Já ouvimos dizer muitas vezes padres e pregadores afirmarem que a Igreja é “santa”, porém o que constatamos na verdade é que os católicos são, na verdade, grandes pecadores (e, entre eles sacerdotes, religiosas e leigos). Por sua vez, também já ouvimos pessoas dizerem que alguns dos que vão à Missa são piores do que muitos que não vão. Como entender isto? Não é hipocrisia afirmar que a Igreja é “santa”?
Infelizmente muitos cristãos se escandalizam com os Filhos da Igreja! As pessoas enfim tem razão? Bom, na verdade tem razão e ao mesmo tempo não tem! COmo diziam os antigos, enxergam bem, mas raciocinam mal, inferindo erroneamente.
Sim, a Igreja é Santa! É Santa e santificadora, apesar dos pecados de seus filhos! Mas como entender o paradoxo desta santidade?
As palavras de São Paulo não deixam dúvidas:
“Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo, em virtude da palavra, para apresentá-la a Si mesmo toda gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e imaculada” (Ef 5,25-27).
Se nós dizemos que a palavra de Jesus Cristo é eficaz e efetiva em tudo o que diz, quanto mais eficazes e efetivos serão os seus atos e o seu sacrifício! Ele se entregou por ela (=a Igreja) para santificá-la! Portanto, ela é santa porque o sacrifício de Cristo é eficaz. “A Igreja é, aos olhos da fé, santa e sem máculas. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, a quem com o Pai e o Espírito Santo é proclamado ‘o único Santo’ amou à Igreja como sua esposa, entregando-se a Si mesmo por ela para santificá-la (cf. Ef. 5,25-26), a uniu a Si como seu próprio Corpo e a enriqueceu com o dom do Espírito Santo para a glória de Deus”. Na verdade, a Igreja é duplamente santa:
a) É santa, em primeiro lugar, porque ela é o próprio Deus santificando os homens em Cristo por seu Espírito Santo. Dizia Pio XII:
“Esta piedosa mãe brilha sem mancha alguma em seus sacramentos, com que alimenta seus filhos; na fé, que sempre conserva incontaminada; nas santíssimas leis, com que obriga a todos; nos conselhos evangélicos com que adverte; e, finalmente, nos dons celestiais e carismas, com os quais, inesgotável em sua fecundidade, dá à luz a incontáveis exércitos de mártires, virgens e confessores.”
Esta é santidade “objetiva” da Igreja. Ela é um canal inesgotável de santidade porque nela Deus coloca à disposição dos homens os grandes meios de santidade:
- Seus tesouros espirituais – os Sacramentos – entre os quais o principal é o próprio Cristo sacramentado, fonte de toda santidade.
- Sua doutrina santa e imaculada, que finca suas raízes no Evangelho.
- Suas leis e conselhos, que são prescrições e convites à santidade.
- O Sangue de Cristo tornado bebida cotidiana do cristão.
- A misericórdia do perdão oferecido sacramentalmente aos pecadores.
b) Em segundo lugar, a Igreja é santa porque ela é a humanidade em vias de santificação por Deus. Este é o aspecto complementar do item anterior, ou seja, a santidade “subjetiva” da Igreja. Os canais de santidade são derramados sobre os filhos da Igreja e, se não sobre todos, pelo menos sobre muitos produz verdadeiros frutos de santidade. Ela é o seio que incessantemente gera frutos de santidade. Voltaire, apesar de seu ódio contra a Igreja, reconhecia:
“Nenhum sábio teve a menor influência nos costumes na rua em que morava; porém, Jesus Cristo influi sobre todo o mundo”.
Essa influência são os santos. Quanta diferença entre os frutos “naturais” do Paganismo e os do Cristianismo! Quando a Igreja gera filhos nas águas do batismo, os dá à luz com germens de graça e santidade, os quais, quando os homens não colocam obstáculos, crescem e dão ao mundo extraordinárias obras de caridade. Por isso, a Igreja, desde seu início na Jerusalém dos Apóstolos, começou a popular o mundo com:
- Jovens virgens, testemunhas da pureza.
- Mártires da fé.
- Missionários e apóstolos
- Ermitães e monges penitentes
- Incansáveis operários da caridade, que consagraram suas vidas aos enfermos, aos pobres, aos famintos, aos abandonados…
- Seus filhos inventaram os hospitais, leprosários, asilos…
Na Antiguidade se contava a história de Cornélia, a mãe dos Gracos, filha de Escipião Magno, a qual vendo uma de suas amigas fazendo ostentação de suas joias, com um gesto apontou para os seus filhos – futuros heróis de Roma – e disse-lhe: “Estes são os meus ornamentos e as minhas joias!”. Com quanta razão mais a Igreja pode dizer ao mundo, apontando para os santos de todos os tempos: “Estes são as minhas joias!”
E apenas isto já fala da santidade da Igreja, pois para fazer um só santo é necessário um poder divino, já que apenas a graça do Espírito Santo pode santificar um homem. E a Igreja não deixa de ter santos nem quando os horizontes são os mais sombrios! Três sinais, entre muitos outros – dizia Journet – tornam visível esta santidade da Igreja:
1º) Ela é uma voz que não deixa de proclamar ao mundo as grandezas de Deus. Essa constância em proclamar e cantar as maravilhas de Deus é a sua razão de ser. Encontramos a Igreja ali onde escutamos sem cessar cantar as maravilhas de Deus, defender Sua honra dos erros do mundo, dar testemunho de Sua grandeza e Sua misericórdia para com os homens.
2º) Ela é uma “sede inextinguível” de unir-se a Deus. A Igreja está onde suspiram todos os que esperam a manifestação do Rosto de Deus, os que esperam a vinda de Cristo, os que não se apegam a este mundo e suspiram por uma pátria melhor, os que se sentem como os desterrados filhos de Eva.
3º) Ela é um zelo insaciável por dar Deus aos homens. A encontramos ali onde, com infatigável ardor, existe um verdadeiro cristão que trabalha pela conversão dos pecadores, por fazer que os ignorantes conheçam a Deus, por levar o Evangelho aos que ainda não o ouviram…
Por isso defendemos a santidade da Igreja. No próximo post, vamos entender a diferença entre a Igreja e seus filhos. Mas por enquanto reflita: Se alguém comete um assassinato podemos chamar toda a família deste homem de assassinos? É justo que o nome de uma família seja manchado por um erro de um de seus integrantes?
No próximo post! Imperdível! Dominus Vobiscum
Veja Também:: Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: Introdução | Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: O que é a Igreja? | Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: Os símbolos da Igreja | Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: Nascida do coração do Pai | Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: O sonho de Deus para nós! | Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: O Antigo Testamento e a Igreja Católica | Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: O legado de Cristo para o mundo! | Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: Quem estruturou a Igreja? Jesus, o papa, ou os homens? | Estudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana:: Humana e Divina, Visível e Invisível.
Veja também o novo livro do Cadu (Administrador do Blog Dominus Dominus Vobiscum): Maria Sempre Virgem e Santa. Nele você vai encontrar ensinamentos seguros da doutrina da Igreja a respeito da Santíssima Virgem Maria, além das orações mais tradicionais da nossa Igreja à Virgem Mãe de Deus. Vendas apenas pela internet nos sites Clube de Autores e Agbook. Um livro para quem deseja ser mais íntimo de Nossa Senhora.