Do Evangelho Quotidiano
Naquele tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como João também ensinou os seus discípulos. Disse-lhes Ele: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; dá-nos o nosso pão de cada dia; perdoa os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixes cair em tentação.(Lc 11,1-4)
Comentário feito por São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago, mártir
Como são numerosas e intensas as riquezas da oração do Senhor! São coligidas em poucas palavras, mas de uma densidade espiritual inesgotável, a ponto de nada faltar neste resumo perfeito do que deve constituir a nossa oração. Está escrito: Orai assim: Pai Nosso, que estais nos céus.
O homem novo, que nasceu de novo e foi conduzido a Deus pela graça, diz primeiro: Pai, porque se tornou Seu filho. O Verbo, a Palavra de Deus, veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. Mas a quantos O receberam, aos que n’Ele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,11-12). Aquele que acreditou no Seu nome e se tornou filho de Deus deve começar por dar graças e proclamar que é realmente filho de Deus. […] Mas não basta, irmãos bem-amados, termos consciência de que invocamos o Pai que está nos céus; também acrescentamos: Pai nosso, ou seja Pai dos que crêem no Seu Filho, dos que se santificaram por Ele e nasceram de novo pela graça espiritual: esses tornaram-se realmente filhos de Deus. […]
Quão grande é a misericórdia do Senhor, quão grandes são a Sua benevolência e a Sua bondade, para nos permitirem orar assim na presença de Deus, a ponto de Lhe chamamos Pai! Como Cristo é Filho de Deus, assim nós também somos chamados filhos. Nenhum de nós teria ousado empregar esta palavra na oração: foi necessário que o próprio Senhor nos encorajasse a isso.
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