Série Espiritualidade: “Regra de São Bento”

stbenedictCapítulo 19 – Da maneira de salmodiar

1. Cremos estar em toda parte a presença divina e que “os olho do Senhor vêem em todo lugar os bons e os maus”. 2. Creiamos nisso principalmente e sem dúvida alguma, quando estamos presentes ao Ofício Divino. 3. Lembremo-nos, pois, sempre, do que diz o Profeta: “Servi ao Senhor no temor”. 4. E também: “Salmodiai sabiamente”. 5. E ainda: “Cantar-vos-ei em face dos anjos”.

6. Consideremos, pois, de que maneira cumpre estar na presença da Divindade e de seus anjos; 7. e tal seja a nossa presença na salmodia, que nossa mente concorde com nossa voz.

Capítulo 20 – Da reverência na oração

1. Se queremos sugerir alguma coisa aos homens poderosos, não ousamos fazê-lo a não ser com humildade e reverência; 2. quanto mais não se deverá empregar toda a humildade e pureza de devoção para suplicar ao Senhor Deus de todas as coisas? 3. E saibamos que seremos ouvidos, não com o muito falar, mas com a pureza do coração e a compunção das lágrimas.

4. Por isso, a oração deve ser breve e pura, a não ser que, por ventura, venha a prolongar-se por um afeto de inspiração da graça divina. 5. Em comunidade, porém, que a oração seja bastante abreviada e, dado o sinal pelo superior, levantem-se todos ao mesmo tempo.

Série Espiritualidade: “Regra de São Bento”

stbenedictCapítulo 17 – Quantos salmos deverão ser cantados nessas mesmas horas

1. Já dispusemos a Ordem da Salmodia, dos Noturnos e das Matinas; vejamos agora a das Horas seguintes.

2. À Hora de Prima sejam ditos: três salmos separadamente, não sob um só “Gloria”, 3. e o hino da mesma Hora, que virá depois do versículo ” Ó Deus, vinde em meu auxílio” e antes que sejam começados os salmos. 4. Terminados os três salmos, recitem-se uma lição, o versículo, “Kyrie eleison”, e façam-se as orações finais.

5. Terça, Sexta, e Noa sejam celebradas segundo a mesma ordem, isto é: versículo, hinos de cada uma das Horas, três salmos, lição e versículo, “Kyrie eleison” e as orações finais. 6. Se a comunidade for grande, sejam os salmos cantados com antífona; se for pequena, em tom direto.

7. A sinaxe vespertina consta de quatro salmos com antífonas; 8. depois dos quais deve ser recitada uma lição; em seguida o responsório, o ambrosiano, o versículo, o cântico do Evangelho, a litania, a oração dominical e as orações finais.

9. As Completas compreendem a recitação de três salmos, que devem ser ditos em tom direto, sem antífona; 10. Depois deles, o hino da mesma Hora, uma lição, o versículo, o “Kyrie eleison”, a bênção e as orações finais.

Capítulo 18 – Em que ordem os mesmos salmos devem ser ditos

1. Diga-se o versículo: “Ó Deus, vinde em meu auxílio; apressai-vos, Senhor, em socorrer-me”, o Glória, e depois o Hino de cada uma das Horas. 2. Em seguida, na hora de Prima do domingo, devem ser ditas quatro divisões do salmo centésimo décimo oitavo; 3. nas demais Horas, isto é, Terça, Sexta e Noa digam-se três divisões do referido salmo centésimo décimo oitavo. 4. Na Prima da Segunda feira, digam-se três salmos, a saber: o primeiro, o segundo e o sexto. 5. E assim em cada dia, até o domingo, digam-se na Prima, por ordem, três salmos até o décimo nono; de tal modo que sejam divididos em dois o salmo nono e o décimo sétimo.

6. E faça-se assim, para que sempre se comecem as Vigílias do domingo pelo vigésimo. 7. Na Terça, Sexta e Noa da segunda-feira, digam-se as nove divisões que restam do salmo centésimo décimo oitavo, três em cada Hora. 8. Percorrido, portanto, o salmo centésimo décimo oitavo nos dois dias – domingo e segunda-feira, 9. já na Terça, Sexta e Noa da terça-feira, salmodiam-se três salmos de cada vez, do centésimo décimo nono até o centésimo vigésimo sétimo, isto é, nove salmos. 10. Repitam-se sempre esses salmos pelas mesmas Horas até o domingo, conservando-se de maneira uniforme e todos os dias a disposição dos hinos, bem assim como a das lições e versículos; 11. e, assim sendo, comece-se sempre no domingo com o centésimo décimo oitavo.

12. As Vésperas sejam cantadas diariamente pela modulação de quatro salmos. 13. Esses salmos vão do centésimo nono até o centésimo quadragésimo sétimo, 14. excetuados alguns que dentre esses foram tirados para outras Horas, isto é, do centésimo décimo sétimo ao centésimo vigésimo sétimo, mais o centésimo trigésimo terceiro e o centésimo quadragésimo segundo; 15. todos os demais devem ser ditos nas Vésperas. 16. Como, porém, ficam faltando três salmos, devem ser divididos os mais longos dentre os supracitados, isto é, o centésimo trigésimo oitavo, o centésimo quadragésimo terceiro e o centésimo quadragésimo quarto. 17. O centésimo décimo sexto, por ser pequeno, seja unido ao centésimo décimo quinto. 18. Distribuída, pois, a ordem dos salmos vespertinos, quanto ao restante – isto é, a lição, o responsório, o hino, o versículo e o cântico – proceda-se como determinamos acima.

19. Nas Completas, repitam-se todos os dias os mesmos salmos: o quarto, o nonagésimo e o centésimo trigésimo terceiro. 20. Disposta a ordem da salmodia diurna, distribuam-se igualmente todos os salmos que restam, pelas sete Vigílias da noite, 21. partindo-se, naturalmente, os que, dentre eles forem mais longos e estabelecendo-se doze para cada noite.

22. Advertimos de modo especial que, se porventura essa distribuição dos salmos não agradar a alguém, que ordene como achar melhor; 23. mas, seja como for, atenda a que seja salmodiado cada semana, integralmente, o saltério de cento e cinqüenta salmos e que se comece sempre, de novo, nas Vigílias do domingo, 24. porque os monges que, no decurso da semana, recitam menos do que o saltério com os cânticos costumeiros revelam ser por demais frouxo o serviço de sua devoção. 25. Pois lemos que os nossos santos Pais realizavam, corajosamente, em um só dia isso que oxalá nós indolentes, cumprimos no decorrer de toda uma semana.

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stbenedictCapítulo 12 – Como será realizada a solenidade das matinas

1. Nas Matinas de domingo, 2. diga-se em primeiro lugar o salmo sexagésimo sexto, sem antífona, em tom direto. Diga-se, depois, o quinquagésimo, com “Aleluia”. 3. Em seguida, o centésimo décimo sétimo e o sexagésimo segundo; 4. seguem-se então os “Benedicite”, e os “Laudate”, uma lição do Apocalipse de cor, o responsório, o ambrosiano, o versículo, o cântico do Evangelho, a litania, e está terminado.

Capítulo 13 – Como serão realizadas as matinas em dia comum

1. Nos dias comuns, porém, a solenidade das Matinas seja assim realizada, 2. a saber: recita-se o salmo sexagésimo sexto sem antífona, um tanto lentamente, como no domingo, de modo que todos cheguem para o quinquagésimo, o qual deve ser recitado com antífona. 3. Depois desse, recitem-se outros dois salmos, segundo o costume, isto é, 4. segunda-feira, o quinto e o trigésimo quinto; 5. terça-feira, o quadragésimo segundo e o quinquagésimo sexto; 6. quarta-feira, o sexagésimo terceiro e o sexagésimo quarto; 7. quinta-feira, o octogésimo sétimo e o octogésimo nono; 8. sexta-feira, o septuagésimo quinto e o nonagésimo primeiro; 9. sábado, o centésimo quadragésimo segundo e o cântico do Deuteronômio, que deve ser dividido em dois “Gloria”. 10. Nos outros dias, diga-se um cântico dos Profetas, um para cada dia, como canta a Igreja Romana. 11. A esses seguem-se os “Laudate”, depois uma lição do Apóstolo recitada de memória, o responsório, o ambrosiano, o versículo, o cântico do Evangelho, a litania, e está completo.

12. Não termine, de forma alguma, o ofício da manhã ou da tarde sem que o superior diga, em último lugar, por inteiro e de modo que todos ouçam, a oração dominical, por causa dos espinhos de escândalos que costumam surgir, 13. de maneira que, interpelados os irmãos pela promessa da própria oração que estão rezando: “perdoai-nos assim como nós perdoamos”, se preservem de tais vícios. 14. Nos demais ofícios diga-se a última parte dessa oração, de modo a ser respondido por todos: “Mas livrai-nos do mal”.