Voltando a cantar as coisas de Deus…

Adoração

A nova que dele temos ouvido e vos anunciamos é esta: Deus é luz e nele não há treva alguma. Se dizemos ter comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade. Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. (1Jo 1,5-7)

Estes dias comecei a remexer no velho baú das minhas composições musicais. Encontrei um CD que havia gravado em voz e violão com algumas canções que costumava fazer diante de Jesus Eucarístico nas minhas solitárias adorações, algumas muito boas, diga-se de passagem. Embora não costume falar muito de música aqui no blog, este é um lado meu que andei deixando de lado por “n” motivos, alguns nem tão justificáveis assim. Mas como se diz por ai, deixar de lado algo que é parte de você vai te matando aos poucos. Ah como a música me faz bem! Lembrei do meu bom e querido ministério de música e de animador. Fiquei mexido!

O fato é que fui ouvindo estas canções e quando me dei conta, estava rezando com elas como antigamente. Confesso que não sou lá um grande musicista, nem grande cantor e no máximo um compositor mediano, mas ao longo da minha vida, a música sempre foi uma arma que o Senhor usou para fazer o bem aos irmãos. Só que antes de fazer bem aos outros, cantar estas canções novamente fez um bem enorme a minha alma. Me fez recordar diálogos lindos que tive com o Senhor, situações em que com a graça de Deus consegui vencer, grandes lutas que tive que passar… Enfim, recordar esta história musical verdadeiramente me fez bem.

Partilhando com uns amigos (pessoas que conhecem a minha história e acreditam na minha musicalidade), surgiu a ideia de gravar um CD, desta vez não caseiro, com uma produção de verdade, com alguém que entende do assunto fazendo a produção e os arranjos. Nada para ganhar o EMI, mas para mostrar um pouco destas experiências para os amigos que rezam comigo, que já rezaram ou que vão conhecer esta história. Gravar um CD católico não é um “ganha pão”, nem um prêmio para os grandes músicos, mas é fruto da missão que vivemos e de uma história que precisa ser contada. Certa vez o Eugênio Jorge disse que gravamos um CD quando temos uma história para contar. Depois de tanto tempo, acho que é a hora de enfim contar esta história para quem quiser ouvir.

Falando nisso, é bom dizer que desde que esta moção de Deus soou em mim, este trecho bíblico que citei acima não sai da minha cabeça, sobretudo a primeira verdade fundamental que descobri sobre nosso Pai do céu: Deus é luz e nele não há treva alguma (1Jo 1,5). Esta é a inspiração do projeto, pois no fundo sempre foi esta a inspiração da minha musicalidade. A música de Deus tem o poder de iluminar a nossa alma. E quando digo da música de Deus, não quero dizer apenas a música religiosa, mas a música que fala daquilo que é bom, que é nobre, que é puro e que faz bem porque toca naquele cantinho da nossa alma que nada consegue atingir. Existem muitas músicas não cristãs que fazem muito bem a alma das pessoas.

Concordo com quem afirma que não existe música neutra. Todas as músicas tem efeito em nós: positivo ou negativo. Porém a música que sai de Deus, passa pelo artista e toca nos corações, consegue fazer fluir o que há de melhor em nós. Por isso ela é sempre positiva. E é esta música que gosto de cantar: A música de Deus! A música que fala de Deus e das suas maravilhas! A música que ajuda as pessoas se aproximar do Senhor! E quem me conhece sabe da minha predileção pela MPB. Misture tudo e teremos este projeto!

Para que isto se concretize, peço de coração a oração de todos os leitores deste blog, pois o projeto foi lançado ontem a noite quando Deus começou a reunir as criaturas que hão de trabalhar neste CD: Eu (Cadu), Marcelo Silva e Samuel Vilella e alguns outros que com o tempo devido irão aparecer. São pessoas como eu, meio anônimas, meio conhecidas no mundo da grande música católica, competentes e orantes que blindam seus ministérios com oração e simplicidade.

Aos poucos vamos contando a história desta empreitada e espero que vocês se envolvam e gostem do resultado final. Apensar de muitos de vocês conhecerem as canções Grão de Trigo e Não se deixe desanimar (gravadas pela Eliana Ribeiro), elas não serão gravadas aqui, mas são 10 canções inéditas que iremos aos poucos mostrando. Assim como muitos leitores do blog compraram meus três livros (O homem, Deus e a Religião, As Sagradas Escrituras e Maria Sempre Virgem e Santa), se preparem para conhecer mais este produto, que é fruto de muita oração, muito amor a música católica e ao povo de Deus.

Esta é das antigas: Back na gravação do DVD Monsenhor Jonas - Como é linda nossa família!

Esta é das antigas: Back na gravação do DVD Monsenhor Jonas – Como é linda nossa família!

Série Espiritualidade: “Regra de São Bento”

stbenedictCapítulo 19 – Da maneira de salmodiar

1. Cremos estar em toda parte a presença divina e que “os olho do Senhor vêem em todo lugar os bons e os maus”. 2. Creiamos nisso principalmente e sem dúvida alguma, quando estamos presentes ao Ofício Divino. 3. Lembremo-nos, pois, sempre, do que diz o Profeta: “Servi ao Senhor no temor”. 4. E também: “Salmodiai sabiamente”. 5. E ainda: “Cantar-vos-ei em face dos anjos”.

6. Consideremos, pois, de que maneira cumpre estar na presença da Divindade e de seus anjos; 7. e tal seja a nossa presença na salmodia, que nossa mente concorde com nossa voz.

Capítulo 20 – Da reverência na oração

1. Se queremos sugerir alguma coisa aos homens poderosos, não ousamos fazê-lo a não ser com humildade e reverência; 2. quanto mais não se deverá empregar toda a humildade e pureza de devoção para suplicar ao Senhor Deus de todas as coisas? 3. E saibamos que seremos ouvidos, não com o muito falar, mas com a pureza do coração e a compunção das lágrimas.

4. Por isso, a oração deve ser breve e pura, a não ser que, por ventura, venha a prolongar-se por um afeto de inspiração da graça divina. 5. Em comunidade, porém, que a oração seja bastante abreviada e, dado o sinal pelo superior, levantem-se todos ao mesmo tempo.

Comunicado do Papa Bento XVI sobre a renúncia

O Vaticano confirmou a notícia e afirma que o papado ficará vago até que o sucessor seja escolhido.

Eis as palavras com que Bento XVI anunciou a sua decisão:

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Caríssimos Irmãos,

convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20:00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

Benedictus pp. XVI

Série Espiritualidade: “Regra de São Bento”

stbenedictCapítulo 6 – Do silêncio

1. Façamos o que diz o profeta: “Eu disse, guardarei os meus caminhos para que não peque pela língua: pus uma guarda à minha boca: emudeci, humilhei-me e calei as coisas boas”. 2. Aqui mostra o Profeta que, se, às vezes, se devem calar mesmo as boas conversas, por causa do silêncio, quanto mais não deverão ser suprimidas as más palavras, por causa do castigo do pecado? 3. Por isso, ainda que se trate de conversas boas, santas e próprias a edificar, raramente seja concedida aos discípulos perfeitos licença de falar, por causa da gravidade do silêncio, 4. pois está escrito: “Falando muito não foges ao pecado”, 5. e em outro lugar: “a morte e a vida estão em poder da língua”. 6. Com efeito, falar e ensinar compete ao mestre; ao discípulo convém calar e ouvir.

7. Por isso, se é preciso pedir alguma coisa ao superior, que se peça com toda a humildade e submissão da reverência. 8. Já quanto às brincadeiras, palavras ociosas e que provocam riso, condenamo-las em todos os lugares a uma eterna clausura, para tais palavras não permitimos ao discípulo abrir a boca.

Série Espiritualidade: “Regra de São Bento”

stbenedictCapítulo 5 – Da obediência

1. O primeiro grau da humildade é a obediência sem demora. 2. É peculiar àqueles que estimam nada haver mais caro que o Cristo; 3. por causa do santo serviço que professaram, por causa do medo do inferno ou por causa da glória da vida eterna, 4. desconhecem o que seja demorar na execução de alguma coisa logo que ordenada pelo superior, como sendo por Deus ordenada. 5. Deles diz o Senhor: “Logo ao ouvir-me, obedeceu-me”. 6. E do mesmo modo diz aos doutores: “Quem vos ouve a mim ouve”.

7. Pois são esses mesmos que, deixando imediatamente as coisas que lhes dizem respeito e abandonando a própria vontade, 8. desocupando logo as mãos e deixando inacabado o que faziam, seguem com seus atos, tendo os passos já dispostos para a obediência, a voz de quem ordena. 9. E, como que num só momento, ambas as coisas – a ordem recém-dada do mestre e a perfeita obediência do discípulo – são realizadas simultânea e rapidamente, na prontidão do temor de Deus. 10. Apodera-se deles o desejo de caminhar para a vida eterna; 11. por isso, lançam-se como que de assalto ao caminho estreito do qual diz o Senhor: “Estreito é o caminho que conduz à vida”, 12.e assim, não tendo, como norma de vida a própria vontade, nem obedecendo aos próprios desejos e prazeres, mas caminhando sob o juízo e domínio de outro e vivendo em comunidade, desejam que um Abade lhes presida. 13. Imitam, sem dúvida, aquela máxima do Senhor que diz: “Não vim fazer minha vontade, mas a d’Aquele que me enviou”.

14. Mas essa mesma obediência somente será digna da aceitação de Deus e doce aos homens, se o que é ordenado for executado sem tremor, sem delongas, não mornamente, não com murmuração, nem com resposta de quem não quer. 15. Porque a obediência prestada aos superiores é tributada a Deus. Ele próprio disse: “Quem vos ouve, a mim me ouve”. 16. E convém que seja prestada de boa vontade pelos discípulos, porque “Deus ama aquele que dá com alegria”. 17. Pois, se o discípulo obedecer de má vontade e se murmurar, mesmo que não com a boca, mas só no coração, 18. ainda que cumpra a ordem, não será mais o seu ato aceito por Deus que vê seu coração a murmurar; 19. e por tal ação não consegue graça alguma, e, ainda mais, incorre no castigo dos murmuradores se não se emendar pela satisfação.

Série Espiritualidade: “Como devemos descobrir nossas necessidades a Cristo e pedir sua graça”

jesus-cristo-flageladoDo livro “A Imitação de Cristo”

Voz do discípulo: Ó dulcíssimo e amabilíssimo Senhor, a quem desejo agora devotamente receber, vós conheceis minha fraqueza e a necessidade que sofro; sabeis em quantos males e vícios estou emaranhado, quantas vezes estou oprimido, tentado, perturbado e manchado! A vós peço consolação e alívio. Convosco falo, meu Deus, que sabeis todas as coisas e a quem são manifestos todos os segredos do meu coração; vós sois o único que me pode perfeitamente consolar e socorrer. Sabeis os bens de que mais necessito e quão pobre sou em virtudes.

Eis-me aqui, diante de vós, pobre e nu, a pedir graça e implorar misericórdia. Fartai este vosso pobre mendigo, aquecei minha frieza com o fogo de vosso amor, iluminai minha cegueira com a claridade de vossa presença. Fazei que me seja amargo tudo o que é terreno, que leve com paciência as penas e contrariedades, e que despreze e esqueça todas as coisas caducas e criadas. Levantai o meu coração a vós no céu, não me deixeis vaguear na terra. Só vós, desde hoje para sempre, me sereis doce e agradável, porque só vós sois minha comida e bebida, meu amor e minha alegria, delícia minha e meu único bem.

Oh! se me inflamásseis todo com a vossa presença e me abrasásseis e transformásseis em vós, a ponto de tornar-me um só espírito convosco pela graça da união interior e a força do ardente amor! Não me deixeis sair de vossa presença seco e faminto, mas usai para comigo de vossa misericórdia, como tantas vezes admiravelmente fizestes com vossos santos. E que maravilha fora se todo me abrasasse em vós e me consumisse, sendo vós o fogo que sempre arde e nunca se apaga, o amor que purifica os corações e ilumina o entendimento?

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Série Espiritualidade: “Que a graça da devoção se alcança pela humildade e abnegação de si mesmo”

jesus-cristo-flageladoDo livro “A Imitação de Cristo”

Voz do Amado: Com perseverança deves buscar a graça da devoção, pedi-la com instância, esperá-la com paciência e confiança, recebê-la com agradecimento, guardá-la com humildade, com diligência aproveitá-la, cometendo a Deus o tempo e o modo da celestial visita, até que se digne visitar-te. Deves principalmente humilhar-te quando pouca ou nenhuma devoção sentes em teu interior, sem, todavia, ficar abatido ou entristecer-te demasiadamente. Muitas vezes dá Deus num momento o que negou por largo tempo, e às vezes concede no fim da oração o que no princípio diferiu.

Se a graça fora sempre prontamente outorgada e oferecida à vontade, tanto não podia suportar o homem fraco. Por isso a deves esperar com firme confiança e humilde paciência. Mas atribui a culpa a ti e aos teus pecados, quando te for negada ou ocultamente retirada. Às vezes é bem pouco o que impede ou oculta a graça, se é que se pode chamar pouco e não muito, o que priva de tão grande bem. E se removeres este pequeno ou grande impedimento, e se te venceres perfeitamente, terás o que pediste.

Porque logo que de todo o teu coração te entregares a Deus e não buscares coisa alguma a teu gosto e desejo, mas inteiramente te puseres em suas mãos, achar-te-ás unido a ele e sossegado, e nada te será tão delicioso e agradável como o beneplácito da divina vontade. Todo aquele, pois, que com coração singelo dirige a sua intenção a Deus e se desprende de todo amor ou aversão desordenada a qualquer coisa criada, está bem disposto para receber a graça e digno de alcançar a devoção, porque o Senhor dá a sua bênção onde encontra o coração vazio. E quanto mais perfeitamente alguém renuncia às coisas terrenas e morre a si pelo desprezo de si mesmo, tanto mais depressa lhe advém a graça, mais copiosamente se lhe infunde e mais alto lhe ergue o coração livre.

Então verá, terá alegria abundante e estará maravilhoso; o coração se lhe dilatará, porque a mão do Senhor está com ele (Is 60,5), e em suas mãos ele inteiramente se entregou para sempre. Eis como será abençoado o homem que busca a Deus de todo o seu coração, e não deixa sua alma se apegar às vaidades (Sl 23,5). Esse é que na recepção da sagrada Eucaristia merece a graça inefável da união com Deus, porque não olha para a sua devoção e consolação, mas, sobretudo busca a honra e glória de Deus.

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Série Espiritualidade: Como o homem angustiado se deve entregar nas mãos de Deus

Do livro “Imitação de Cristo”

Senhor Deus, Pai santo! Bendito sejais agora e sempre; porque como quisestes assim se fez, e bom é quanto fazeis. Alegre-se em vós o vosso servo, não em si, nem em algum outro, porque só vós sois a verdadeira alegria, vós a minha esperança e coroa; só vós, Senhor, minha delícia e glória. Que tem vosso servo, senão o que de vós recebeu, ainda sem o merecer? Vosso é tudo o que destes e fizestes. Pobre sou e vivo em trabalho desde a juventude (Sl 87,16), e minha alma se entristece algumas vezes até às lágrimas, e outras se perturba pelos sofrimentos que a ameaçam.

Desejo a alegria da paz, suplico a paz de vossos filhos, a que apascentais na luz da consolação. Se vós me derdes a paz, se vós me infundirdes santa alegria, será a alma de vosso servo cheia de júbilo, entoando devotamente vossos louvores. Mas se vos afastardes, como muitas vezes fazeis, não poderá ele trilhar o caminho dos vossos mandamentos, mas antes se prostará de joelhos, para bater no peito, porque não lhe vai como nos dias passados, “quando resplandecia vossa luz sobre sua cabeça” (Gên 31,2), e encontrava refúgio contra as tentações violentas debaixo da sombra de vossas asas.

Pai justo e sempre digno de louvor! Chegada é a hora em que será provado o vosso servo. Pai amoroso! Justo é que nesta hora sofra alguma coisa o vosso servo por vosso amor. Pai sempre adorável, chegou a hora que de toda a eternidade prevíeis havia de vir, que por pouco tempo sucumba vosso servo exteriormente, mas vivendo interiormente sempre unido a vós. Por pouco tempo seja desprezado e humilhado, abatido diante dos homens e oprimido de sofrimentos e enfermidades, para que ressuscite convosco na aurora de uma nova luz e seja glorificado no céu. Pai santo! foi esta vossa ordem e vontade, fez-se o que ordenastes.

Pois é uma graça que concedeis ao vosso amigo: o sofrer e penar neste mundo por vosso amor, quantas vezes e de quem o permitireis. Sem o vosso desígnio, sem a vossa providência, ou sem causa, nada acontece na terra. É bom para mim, Senhor, que me tenhais humilhado para que aprenda vossos justos juízos (Sl 118,71), e deponha toda a soberba e toda presunção. Proveitoso é para mim “ter o rosto coberto de confusão” (Sl 68,8), para que busque a consolação em vós e não nos homens. Também aprendi por este meio a temer vossos insondáveis juízos; pois afligis o justo com o ímpio, mas sempre com eqüidade e justiça.

Graças vos dou, Senhor, que não poupastes minhas maldades, antes me castigais com duros açoites, enviando-me dores e afligindo-me exterior e interiormente de angústias. De tudo quanto existe debaixo do sol, nada há capaz de me consolar, senão vós, Senhor meu Deus, médico celestial das almas, que feris e sanais, pondes em grandes tormentos e deles livrais (1 Rs 2,6; Tob 13,2). Vosso castigo está sobre mim, e vossa disciplina me ensinará (Sl 17,36).

Pai querido, em vossas mãos estou e me inclino debaixo da vara de vossa correção. Feri-me as costas e o pescoço, para que sujeite minha vontade teimosa à vossa. Fazei-me discípulo devoto e humilde, como sabeis fazer, para que obedeça ao vosso menor aceno. Entrego-me, com tudo que é meu, à vossa correção; pois é melhor ser castigado neste mundo que no outro. Vós sabeis tudo e todas as coisas e nada se vos esconde da consciência humana. Vós sabeis o futuro antes que se realize, e não precisais de quem vos ensine ou advirta das coisas que se fazem na terra. Vós sabeis o que serve para meu progresso e quanto vale a tribulação, para limpar a ferrugem dos vícios. Disponde de mim segundo o vosso beneplácito e não olheis para a minha vida pecaminosa, de ninguém melhor e mais claramente conhecida do que de vós.

Concedei-me, Senhor, que eu saiba o que devo saber, ame o que devo amar; fazei-me louvar o que mais vos agrada, estimar o que vós apreciais, desprezar o que a vossos olhos é abjeto. Não me deixeis julgar pelas aparências exteriores, nem criticar pelo que ouço de homens inexperientes, mas dai-me o discernimento certo das coisas visíveis e das espirituais, e sobretudo, o desejo de conhecer sempre vossa vontade.

Enganam-se, freqüentemente, os homens em seus juízos, e não menos se enganam os mundanos, porque só amam as coisas visíveis. Porventura ficará melhor o homem porque outro o louva? O mentiroso engana ao mentiroso, o vaidoso ao vaidoso, o cego ao cego, o doente ao doente, em lhe fazendo elogios; e na verdade, antes o confunde em lhe tecendo vãos louvores. Porque, quanto cada um é aos olhos de Deus, tanto é e nada mais, diz o humilde S. Francisco.

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Série Espiritualidade: De como não se deve dar crédito a todos, e quão facilmente faltamos nas palavras

Do livro “Imitação de Cristo”

Socorrei-nos, Senhor, na tribulação, porque é vão o auxílio humano (Sl 59,3). Oh! Quantas vezes procurei em vão fidelidade, onde cuidava que a havia! Ah! Quantas vezes a encontrei onde menos a esperava! Vã é, pois, a esperança que se põe nos homens; em vós, meu Deus, está a salvação dos justos. Bendito sejais, Senhor meu Deus, em tudo que nos sucede. Nós somos fracos e inconstantes, facilmente nos enganamos e mudamos.

Que haverá tão cauteloso e vigilante em todas as coisas, que alguma vez não caia em perturbação ou engano? Mas aquele que em vós, Senhor, confia, e vos procura de coração sincero, não cai tão facilmente. E se vier a cair em alguma tribulação, de qualquer sorte que esteja embaraçado nela, prontamente será por vós libertado ou consolado, porquanto não desamparais para sempre a quem em vós espera. Raro é o amigo fiel que persevera em todas as tribulações de seu amigo. Vós, Senhor, sois o único amigo fidelíssimo e não se acha outro igual.

Oh! bem o soube aquela alma santa (Santa Águeda) que disse: “Meu coração está firmado e fundado em Cristo!” Se assim fora comigo, não me perturbaria tão facilmente o temor humano, nem me abalariam as flechas das más palavras. Quem pode prever tudo e precaver-se contra os males futuros? Se os males previstos já ferem tanto, quanto mais os imprevistos causarão feridas dolorosas! Mas por que motivo, sendo eu tão miserável, não me acautelei melhor? Por que tão facilmente dei créditos aos outros? Entretanto, somos homens e nada mais que homens fracos, ainda que muitos se julguem e chamem anjos. A quem hei de crer, Senhor? A quem senão a vós? Vós sois a verdade que não engana nem pode ser enganada. Ao passo que está escrito: “Todo homem é mentiroso (Sl 115,2), fraco, inconstante, inclinado a pecar, mormente em palavras, de sorte que mal se deve logo acreditar o que, à primeira vista, parece verdadeiro”.

Quão prudentemente nos aconselhastes que nos acautelássemos dos homens, e nos dissestes que “os inimigos do homem são os que com ele moram” (Mt 10,36), que não devemos dar crédito se alguém nos disser: Aqui está Cristo! Ou está acolá! À minha custa aprendi esta verdade, e queira Deus que me sirva de maior cautela e não para dar provas de maior insensatez! Toma cuidado, diz-me alguém, e guarda para ti o que te digo. E enquanto me calo e guardo segredo, não pode guardar silêncio aquele que me pediu segredo, senão logo descobre a si e a mim e lá se vai. De homens tais, palradores e desacautelados, livrai-me, Senhor, para que não caia em suas mãos nem cometa semelhantes faltas. Ponde em minha boca palavras sérias e sinceras, e apartai de mim o embuste da língua. A todo custo devo evitar o que não quero aturar dos outros.

Oh! Como é bom, para viver em paz, calar dos outros, não crer tudo indiferentemente, nem repeti-lo logo a outrem; abrir-se a poucos e buscar sempre a vós, o perscrutador do coração; não se mover com qualquer sopro de palavra, mas desejar que todas as coisas exteriores e interiores se façam conforme o beneplácito da vossa vontade. Que meio seguro para conservar a divina graça, fugir do que cai na vista dos homens, e não desejar o que possa granjear-nos a admiração dos homens, antes procurar, com toda solicitude, o que serve para emenda da vida e fervor da alma! A quantos prejudicou a virtude divulgada e prematuramente elogiada! Quanto proveito, porém, traz conservar a graça do silêncio, durante esta vida tão frágil, que não é mais que contínua tentação e peleja!

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Podcast:: Conformar-se a vontade de Cristo

É com alegria que comunico o retorno dos podcasts! Devido a correria no trabalho e o casamento que se aproxima, não pude por um breve tempo colocar novos podcasts no Dominus Vobiscum. Voltamos ainda no tempo de quaresma para falar sobre o convite que o Senhor nos faz: Conformar-se a vontade de Cristo.

Somos chamados a seguir Cristo e tornarmo-nos outro Cristo. O convite é que sejamos imitadores do Senhor. De nada adianta afirmar ser cristão se os nossos gestos, palavras e atitudes não condizem com os ensinamentos de Jesus. Vale a pena conferir!

Na oração desta semana, vamos rezar por todas as pessoas que tem medo exagerado, síndrome do pânico e fobias diversas. Se você vive esse problema ou conhece alguém que vive, vale a pena ouvir. Cantando para nós, Suely Façanha.

[audio http://ceccn.podomatic.com/enclosure/2012-03-11T19_20_15-07_00.mp3]

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