Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro III [O sábio e o conhecimento da sabedoria]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!

Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, hoje iremos, continuar lendo o livro III.  Como vimos na sessão anterior à sabedoria pode estar intrinsecamente relacionada ao quanto dispomos para investir à sua busca, contudo São Agostinho nos remete a inverter essa tese. Hoje Alípio e Agostinho travam uma discussão sob a luz do sábio e o filósofo. Vamos conferir o desfecho?

Boa Leitura!!!

O sábio e o conhecimento da sabedoria

Gostaria que me explicasses um pouco qual a diferença que, a teu ver, existe entre o sábio e o filósofo.

Alípio: – A única diferença entre o sábio e o aspirante à sabedoria é que as coisas que o sábio possui como certo hábito, o aspirante à sabedoria só as tem em desejo.

Insisti: – Mas afinal em que consistem essas coisas? Pois a única diferença que me parece existir é que um conhece a sabedoria (scit sapientiam ), enquanto o outro deseja conhece-la ( scire desiderato )

Alípio: – Se desses uma breve definição da ciência, explicarias mais claramente a questão.

– Qualquer que seja a definição que eu der, respondi, todos concordam que não pode haver ciência de coisas falsas.

– Acreditei dever fazer-te esta objeção, temendo que, por um imprudente assentimento de minha parte, teu discurso galopasse sem obstáculo nos campos dessa questão fundamental.

– Francamente, retorqui, não me deixaste nenhum espaço para cavalgar. Pois, se não me engano, já chegamos ao termo que há tempo estou perseguindo. Pois, se a única diferença entre o aspirante à sabedoria e o sábio, como disseste com sutileza e verdade, é que o primeiro ama, enquanto o último possui a disciplina da sabedoria – razão pelo qual não hesitaste em dar-lhe o nome que lhe convém, isto é, certo hábito – e, por outro lado, ninguém pode possuir em seu ânimo uma disciplina ( disciplinam ) sem nada ter aprendido ( didicit ) e nada aprender quem nada  sabe e, além disso, ninguém, pode conhecer o falso, segue-se que o sábio, o qual admitiste ter disciplina da sabedoria, isto é, o hábito da sabedoria, conhece a verdade.

Alípio: – Seria muita audácia minha querer negar que reconheci que o sábio possui o hábito da pesquisa das coisas divinas e humanas. Mas não vejo como poder sustentar que não há hábito das probabilidades encontradas.

– Concedes, retorqui, que ninguém sabe o falso?

– Sem dificuldade, respondeu.

– Atreve-te, pois, a dizer que o sábio ignora a sabedoria, continuei.

– Mas por que, disse Alípio, encerras tudo nestes limites, de modo que não possa  “parecer” ao sábio que ele conhece a sabedoria?

Respondi: – Dá-me a mão direita. Pois, se ti recordas, foi isso que prometi ontem que demonstraria e agora me alegro que esta conclusão não seja minha, mas espontaneamente apresentada por ti. Com efeito, dizia eu que a diferença entre mim e os Acadêmicos era que a eles parecia provável que não se pode encontrar a verdade, enquanto a mim, se bem que ainda não encontrei, parece que pelo menos o sábio possa encontra-la. Agora, pressionado por minha pergunta se o sábio ignora a sabedoria respondeste que lhe parece que ele a conhece.

– E o que se segue daqui – inquiriu ele.

– É que, disse eu, se lhe parece que conhece a sabedoria, não lhe parece que o sábio pode saber nada. Ou então serás obrigado a dizer que a sabedoria não é nada.

Alípio: – Em verdade, eu acreditava que tínhamos chegado à conclusão, mas de repente, ao nos apertarmos as mãos, vejo que já uma grande oposição entre nós e que nos afastamos muito um do outro. Ontem, ao que parece, não havia entre nós outra questão senão que o sábio pode chegar à compreensão do verdadeiro segundo tua opinião, contrária à minha. Mas agora não me parece ter-te concedido mais que isso: que pode parecer ao sábio que conseguiu a sabedoria das coisas prováveis, sendo fora de dúvida para nós ambos que eu fiz consistir a sabedoria na busca das coisas divinas e humanas.

– Não é complicando que explicarás as coisas, respondi. Parece-me que estás disputando só para te exercitar. E como sabes muito bem que estes jovens dificilmente podem discernir as sutilezas da discussão, de certa forma estás abusando da ignorância dos teus juízes, e assim podes falar quanto quiseres sem que ninguém proteste. Pouco antes, quando eu te perguntei se o sábio conhece a sabedoria, disseste que lhe parecia, a ele sábio, que a conhecia. Portanto, a quem parece que o sábio conhece a sabedoria não lhe parece que o sábio não conhece nada. Só poderia afirmar isso que ousasse dizer que a sabedoria não é nada. Donde se segue que a tua opinião é a mesma que a minha, pois eu acho que o sábio sabe algo e creio que tu pensas assim, pois julgas que ao sábio parece que o sábio conhece a sabedoria.

Alípio: – Julgo não ter a intenção de exercitar mais meu engenho que tu, o que me surpreende, pois tu não tens nenhuma necessidade de exercitar-te nisso. A mim, talvez ainda cego, parece-me haver uma diferença entre crer que se sabe e saber, como entre a sabedoria que consiste na busca, e a verdade. Não vejo como concordar estas opiniões diferentes sustentadas por nós.

Como já nos chamastes para o almoço, disse eu: – Não me desagrada a tua resistência, pois ou ambos não sabemos o que estamos dizendo, e devemos esforçarmos para evitar tal vergonha, ou isso se aplica somente a um de nós, e não seria menos vergonhoso tolera-lo ou negligencia-lo. Mas a isso voltaremos depois do meio-dia. Quando me parecia que já tínhamos concluído, mostras-me os punhos!

Todos riram e retiramo-nos.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I | Livro II | Livro III – Necessidade da fortuna para tornar-se sábio

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro III [Necessidade da fortuna para tornar-se sábio]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês! Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, hoje iremos, inicializar o livro III. A temática deste capítulo, que iremos estudar, é refletindo sobre a pergunta de que para nos tornarmos sábio, temos que ter dinheiro? Se trazermos isso para os nossos tempos, esta máxima é verdadeira? Qual é o valor do “investimento” necessário para adquirirmos alguma ‘sabedoria’?

Boa Leitura!!!

Necessidade da fortuna para tornar-se sábio

No dia seguinte ao daquela discussão contida no segundo livro, reunimo-nos nos banhos, pois o tempo estava muito sombrio para descer ao campo. Comecei assim:

– Creio que já entendestes suficientemente bem qual a questão que resolvemos discutir. Mas, antes de abordar a minha tese, peço que de bom grado ouçais algumas palavras, não alheias ao nosso assunto, sobre a esperança, a vida, o propósito que nos anima. Creio que nossa tarefa, não banal ou supérflua, mas necessária e suprema, é procurar a verdade com todo empenho. Nisso estamos de acordo Alípio e eu. Com efeito, os outros filósofos julgaram que o seu sábio encontrara a verdade. Os Acadêmicos afirmaram que o sábio deve fazer todo o esforço para encontra-la e de fato o faz com toda a dedicação. Mas, como a verdade está oculta ou confusa, para orientar a sua vida, devia seguir o que lhe parecesse provável ou verossímil. Tal foi também o resultado da vossa discussão de ontem. Efetivamente, um afirma que o homem alcança a felicidade pela descoberta da verdade, enquanto para outro basta busca-la diligentemente. Portanto, está fora de qualquer dúvida para qualquer um de nós que não há nada que devamos antepor a essa tarefa. Assim, pergunto-vos: como foi o dia que tivemos ontem? Quisestes dedica-los aos vossos estudos. Tu, Trigécio, deleitaste-te com os poemas de Virgílio, e Licêncio dedicou-se à composição de versos, paixão que o inflama, de tal modo que foi principalmente por causa dele que julguei necessário instituir este discurso, para que a filosofia ocupe e reclame no seu espírito – pois já é tempo – um espaço maior que a poesia e qualquer outra disciplina.

Mas dizei-me, não lamentastes a nossa sorte de ontem? Fomos dormir com a ideia de levantar-nos no dia seguinte para nos dedicarmos à questão adiada e a nada mais. Todavia apareceram tantos afazeres domésticos inadiáveis que nos ocuparam de tal modo que mal nos restaram as duas últimas horas do dia para nos recolhermos. Assim, sempre foi minha opinião que o homem que já alcançou a sabedoria não tem necessidade de nada, mas para tornar-se sábio a fortuna lhe é muito necessária. Mas talvez Alípio tenha outra idéia.

Alípio: – Ainda não entendi bem qual a importância que atribuis à fortuna. Se para desprezá-la julgas que ela mesma é necessária, acompanho-te nesta opinião. Se, ao contrário, o que concedes à fortuna consiste em dizer que sem sua permissão não se pode prover às necessidades corporais, não concordo. Pois, ou quem ainda não é sábio mas aspira à sabedoria pode, apesar da oposição da fortuna, adquirir o que é necessário para a vida, ou devemos conceder que a fortuna domina também a vida, ou devemos conceder que a fortuna domina também toda a vida do sábio, visto que este não pode renunciar às coisas necessárias ao corpo.

Dizes, portanto, repliquei que a fortuna é necessária a quem procura a sabedoria, mas não ao sábio.

– Não é inoportuno, tornou Alípio, repetir as mesmas coisas. Assim, vou agora perguntar-te se, a teu ver, a fortuna ajuda a desprezá-la a ela mesma. Se pensas assim, digo-te que o aspirante à sabedoria tem grande necessidade da fortuna.

– Penso isso, repliquei, pois é por ela que o aspirante à sabedoria será tal que possa desprezar a fortuna. E isso não é absurdo. Quando somos crianças, temos necessidade do seio materno, graças ao qual podemos depois viver e crescer sem ele.

– Para mim está claro, disse Alípio, que nossas opiniões concordam, se realmente exprimem nossas concepções, a menos que talvez alguém julgue necessário observar que não é o seio nem a fortuna, mas outra coisa que nos faz desprezar esta e aquele.

– Não é difícil encontrar outra comparação, retomei eu. Ninguém atravessa o mar Egeu sem navio ou algum outro meio de transporte ou se não quiser temer o próprio Dédalo em pessoa, sem instrumento adequados a essa travessia ou sem a ajuda de algum poder oculto. Todavia, não tem outro desejo que chegar ao término e,  uma vez alcançado o seu destino, está pronto a rejeitar e desprezar tudo o que lhe serviu para a travessia. Do mesmo modo, quem quiser chegar ao porto da sabedoria e, por assim dizer, à terra totalmente firme e tranquila da sabedoria – pois, para calar outras coisas, se for cego ou surdo não o poderá, o que depende da fortuna – parece-me necessária a fortuna para alcançar o que deseja. Uma vez conseguido este fim, ainda que julgue necessitar de certas coisas relativas ao bem-estar corporal, é certo que não precisa dessas coisas para ser sábio, mas apenas para viver entre os homens.

– Mais que isso, interrompeu Alípio, se for cego e surdo, a meu ver, com razão desprezará tanto a aquisição da sabedoria como a vida para a qual se busca a sabedoria.

Todavia, disse eu, como a nossa vida presente está sob o poder da fortuna e só quem vive pode tornar-se sábio, não devemos admitir que temos necessidade do seu favor para chegar à sabedoria?

– Mas como a sabedoria só é necessária aos vivos, replicou Alípio, e eliminada a vida não há nenhuma necessidade de sabedoria, não temo a fortuna ao avançar na vida, pois é porque vivo que quero a sabedoria, e não é porque desejo a sabedoria que quero a vida. Consequentemente, se a fortuna me tirar a vida, me privará do motivo de buscar a sabedoria. Assim, para ser sábio, não tenho por que desejar o favor da fortuna ou temer seus revesses, a não ser que me apresentes outras razões.

– Portanto, repliquei, não achas que o aspirante á filosofia pode ser impedido pela fortuna de alcançar a sabedoria, mesmo que não lhe tire a vida?

– Julgo que não, respondeu.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I | Livro II

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro II [Elucidação do problema a ser discutido]

Santo Agostinho de Hipona (4)Pax et Bonum! Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês! Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, hoje iremos, finalizar o livro II.

Como Licêncio, ruborizado, temesse o ataque de Alípio, intervim:

– Preferiste dizer tudo de uma vez, Alípio, a discutir, como se deve com estes jovens que não sabem falar.

Respondeu Alípio:

– De há muito tanto eu como os demais sabemos todos, e agora demonstrastes com o exercício da tua profissão, que és perito na arte da palavra. Assim, gostaria que primeiro explicasse a utilidade da pergunta de Licêncio. A meu ver, ou é supérflua, e neste caso seria igualmente supérfluo dar-lhe uma resposta mais longa, ou parece oportuna e eu não sei responder a ela, e neste caso te peço que não te moleste exercer o ofício de mestre.

– Recordas-te, disse eu, que ontem prometi que trataríamos mais tarde da questão das palavras. Agora o sol manda recolher nas cestas o que ofereci como jogos aos rapazes, tanto mais que o exponho mais como ornato que para venda. Mas antes que as trevas, que costumam proteger os Acadêmicos, nos impeçam  de escrever, quero que decidamos claramente entre nós a questão de que devemos tratar amanhã. Assim, responde-me se achas que os Acadêmicos tiveram uma doutrina certa sobre a verdade e não quiseram transmiti-la imprudentemente a desconhecidos ou a espíritos não purificados, ou realmente tiveram as opiniões que resultam das suas discussões.

Alípio: – Não quero afirmar levianamente o que eles pensavam. Quanto ao que se pode deduzir dos livros, sabes melhor que eu em que termos costumavam propor sua doutrina. Mas se me perguntares pela minha opinião pessoal,  creio que ainda não se encontrou a verdade. Acrescento ainda, para responder ao que me perguntavas com relação aos Acadêmicos, que julgo que não se pode encontrar a verdade. Esta não é somente a minha opinião arraigada que quase sempre professei como sabes, mas também a de grandes e excelentes filósofos, perante os quais nos obrigam a curvar a cabeça tanto a fraqueza do nosso espírito como a sagacidade deles, impossível, ao que parece, de superar.

– É isso o que eu queria, disse eu. Pois temia que fôssemos da mesma opinião e assim nossa discussão resultasse incompleta, por falta de alguém que, tomando o partido contrário, nos obrigasse a discutir e examinar a questão com toda a diligência possível. Se assim fosse, eu já estava pensando em pedir-te que assumisses a defesa dos Acadêmicos, afirmando que não só disputaram, mas também pensaram que não se pode conhecer a verdade. Trata-se, portanto, de saber entre nós se, segundo os argumentos deles, é provável que nada se pode conhecer e a nada se deve dar assentimento. Se conseguires demonstrar isso, sem dificuldade me darei por vencido. Mas se eu demonstrar que é muito mais provável que o sábio pode chegar à verdade e que não se deve sempre suspender o assentimento, creio que não terás como recusar-te a passar para a minha opinião.

A proposta agradou Alípio e aos presentes. Já envolvidos pelas sombras da noite, voltamos para casa.

(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)

Veja Também:: Vida de São Agostinho | Livro I | Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P. I |Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P.II | Livro II – Segundo Prólogo a Romaniano P.III | Livro II – Síntese da Doutrina Acadêmica | Livro II – Gênese da nova Academia e sua relação com a antiga | Livro II – Verossimilhança e conhecimento do verdadeiro | Livro II – Importância do problema da possibilidade de encontrar a verdade | Livro II – Caráter substancial e não meramente verbal da controvérsia sobre o “verossímil” | Livro II – O autêntico significado do conceito acadêmico de “verossímil”

Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

Papa Francisco: Católicos não podem ser hipócritas!

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Na Missa que presidiu na manhã de ontem na Casa Santa Marta, o Papa Francisco desceu da linha do politicamente correto e assinalou que os cristãos verdadeiros não podem utilizar uma “linguagem socialmente educada”, propensa à hipocrisia, mas são porta-vozes da verdade do Evangelho com a mesma transparência das crianças.

Segundo o Pontífice, a hipocrisia é a linguagem preferida dos corruptos. A cena evangélica do tributo a César, e a pergunta trapaceira dos fariseus e dos partidários de Herodes a Cristo sobre a legitimidade daquele tributo, deu ao Papa motivo para sua reflexão.

A intenção com a que se aproximam de Jesus, afirmou, é a de fazê-lo “cair na armadilha”. A pergunta se é lícito ou não pagar o imposto a Cesar é exposta “com palavras suaves, com palavras belas, com palavras ‘adocicadas’”. “Pretendem –adicionou– mostrar-se amigáveis”. Mas tudo é falso. Porque, explicou Francisco, “eles não amam a verdade, mas somente a si mesmos e assim tentam enganar, envolver os outros na mentira. Têm o coração mentiroso, não podem dizer a verdade”.

“A hipocrisia é precisamente a linguagem da corrupção. Quando Jesus fala a seus discípulos diz que seu modo de falar deve ser ‘sim, sim’ ou ‘não, não’. Porque a hipocrisia não fala a verdade, porque a verdade não está nunca sozinha: está sempre com o amor. Não há verdade sem amor. O amor é a primeira verdade. Se não houver amor, não há verdade. Estes querem uma verdade escrava dos próprios interesses. Podemos dizer que há um amor: mas é o amor de si mesmos, o amor a si mesmos. Aquela idolatria narcisista que os leva a trair os outros, os leva aos abusos da confiança”.

A linguagem que parece ser “persuasiva” leva “ao erro e à mentira”. Aqueles que “pareciam tão amáveis com Jesus, foram os mesmos que na quinta-feira à noite o capturaram no Horto das Oliveiras, e na sexta-feira o levaram ante Pilatos”. Jesus pede aos que o seguem exatamente o contrário, a linguagem do “sim, sim, não, não”, uma “palavra de verdade e com amor”:

“E a mansidão que Jesus quer de nós não tem nada a ver com esta adulação, nada a ver com esta forma “açucarada” de avançar. Nada! A mansidão é simples; é como aquela de uma criança. E uma criança não é hipócrita, porque não é corrupta. Quando Jesus nos diz: Quando disserem «sim», que seja sim, e quando disserem «não», que seja não! com espírito de crianças, refere-se ao contrário da forma de falar destes”.

A última consideração do Santo Padre se referiu a uma “certa fraqueza interior”, estimulada pela “vaidade”, que faz com que, constatou, “gostemos que digam coisas boas de nós”. Os “corruptos sabem disso e tentam nos enfraquecer com essa linguagem”.

“Pensemos bem: qual é a nossa linguagem hoje? Falamos com verdade, com amor, ou falamos um pouco com aquela linguagem social de seres educados, também dizendo coisas belas, mas que não sentimos? Que nosso falar seja evangélico, irmãos! Estes hipócritas que começam com a adulação acabam procurando falsas testemunhas para acusar aqueles que tinham adulado. Peçamos hoje ao Senhor que o nosso modo de falar seja simples como o das crianças, como o dos filhos de Deus, falar na verdade do amor”, concluiu o Santo Padre.

Conselho aos jovens católicos

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Neste tempo que andei sumido tive a oportunidade de ensinar em uma escola pública aqui no Guarujá, e por isso mesmo, me aproximei mais do universo da juventude do Brasil, sobretudo aquela que é deixada de lado, os jovens mais carentes das classes mais baixas da nossa sociedade. E confesso que fiquei chocado…

Infelizmente o cenário não é bom. Os jovens não recebem a educação que deveriam ter recebido para frequentar um ambiente público: Na sua maioria não respeitam ninguém, não respeitam as autoridades, não respeitam os amigos e muito menos não respeitam a si mesmos. A convivência com a violência é tanta que essa maioria se trata como cachorros. Porém o pior de tudo é ver que esta grande maioria não tem perspectivas de uma vida melhor. É triste ver que os jovens deixaram de sonhar. Não projetam um futuro e não se esforçam para atingir este futuro.

Dentro deste cenário caótico, estão os jovens católicos. Muitos dos nossos jovens que participam das atividades da Igreja frequentam as escolas públicas, vivem dentro desta realidade de desrespeito aos outros e a si mesmo, e sabem perfeitamente do que estou falando.

Porém mesmo sendo vítimas de tudo isso, os jovens católicos precisam remar contra a maré, ser diferentes e fazer a diferença. Para evangelizar os jovens da escola, os jovens católicos precisam aprender e entender que cristianismo não é só palavra, mas testemunho. Não adianta você ir para a Igreja e no dia a dia continuar com atitudes que não condizem com a fé que você propaga. A pessoa que vive de um jeito e fala de outro se chama hipócrita. E você não pode ser reconhecido como hipócrita. Um jovem católico não pode falar de Jesus e viver chamando palavrões. Não pode destratar ninguém, sobretudo usando palavras de baixo calão. Ser um jovem católico que verdadeiramente testemunha a sua fé é também dar testemunho prestando atenção nas aulas, respeitando seus professores e tirando boas notas. Ser um jovem católico é não abusar da sensualidade e saber que hora de estudar é hora de estudar. Hora de brincar é hora de brincar. Cada coisa a seu tempo.

Veja com isto não estou dizendo que as escolas no Brasil são perfeitas. Porém um erro não justifica o outro. Se a escola não é boa, eu não posso me acomodar na ruindade dela. Se a família não está bem eu não posso me nivelar no que é ruim. Ser católico é olhar para o Cristo e tentar imitá-lo em todos os momentos e Ele é bom por excelência.

É preciso se perguntar: Se Jesus estivesse no meu lugar Ele se comportaria assim? Ele falaria deste jeito? Usaria esta roupa? Estaria no meio da aula ouvindo música no celular? Escutaria este tipo de música? Trataria o professor como eu estou tratando? Se comportaria na sala de aula como eu estou me comportando?

O bom católico não pode viver no mais ou menos. Tem que ser bom no que faz e fazer bem feito todas as coisas. Por isso o jovem católico não pode e não deve, em hipótese alguma, ser medíocre com as suas notas e no seu desempenho escolar. É um contra testemunho danado você viver na Igreja com notas vermelhas. Nota vermelha significa preguiça (pecado), desleixo (pecado), irresponsabilidade (pecado) e o pior de todos os pecados: Não investir em você mesmo!

Como seria bom se os grupos de oração, movimentos e pastorais que trabalham com a juventude do Brasil, orientassem seus jovens também com esta visão de uma fé testemunhada no dia a dia. Hoje é preciso entender que educação, bom comportamento, respeito as autoridades, maneira de se portar e de falar também são fortes testemunhos de fé.

Na boa: Jovens católicos repensem suas vidas. Palavras convencem. Mas o testemunho arrasta!