanto contra a doutrina antiga como contra os estóicos. Nem se pode considerá-la como uma dissidência, porque se tratava apenas de refutar e discutir uma nova opinião introduzida por Zenão. Pois não foi sem razão que se pensou que a doutrina do não conhecimento da verdade, ainda que não fosse objeto de controvérsias, não era estranha aos antigos Acadêmicos. Isso pode ser facilmente provado pela autoridade do próprio Sócrates, de Platão e dos outros antigos. Estes acreditaram poder guardar-se do erro na medida em que não dessem seu assentimento temerariamente. Todavia não introduziram nas escolas a discussão dessa questão nem pesquisaram especificamente se era ou não possível conhecer a verdade. Este foi o novo problema bruscamente lançado por Zenão, afirmando que só se podia conhecer aquilo que tal modo é verdadeiro que se distingue do falso por marcas de dessemelhança, e que o sábio não devia opinar. Tenho ouvido isso, Arcesilau negou que o homem pode encontrar algo do gênero, dizendo que a vida do sábio não devia ser exposta ao naufrágio da opinião. Donde concluiu que não se deve dar assentimento a nada.

15 – Mas quando a Academia antiga parecia mais favorecida que combatida, surgiu Antíoco, discípulo de Filo, que, na opinião de muitos, mais ávido de glória que de verdade, pôs em conflito as doutrinas das duas Academias.

Dizia que os novos Acadêmicos tinham tentado introduzir uma doutrina insólita e muito afastada da dos Acadêmicos antigos. Em favor da sua posição, aduziu o testemunho dos antigos físicos e de outros filósofos. Atacava também os Acadêmicos, que afirmavam seguir o verossímil, quando confessavam ignorar a própria verdade. Também havia reunido grande número de argumentos, que julgo poder omitir aqui. Todavia não defendia nada com mais afinco que a opinião de que o sábio pode conhecer a verdade. Acho que foi esta a controvérsia entre os antigos e os novos Acadêmicos. Se não for assim, rogo-te que informes com toda a exatidão a Licêncio, o que te peço em meu e seu nome. Se, ao contrário, as coisas são como expus, prossegui na discussão que iniciastes.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I | Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P. I |Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P.II | Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P.III | Livro II – Síntese da Doutrina Acadêmica

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

Série Espiritualidade: “Regra de São Bento”

stbenedictCapítulo 26 – Dos que sem autorização se juntam aos excomungados

1. Se algum irmão ousar juntar-se, de qualquer modo, ao irmão excomungado sem ordem do Abade, ou de falar com ele ou mandar-lhe um recado, 2. aplique-se-lhe o mesmo castigo de excomunhão.

Capítulo 27 – Como deve o Abade ser solícito para com os excomungados

1. Cuide o Abade com toda a solicitude dos irmãos que caírem em faltas, porque “não é para os sadios que o médico é necessário, mas para os que estão doentes”. 2. Por isso, como sábio médico, deve usar de todos os meios, enviar “simpectas”, isto é, irmãos mais velhos e sábios 3. que, em particular, consolem o irmão flutuante e o induzam a uma humilde satisfação, o consolem “para que não seja absorvido por demasiada tristeza”, 4. mas, como diz ainda o Apóstolo, “confirme-se a caridade para com ele”, e rezem todos por ele.

5. O Abade deve, pois, empregar extraordinária solicitude e deve empenhar-se com toda sagacidade e indústria, para que não perca alguma das ovelhas a si confiadas. 6. Reconhecerá, pois, ter recebido a cura das almas enfermas, e não a tirania sobre as sãs; 7. tema a ameaça do profeta, através da qual Deus nos diz: “o que víeis gordo assumíeis e o que era fraco lançáveis fora”. 8. Imite o pio exemplo do bom pastor que, deixando as noventa e nove ovelhas nos montes, saiu a procurar uma única ovelha que desgarrara, 9. de cuja fraqueza a tal ponto se compadeceu, que se dignou colocá-la em seus sagrados ombros e assim trazê-la de novo ao aprisco.

Capítulo 28  – Daqueles que muitas vezes corrigidos não quiserem emendar-se

1. Se algum irmão freqüentes vezes corrigido por qualquer culpa não se emendar, nem mesmo depois de excomungado, que incida sobre ele uma correção mais severa, isto é, use-se o castigo das varas. 2. Se nem assim se corrigir, ou se por acaso, o que não aconteça, exaltado pela soberba, quiser mesmo defender suas ações, faça então o Abade como sábio médico: 3. se aplicou as fomentações, os ungüentos das exortações, os medicamentos das divinas Escrituras e enfim a cauterização da excomunhão e das pancadas de vara 4. e vir que nada obtém com sua indústria, aplique então o que é maior: a sua oração e a de todos os irmãos por ele, 5. para que o Senhor, que tudo pode, opere a salvação do irmão enfermo.

6. Se nem dessa maneira se curar, use já agora o Abade o ferro da amputação, como diz o Apóstolo: “Tirai o mal do meio de vós” e também: 7. “Se o infiel se vai, que se vá”, [8] a fim de que uma ovelha enferma não contagie todo o rebanho.

Capítulo 29 – Se devem ser novamente recebidos os irmãos que saem do mosteiro

1. O irmão que sai do mosteiro por culpa própria, se quiser voltar, prometa, antes, uma completa emenda do vício que foi a causa de sua saída, 2. e então seja recebido no último lugar, para que assim se prove a sua humildade. 3. Se de novo sair, seja assim recebido até três vezes, já sabendo que depois lhe será negado todo caminho de volta.

Capítulo 30 – De que maneira serão corrigidos os de menor idade

1. Cada idade e cada inteligência deve ser tratada segundo medidas próprias. 2. Por isso, os meninos e adolescentes ou os que não podem compreender que espécie de pena é, na verdade, a excomunhão, 3. quando cometem alguma falta, sejam afligidos com muitos jejuns ou castigados com ásperas varas, para que se curem.

Meus votos de Feliz Páscoa e algumas notícias para os leitores!

Jesus RessuscitadoCaríssimos, antes de mais nada quero desejar a todos os nossos leitores uma Feliz Páscoa! Que a Ressurreição de Cristo Jesus possa renovar em nós a alegria e a esperança, afinal de contas Ele venceu a morte. Sabemos que a vida segue e as lutas que travamos são as mesmas, porém Ele venceu a morte e caminha ao lado dos que se decidiram seguir o seu caminho. Pés no chão e corações ao alto! esta é o lema que devemos viver nestes tempos.

Dada a minha mensagem pascal, quero me desculpar da ausência do blog. É que no tríduo pascal fui impelido a vivê-lo de uma forma mais reclusa (ao menos do campo virtual). Senti no coração que precisava me dedicar um pouco mais aos meus, afinal de contas se tento ser fiel a vocês nos escritos do blog, também preciso ser inteiro quando estou com minha família, e este tempo foi propício para isto. Além do mais, devido as mudanças que estou vivendo, alguns dias terei que afastar mesmo: Não estranhe a ausência, mas reze por mim. A minha vida é assim: sempre que estabiliza, desestabiliza. Acho que isto faz parte do estranho ciclo de formação que Jesus está me proporcionando. Acredito que em brevíssimo tempo as coisas começarão a entrar em ordem. Falta pouco!

Como alguns amigos que visitam este blog sabem, estou mudando de cidade (mais uma vez). Agora estou indo para uma cidade mais pacata, mais tranquila, porém com enormes desafios no campo da evangelização: A paróquia que possui 15 capelas tem 3 padres idosos, sendo um deles de noventa e tantos anos. A capela que fica mais próxima da minha casa (dedicada ao apóstolo São Lucas) tem missas apenas às segundas-feiras, e no domingo temos que nos deslocar para a Matriz para podermos participar das missas dominicais. É uma capela pequenina, muito simples, bonita e acolhedora, cujo povo que dela participa pode se enquadrar nos mesmos adjetivos dedicados a capela. Foi com enorme alegria que pude participar das atividades da Semana Santa na minha futura paróquia. Sei que existem desafios, mas com a graça de Deus, a oração e muita paciência, conseguiremos superar.

Além da Semana Santa, também tive alguns problemas de ordem pessoal para resolver de modo que só agora consegui atualizar o blog. Portanto dadas as desculpas, resta-nos agora seguir a vida, organizar a bagunça e dar seguimento a vida, e aos desafios do dia a dia.

Ps.: Ah! Bons ventos sopram. As coisas estão se encaminhando e se tudo continuar dando certo, eu e a esposa estaremos na JMJ 2013. Mesmo não sendo mais tão jovem assim, sempre tive o desejo de participar deste evento. Rezem por nós! E se tudo der certo, nos encontraremos por lá!

Pax Domini