
Quem disse que para evangelizar todo mundo tem que ser politicamente correto? Ora, os brutos também evangelizam!
Ontem escrevi um texto que com certeza foi o texto mais polêmico deste blog (que já passou por tantas polêmicas em seus sete anos de existência). No texto eu mostrei a Carta Circular emitida pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos chamada O SIGNIFICADO RITUAL DO DOM DA PAZ NA MISSA. Na dita carta a Igreja entre outras coisas afirma o que já havia afirmado no documento REDEMPTORIS SACRAMENTUM onde entre outras coisas:
De todos os modos, será necessário que no momento de dar-se a paz se evitem alguns abusos tais como:
– A introdução de um “canto para a paz”, inexistente no Rito romano.
– Os deslocamentos dos fiéis para trocar a paz.
– Que o sacerdote abandone o altar para dar a paz a alguns fiéis.
– Que em algumas circunstâncias, como a solenidade de Páscoa ou de Natal, ou Confirmação, o Matrimônio, as sagradas Ordens, as Profissões religiosas ou as Exéquias, o dar-se a paz seja ocasião para felicitar ou expressar condolências entre os presentes.
d) Convida-se igualmente a todas as Conferências dos bispos a preparar catequeses litúrgicas sobre o significado do rito da paz na liturgia romana e sobre seu correto desenvolvimento na celebração da Santa Missa. A este propósito, a Congregação para o Culto Divino e a Disiciplina dos Sacramentos acompanha a presente carta com algumas pistas orientativas.
É interessante dizer que quando a igreja diz “evitem alguns abusos” ela está dizendo, “acaba logo com isso”, “vamos mudar isso”, “acabou”, “já deu”. A igreja tem o modo de dizer as coisas. Eu tenho o meu jeito. Não vi motivo para tanta choradeira. Mais de 60.000 pessoas leram o artigo, 100 pessoas comentaram e uns poucos choraram. Acho é que a carapuça serviu. E deve ter doido…
Sinceramente fiquei surpreso com o “mimimi” de um monte de gente. Fui taxado de tradicionalista, irônico, desagregador… Foi tanta choradeira que fiquei besta. Questionaram o meu modo de escrever às vezes um tanto… rude. Um monte de comentário dizendo que eu deveria ser mais civilizado, menos violento, menos grosseiro, menos isso, mais aquilo… Sinceramente, não esperava tanta gente dodói comentando um post só. Tudo bem que a maioria destes comentários não reflete o público que geralmente passa por aqui.

Aqui neste blog você vai encontrar palavras duras. Mas já avisamos que a evangelização aqui é meio ao estilo “Seu Lunga de ser”. Conhece seu Lunga? Não? Então procura no google!
E quem passa por aqui sabe que eu não sou, nunca fui e nunca serei um docinho de coco com as palavras. Sei que a polidez e a afabilidade são muito importantes. Mas nem sempre. Em determinados casos um pouco de ironia não é ilícito não. Digo e provo. Vamos ao catecismo:
A jactância ou vanglória constitui um pecado contra a verdade. O mesmo se diga da ironia que visa depreciar alguém, caricaturando, de modo malévolo, um ou outro aspecto do seu comportamento. (CIC§2481)
Ao ler o catecismo, temos uma primeira impressão de que de fato, a ironia é um pecado contra a Verdade. Mas cabe-nos ainda perguntar: isto se aplica a toda espécie de ironia? Ou ainda: a quê, exatamente, refere-se o catecismo quando coloca a ironia como sendo um pecado contra a Verdade? Do catecismo passemos para os doutores da Igreja. Santo Tomás de Aquino também fala sobre a ironia na Suma Teológica. Nela, ele afirma que:
“… Nos pecados de palavras parece que deve considerar-se, sobretudo, com que intenção se pronunciam as palavras. (…) Se alguém pronuncia palavras de insulto contra outro, mas sem intenção de desonrá-lo, e sim para corrigi-lo ou por outro motivo similar, não profere um insulto formal e diretamente, senão acidental e materialmente. (…) Por isso, isto pode ser algumas vezes pecado venial e outras vezes nem sequer haver pecado” (II-IIae, q.72, a.2).
Isso nos explica melhor o sentido do parágrafo 2481 do Catecismo; a ironia que é pecado contra a Verdade é aquela “que visa depreciar alguém”, que é feita “de modo malévolo”. Se, ao contrário, for usada no meio dos embates apologéticos, com o intuito de defender a Verdade e condenar o erro, para desmascarar os sofismas levantados contra Deus e expor ao ridículo os inimigos da Santa Igreja, então a ironia pode ser não apenas lícita como também meritória. E, desta boa aplicação da ironia, há abundantes exemplos na História da Igreja.
Sendo já meio-dia, Elias escarnecia-os, dizendo: Gritai com mais força, pois (seguramente!) ele é deus; mas estará entretido em alguma conversa, ou ocupado, ou em viagem, ou estará dormindo… e isso o acordará. (1Rs 18, 27)
Se hoje um santo, um padre, um seminarista ou até um leigo “escarnecesse” os inimigos da igreja, seria achincalhado publicamente. Entretanto pensemos: Se isto fosse mal aos olhos de Deus, por que Elias obteve a vitória diante dos profetas de Baal?
E os santos que se envolveram em polêmicas foram por muitas vezes ácidos e irônicos? Existe um escrito de São Jerônimo que, na minha opinião, todos os católicos deveriam ler e reler: trata-se do Tratado da Virgindade Perpétua da Santíssima Virgem. Foi uma polêmica que o santo travou com um herege chamado Helvídio, que negava a Virgindade de Maria Santíssima.
Há algum tempo, recebi o pedido de alguns irmãos para responder a um panfleto escrito por um tal Helvídio. Demorei para fazê-lo, não porque fosse tarefa difícil defender a verdade e refutar um ignorante sem cultura, que dificilmente tomou contato com os primeiros graus do saber, mas porque fiquei preocupado em oferecer uma resposta digna, que desmoronasse os seus argumentos.
Não é um exemplo isolado. Muitos que poderiam ser citados. Lembremo-nos do que disse São Paulo, que era humilde e cortês na maior parte das vezes, mas como todo homem com brios, não tinha sangue de barata e descia o porrete quando necessário. Diante de um escândalo que abalava a comunidade de Corinto, não mediu as palavras declarou que um pecador tinha que penar na mão do capeta:
Ouve-se dizer constantemente que se comete, em vosso meio, a luxúria, e uma luxúria tão grave que não se costuma encontrar nem mesmo entre os pagãos: há entre vós quem vive com a mulher de seu pai!… (…)
Em nome do Senhor Jesus (…), seja esse homem entregue a Satanás, para mortificação do seu corpo, a fim de que a sua alma seja salva no dia do Senhor Jesus. (I Cor, 5:1-5)
Outro bom exemplo: São Thomas More, que deu a vida pela Igreja como mártir ao se negar apoiar o divórcio do Rei, diante das imensas abobrinhas que Martinho Lutero havia dito sobre um tratado teológico escrito pelo Rei Henrique VIII e escreveu a Lutero uma resposta com tantos palavrões que deixariam a galera do Pânico de cabelo em pé…
“Enquanto continuardes decidido a dizer essas desavergonhadas mentiras, a outros será permitido que, em defesa de Sua Majestade Britânica, joguem de volta na vossa boca cheia de merda, verdadeiramente o depósito de toda merda, a sujeira e merda inteiras que vossa execrável podridão vomitou, e esvaziar todos os esgotos e privadas na vossa coroa despida da dignidade de coroa sacerdotal, em prejuízo da qual decidistes bancar o palhaço contra nada menos que a coroa real.”
Obviamente, é necessário haver uma reflexão; claro que a ironia pode por vezes degenerar em deboche grosseiro, em agressão gratuita, e pode se transformar sim em falta de caridade. E sabemos também que o tom irônico não dispensa os argumentos, como é óbvio, sob a gravíssima pena de ser contraproducente. Mas – e isso é o mais importante aqui – nem toda ironia é falta de caridade, e é lícito empregá-la na defesa de Nosso Senhor. Que a Virgem Santíssima nos faça católicos de fibra; e que os santos nos ensinem a fugir do “politicamente correto”, sabendo reconhecer o valor e a importância de dedicar-se com zelo ao Bom Combate que todos nós somos chamados a travar.
No post eu não faltei à caridade com ninguém e nem citei nomes, portanto a consciência está tranquila. Sei que existem muitas paróquias que praticam o rito da paz da forma correta. Então para quê se preocupar? Então, se alguém se sentiu ofendido, na boa guarda a informação e siga seu caminho. Não irei mudar meu modo de escrever para agradar aos fofinhos e politicamente corretos. Definitivamente respeito humano é uma coisa que passa longe daqui! A proposta do blog continua: Ajudar os católicos a conhecerem a sua fé. Porém em nenhum momento eu falei que isso seria de uma forma doce…
E ainda que pensem ao contrário, eu sou até uma pessoa tranquila. Meio ácida é verdade, mas tranquila. Quer me conhecer, fique a vontade. Mas eu tenho um “quê” de Seu Lunga. Portanto vai devagar!
Pax Domini
Leia também:: Católicos brutos também amam | As armas na defesa da Verdade
Meu caríssimo Cadu, quanto tempo!!! Espero que estejas bem!!
Gostei muito deste post, e, de coração, continue assim! Não precisamos de mimimi… Mas de Católicos de verdade, que defendam a fé, e pronto!!!
Grande abraço… Depois passo com mais calma por aqui!!!
Ei Alex,
Realmente dei uma sumida. Mas bom filho a casa torna.
Obrigado pela força.
Seguimos sempre. E se quiser voltar a escrever por aqui, sabe que as portas estão abertas.
Aliás, cada vez mais o povo pede respostas a liturgia.
Pax Domini
Salve Maria!
Parabéns pelo post e pelo o blog!
As pessoas estão caindo no inferno igual chuva, por não gostarem da verdade, por só querer satisfazer as próprias vaidades, é muito sentimentalismo, é um falso amor, pq a verdadeira caridade consiste em falar a verdade. E quem fala ” eu não concordo” se referindo as verdades da igreja, não pode ser considerado católico.
Olá Rosana,
Valeu o apoio. O objetivo aqui é falar a verdade, sem respeito humano.
Vamos combinar, este mimimi cansa… Af!
Mas ainda bem que em gente querendo ser católico de verdade sem concordar e discordar, apenas obedecendo a Igreja.
Pax Domini
Pingback: Formação para músicos: Você sabe a diferença entre uma música litúrgica e uma música religiosa? | Dominus Vobiscum
Interessante como usas as palavras conectadas ( o texto) para fundamentar visões suas. Lá (sobre a paz) Palavra e Igreja têm razão, pois fundamentam aquilo que defendes. Aqui não, ironia é bom, então re-interpretas tudo para que sua visão se faça valer. Quanta ironia!
Olá Thaís. Seja bem vinda!
Acho que não entendi o que tu quisestes dizer. Mas não usei nada para dizer nada não.
Só disse que a ironia nem sempre é pecado. E claro meu jeito ácido de dizer as coisas fazem parte do pacote. Apenas isso!
Pax Domini
Rss…
Não sabia que existiam santos desbocados.
Dei risada até! Adorei a postagem!
Vlw
Passei aqui pela primeira vez hoje. Li os dois post…o que deu origem a polemica e este.Não vi nada de taaaão duro. Gostei! Volto outras vezes!
Olá Márcia!
Seja bem vinda e volte sempre!
Como disse acima, os brutos também evangelizam… rs.
Pax Domini
Pingback: Formação para músicos: Ao cantar na missa… bato palmas ou não? | Dominus Vobiscum
Pingback: Formação para músicos: Ao cantar na missa qual a minha postura com relação as palmas? | Dominus Vobiscum
Hoje, entrei pela primeira vez e gostei!!!
Como a Igreja Católica precisa de pessoas como você, que são firmes naquilo que acreditam, pessoa equilibrada, rocha, fiel a Deus!!!!
Parabéns e continue nesse caminho você realmente tem o dom da palavra, Deus te abençoe!!!!
vc viu que pena! seu Lunga faleceu…
Boa noite. Só uma pergunta: você acha que agindo assim, de forma grosseira com os irmãos, Jesus fica contente, aprova tal comportamento?
Estarei orando por você e pelas pessoas que também pensam como você. Muita luz de Jesus na tua vida.
Talvez Rosalia não estejas lendo o evangelho corretamente, quem foi que chamou os fariseus de raças de víboras, hipócritas e sepulcros caiados (por fora adornados e bonitos e por dentro cheio de podridão)? Quem expulsou os vendilhões do templo com chicotadas e ofensas? Quem chamou Pedro de satanás? Se respondeste JESUS CRISTO a todas as perguntas você acertou. No Antigo Testamento e no Novo Testamento podemos encontrar vários trechos em que não existiu tanta doçura.
Eu acho que vc é sedento de atenção. Se cerca de pessoas que acham “lindas” suas posições e não o questionam. Vc se tornou escravo da sua própria vaidade e não sabe conviver com as diferenças. Essa postura de “eu sei tudo” pedante e cheia de si não combina com a Igreja Católica.
Obrigado Edivan!
Pax Domini sem mi mi mi. 😉
Falar claro e o que falta hoje em dia. Cada um tem.seu modo de evangelizar. Se o bruto choca, o fofinho own deseduca e favorece a dúvida. Não estamos na Igreja para compartilhar sensações.
Obrigado pela compreensão. Pax Domini! 🙂
Eu já sabia disso faz tempo, minha comunidade? nem todos. isso deveria ser parte da catequese.
Também acho! Pax Domini
Gostei do seu comentario não gosto de exageros na missa nem daquela gesticulação toda .mas vamos convordar que tem um pessoal da renovação que são exageradas sim os . aqui na minha paróquia tem.
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