Entenda o Motu Proprio do Papa Francisco que regula tradução de textos litúrgicos

O Vaticano publicou no último dia 09 (de setembro) a modificação do cânon 838 do Código de Direito Canônico, na qual estabelece a necessidade da confirmação da Sé Apostólica para a tradução e adaptação de textos litúrgicos.

Entenda o Motu Proprio do Papa Francisco que regula tradução de textos litúrgicos

Eu não vou repetir aqui no blog os textos que os outros portais de comunicação católicos já fizeram. Você pode acompanhar tudo nas matérias abaixo:

ACI Digital;
Portal Católico;
Agência Ecclesia;
Blog Direito Canónico;
Portal Zenit.

O motu proprio “Magnum principium”, foi assinado pelo Papa Francisco em 3 de setembro de 2017 e já começará a valer no dia 01 de outubro. Mas traduzindo em miúdos o que isso quer dizer?

Entenda o que aconteceu…

Você sabe as orações litúrgicas que são feitas em todas as missas? Pois bem, elas atualmente são apenas traduzidas do latim para a língua do povo (por exemplo, no Brasil elas são traduzidas para o português, na Itália são traduzidas para o italiano e assim segue-se o modelo para todos os países) . No entanto ainda assim, a linguagem é de difícil entendimento por parte de muitos. Tem muita gente que não consegue entender a Oração Eucarística pelo simples fato do texto não ser preparado para o português.

Quem já trabalhou com tradução sabe que não basta simplesmente traduzir palavras: é necessário adaptar o sentido de frases e orações para a língua a que se destina traduzir.O que o Papa Francisco autorizou, é que as conferências episcopais (aqui no Brasil temos a CNBB), por terem pessoas que dedicam assiduamente a isso e que conhecem melhor forma do povo daquele lugar receberem a mensagem, fazer alterações pontuais na estrutura dos textos para que estes sejam melhor entendidos por todos, no entanto para que ela comece a vigorar, seria necessário a confirmação de Roma.

E o que muda?

Na prática, para os católicos o que poderá mudar é que a partir desta data, é que as comissões episcopais irão rever todas as traduções feitas até aqui e sugerir mudanças pontuais. O rito segue o mesmo. O que poderá mudar aqui ou ali são palavras e frases inseridas no rito. E no fim das contas a palavra final sobre tudo isso permanece com o Vaticano, que confirmará ou não tais mudanças.

Na minha opinião isso é bom por algumas razões:

  • A missa vernacular se tornará mais fácil para o entendimento dos católicos mais simples, ou  que tem uma formação catequética menos aprimorada;
  • Vai acabar aquele “lenga-lenga” sem fim entre tradicionalistas e modernistas;
  • Vai amarrar todo processo litúrgico de uma forma simples e definida: as Comissões Episcopais sugerem, Roma confirma ou não e ponto final.

Resta agora aguardar como isso tudo vai se desenrolar, sobretudo aqui no Brasil onde temos a CNBB. Como já disse antes, respeito muito a nossa Comissão Episcopal, porém nesses quase dez anos de blog, já denunciei algumas trapalhadas feitas por parte de alguns assessores que infelizmente ligados a Teologia da Libertação fizeram coisas dignas de tais reprovações. Espero e peço aos senhores bispos que conduzam este processo com sabedoria e prudência, fazendo o melhor para Igreja e seu rebanho  (não para o povo, nem para movimentos e pastorais).

Dominus Vobiscum

Formação para músicos:: Podemos cantar o Sinal da Cruz?

3803460179_cc86f0518f_zCantar o Sinal da Cruz na missa é até permitido desde que se obedeça o que ensina o Missal e não se proclame frases heréticas. Na minha opinião, compor um canto para fazer o sinal da cruz da forma correta é algo dificílimo, e eu não conheço nenhum canto para isso que seja litúrgico. Hoje, penso que o melhor caminho, ainda é fazer o sinal da cruz da forma rezada.

Vamos entender?

Quando digo frases heréticas estou falando no sentido estreito da expressão. Pronunciar uma frase herética, não faz de você um herege, mas faz com que muitos bons católicos pronunciem algo que não uma verdade de fé. Algo não condizente da fé católica. O problema é que muitas vezes os músicos católicos (quando não os próprios padres) induzem o povo a proferir frases heréticas já no começo da missa. Mas que tipo de heresia estamos nos referindo?

Nos séculos II e III algumas doutrinas heréticas começaram a ser propagadas entre os católicos. Entre elas: monarquianista (adocionismo), subordinacionismo e Sabelianismo. Todas estas falsas doutrinas negavam de uma certa forma a Santíssima Trindade, dizendo que cada pessoa da trindade era uma pessoa distinta, e não três pessoas em uma conforme ensina o Magistério da Igreja. E a Igreja foi clara combatendo estas heresias afirmando que quando traçamos sobre nós o sinal da nossa fé, o fazemos da seguinte forma:

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Perceba que a frase acima, une as três pessoas em uma só. É assim que deve ser. A palavra “Nome” indica a substância de Deus. Ora, a substância de Deus é uma só. O Filho e o Espírito Santo têm a mesma substância do Pai. São consubstanciais ao Pai. Por outro lado, quando cantamos músicas como…

Em nome do Pai,
 Em nome do filho,
 Em nome do Espírito Santo…”

Estamos proferindo uma frase herética, pois separamos as três pessoas. Neste segundo exemplo estamos afirmando que não estamos na missa por causa de um Deus que é Uno e Trino, mas em nome de três pessoas distintas. Veja, não estou criticando os compositores católicos que fizeram músicas com esta fórmula, mas mostrando o que de fato é a doutrina católica. Talvez eles nem soubessem deste detalhe. Eis porque eu digo que músico católico precisa conhecer doutrina e liturgia. Muitas vezes a música é linda, mas fere a fórmula litúrgica e a doutrina católica.

Além disso, se você deseja cantar o sinal da Cruz, você deve usar a fórmula literal, sem repetir e sem acrescentar nenhuma outra frase.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. É isso e acabou… A missa segue. Não tem “bis”, repetecos, outras frases ou refrões.

Agora, se você deseja realmente cantar o Sinal da Cruz da forma corretamente litúrgica, fica o desafio de você tentar compor uma canção extremamente curta e breve. Algo que no meu entender é praticamente impossível.

Pax Domini

Veja também: Você sabe a diferença entre uma música litúrgica e uma música religiosa? | Ao cantar na missa qual a minha postura com relação as palmas?|Guitarras e bateria na missa? Dicas importantes para minimizar as reclamações e participar bem da liturgia | Que músicas escolher para o canto de entrada?

Formação para músicos: Que músicas escolher para o canto de entrada?

O Canto de entrada é o primeiro canto da Celebração Eucarística. Na minha opinião é um dos cantos mais difíceis para escolhermos, se levarmos em consideração que cada missa tem leituras particulares, coisa que este canto deve considerar. Mas antes de falarmos dos critérios para a escolha de um bom canto de entrada, é preciso entender porque cantamos neste momento.

Em primeiro lugar, é preciso que você saiba que este canto não é “obrigatório” dentro do rito, mas acompanha a procissão de entrada (entrada do sacerdote, ministros, acólitos, etc). Ele pode (sem problema algum) ser suprimido, ou seja, não cantado. Neste caso usamos a antífona de entrada que pode ser recitada pelos fiéis, ou pelo sacerdote que pode adaptá-lo a modo de exortação inicial. (IGMR 47-48). Repito: O importante não é o canto, mas a procissão da entrada.

É preciso entender que a procissão de entrada quer nos mostrar em cada missa que Deus caminha ao nosso encontro: esse é o real sentido da procissão de entrada. Em diversas passagens bíblicas diversas vemos o povo de Deus caminhando, seja em busca da terra prometida, seja em busca da libertação, seja a caminho de Jerusalém, seja ao encontro de Jesus.

Por isso neste momento a assembleia deve ficar de pé, aclamando a Cristo na presença do sacerdote, que vem ao nosso encontro, com toda sua majestade, seu poder e sua autoridade, para celebrarmos juntos os mistérios do sacrifício da missa.

É importante que se diga: Quem preside o ato litúrgico é o próprio Cristo, que se une a nós e se oferece a si mesmo e ao Pai em nosso favor. O sacerdote, quando se veste para celebrar a missa, já não está ali, mas o próprio Cristo! Mesmo o padre sendo um pecador, mesmo você tendo dificuldades com o seu sacerdote, não importa! É o próprio Cristo quem celebra a missa! Cristo faz do padre um instrumento: independente de suas limitações, independente do seu estado físico e espiritual, é o poder de Deus que vem até nós e nos faz conduzir ao Pai.

Quando o povo já está reunido, enquanto o sacerdote faz o seu ingresso com os ministros, se inicia o canto de entrada. A função própria deste canto é de dar início à celebração, favorecer a união dos fiéis reunidos, introduzir o seu espírito no mistério do tempo, litúrgico ou da festividade e acompanhar a procissão de entrada (Instrução Geral Missal Romano 25).

Segundo a Instrução Geral do Missal Romano, a finalidade do canto de entrada é:

– Abrir a celebração;
– Promover a união da assembleia;
– Nos introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros.

Ou seja:

O canto de entrada (ou de abertura) possui a finalidade de unir a assembleia e introduzi-la no mistério que será celebrado, de acordo com a liturgia do dia. Portanto os animadores litúrgicos tem a missão primeira de estimular a participação dos fiéis.

Agora vem a célebre pergunta: E quais os critérios que devemos ter para escolher o canto de entrada?

As regras básicas são:

– Cantar a antífona com seu salmo (Gradual Romano ou do Gradual simples) – Esta é uma prática pouco comum entre os católicos hoje, porém é belíssimo quando o vemos;

– Escolher outro canto condizente com a ação sagrada e com o tempo litúrgico, e cujo texto tenha sido aprovado pela conferência dos bispos. – É justamente aqui que mora o perigo! Embora esta prática seja a mais comum entre os animadores litúrgicos, é normal encontrarmos em algumas paróquias erros e até abusos, onde os músicos usam critérios equivocados para escolher as músicas.

Se você vai escolher um canto de entrada para a celebração em que vai tocar ou cantar, esteja atento (a) a alguns detalhes:

1. Saiba em que tempo litúrgico você está. Por exemplo: no tempo pascal deve-se cantar a ressurreição; no tempo do natal deve-se cantar sobre a encarnação e o nascimento de Cristo; no advento cantemos sobre a expectativa da espera da vinda do Salvador; já na quaresma cantemos sobre penitência e mudança de vida…

2. Leia antecipadamente as leituras do dia. Veja o salmo e TODAS AS ANTÍFONAS: O canto nos introduz no mistério do tempo, do dia ou da festa? Quais são as suas ligações com a Liturgia da Palavra do dia? É preciso que você saiba que Deus não nos fala apenas nas leituras e na homilia, mas também em todas as antífonas. Um bom animador litúrgico precisa conhecer todos os momentos em que Deus nos fala.

3. O canto de entrada deve ser um canto que expressa a alegria de estarmos reunidos para celebrar os mistérios de nossa salvação.  Veja que estamos falando de alegria, não de algazarra. Alegria é uma coisa. Bagunça e algazarra é oura coisa. Somos comunidade e precisamos viver este momento juntos. Não podemos escolher um canto especialmente para jovens só porque é a “missa dos jovens”, ou uma música mais antiga só porque é a missa onde tem mais idosos. 

4. Não podemos escolher a música da moda, a música que “galera pede” e muito menos a música que vai “agitar o povão”. Lembre-se: Missa é missa, show é show, grupo é grupo e pastoral é pastoral. Existem músicas de são perfeitamente adequadas para serem usadas na procissão de entrada mas são mais lentas. Canto de entrada não é pra “botar pra quebrar”… Lembre-se disso!

Como proceder?

O Canto de entrada deve durar até o beijo do celebrante no altar. É um canto de movimento, deve expressar a marcha do povo de Deus, deve ser um canto com ritmo cadenciado para acompanhar os passos da procissão. Quantos sacerdotes não reclamam (e com razão) que ficaram esperando o ministério tocar para dar seguimento a Celebração Eucarística?

O animador precisa cantar atento ao que acontece no altar. Não deve cantar de olhos fechados ou simplesmente achando, “que é hora do show”. É preciso bom senso.

Penso que seguindo estas dicas, o animador litúrgico não erra. Sei que muitos conhecem estas regras e muitos que erram por desconhecerem estas instruções. Mas agora fica a dica: Reúna-se com a sua equipe de animação litúrgica e conversem sobre isso, separando cânticos apropriados para a entrada da Santa Missa. Um bom repertório é essencial!

Até a próxima!
Pax Domini

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Formação para músicos: Guitarras e bateria na missa? Dicas importantes para minimizar as reclamações e participar bem da liturgia

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O órgão ainda é o instrumento mais apropriado para tocar na Santa Missa. Mas onde encontrar um organista hoje em dia? Complicado viu!

Hoje o uso de instrumentos como violão, contrabaixo, guitarra e bateria são comuns nas missas das diversas paróquias espalhadas no Brasil. Porém há alguns anos atrás, isto não era tão natural assim. O instrumento mais presente da Igreja era o órgão, e os cantos eram apenas em latim. De lá para cá o uso destes instrumentos foi aos poucos se espalhando, agradando a uns e desagradando a outros. Mas e ai?

Chegamos a outra polêmica que na minha opinião está longe do fim. Os mais conservadores querem a extinção destes instrumentos e os mais “moderninhos” amam isso nas missas. A situação é complexa. Eu particularmente tenho a minha opinião. Perguntei a muitos sacerdotes a respeito do que penso. O que vou escrever aqui a minha opinião mostrando obviamente os meus argumentos. Como animador litúrgico eu tenho um pensamento que se não resolve a polêmica, poderia ajudar e muito na estrita convivência entre os que gostam ou não de tais instrumentos na eucaristia.

A Igreja criou um documento chamado Sacrossantum Conciluim, que trata da Sagrada Liturgia. Somente para explanar meu pensamento, vou citar apenas um dos parágrafos, depois leiam o texto. Será de grande valia para todos.

Tenha-se em grande apreço na Igreja latina o órgão de tubos, instrumento musical tradicional e cujo som é capaz de dar às cerimônias do culto um esplendor extraordinário e elevar poderosamente o espírito para Deus.

Podem utilizar-se no culto divino outros instrumentos, segundo o parecer e com o consentimento da autoridade territorial competente, conforme o estabelecido nos art. 22 § 2, 37 e 40, contanto que esses instrumentos estejam adaptados ou sejam adaptáveis ao uso sacro, não desdigam da dignidade do templo e favoreçam realmente a edificação dos fiéis. (Sacrossantum Conciluim § 120)

Este documento reconhece em primazia como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano e o uso do órgão como instrumento mor da liturgia. Porém também reconhece a necessidade da participação ativa dos fiéis na liturgia, e permite o uso de outros instrumentos (sem citar nenhum além do órgão) de acordo com a cultura do local para a edificação dos fiéis. Apesar de tudo, o documento deixa claro que a liturgia deve se adaptar à realidade cultural de cada diocese, estimulando, inclusive, a criação de cantos populares para uso em ações litúrgicas, e deixa a critério do bispo (a autoridade episcopal territorial) o julgamento da conveniência de instrumentos e cânticos.

Então no meu entender (e aqui cabe a minha interpretação ok?) não existe nada explicitamente claro dizendo este ou aquele instrumento é proibido. O problema está no uso que fazemos dos instrumentos.

Talvez alguns mais interessados em estudar os documentos da Igreja apresentem o documento de São Pio X, no motu próprio Tra le solicitudine – sobre música Sacra – dizendo que se proíbem este ou aquele instrumento. Tudo bem, mas no mesmo documento diz:

Posto que a música própria da Igreja é a música meramente vocal, contudo também se permite a música com acompanhamento de órgão. Nalgum caso particular, com as convenientes cautelas, poderão admitir-se outros instrumentos nunca sem o consentimento especial do Ordinário, conforme as prescrições do Caeremoniale Episcoporum. (Tra le solicitudine § 15)

É verdade que o documento chega a citar uma proibição para piano, instrumentos fragorosos, tambor, bombo, pratos e campainhas. Porém é preciso pensar no contexto da época. Naquele tempo esta era uma preocupação para que a música que era meramente vocal, não fosse sufocada pelo som dos instrumentos (é preciso lembrar que naquele tempo não havia microfones, aparelhos sonoros… era tudo na base da goela mesmo). E mesmo assim, houveram casos onde a percussão se mostrou solene. Ouça o Requiem, de Verdi. Ouça a Missa Solemnis, de Beethoven. São obras feitas para momentos litúrgicos, que têm bumbos, tímpanos, pratos… E são só dois exemplos num vasto universo.

Outro ponto interessante é que São Pio X cita o Caeremoniale Episcoporum. É importante dizer que o Concílio Ecumênico Vaticano II mandou reformar todos os ritos e livros sagrados, tornando-se por isso necessário refundir integralmente e editar em novos moldes o Cerimonial dos Bispos. Ele diz entre outras coisas:

Todos aqueles que têm um papel especial a desempenhar no que respeita ao canto e à música sacra, seja o regente do coro, sejam os cantores, seja o organista, ou outras quaisquer pessoas, observem cuidadosamente as normas prescritas para essas funções, insertas nos livros litúrgicos e noutros documentos publicados pela Sé Apostólica. ( Caeremoniale Episcoporum § 39)

Estou dizendo isto não para entrar na polêmica (sim eu já sei que você que é tradicionalista ou sedevacantista talvez já esteja pensando em me escrever um comentário do tamanho do mundo. Mas calma…). O que eu quero é mostrar que enquanto a Igreja não falar claramente sobre o assunto como fez com relação ao Rito da Paz, a polêmica continuará e sinceramente não tem ninguém no mundo que faça o quadro mudar. Até na JMJ2013, a missa foi tocada com instrumentos normais e não vi ninguém enchendo as “paciência” por causa disso. Porém…

Há de se reconhecer que muitos não que gostam destes instrumentos na missa, tem lá uma certa razão, não pelos instrumentos em si, mas sobretudo em virtude dos que usam os instrumentos: os músicos!

tocar guitarra

Um dos grandes problemas com relação a outros instrumentos senão o órgão é a falta de simancol de certos músicos (não de todos ok?). Missa não é show!

Gente, é como eu sempre digo: Missa é missa, grupo de oração é grupo de oração, pastoral é pastoral, show é show. Se você se propõe a tocar na missa, aprenda liturgia. Estude, se esforce para fazer o certo. Não seja um desobediente irrecuperável. Pare de questionar, por que na boa, a missa é maior que você. E digo mais: Se um dia você faz beicinho e resolve deixar de tocar na missa, pode até demorar, mas uma hora aparece outro que toca melhor, ou que é mais obediente (o que é de muito mais valia), e você com o seu orgulho e rebeldia vai cair no limbo do esquecimento. Então o que fazer?

Separei algumas dicas que podem ajudar a diminuir as críticas na sua paróquia. Enquanto o pode ou não pode não chega a um desfecho, as missas continuarão sendo tocadas pelos grupos de animação litúrgica. Porém a possibilidade e a necessidade de minimizar as reclamações é possível e viável.

1. Ensaie os cantos da missa

Um músico, ou um grupo de músicos que desejam a tocar em uma missa precisa ensaiar. Sem ensaio, nem toque. Mesmo que você seja o ban ban ban da sua paróquia, eu repito: sem ensaio, não toque. Missa não é encontro de músicos que improvisam com sucesso. Ou você leva a coisa a sério ou não vai. Você não tocaria assim se estivesse diante de uma assembleia de cheia de excelentes músicos. Então saiba que na missa, você toca para o melhor instrumentista do mundo. Então se liga!

2. Coloque os melhores músicos para tocar

Não é que o teclado, bateria, baixo ou violão são instrumentos ruins. Até o orgão é ruim, quando o músico é meia boca. Desculpe a franqueza, mas se você se propõe a tocar na missa, se esforce para tocar e cantar bem. Não dá para aguentar um músico sofrível que nem sabe afinar seu instrumento. Se você está aprendendo, toque no seu grupo de oração, na sua pastoral, na catequese, mas na boa, seja humilde e deixe a missa para quem tem mais experiência. Vá chegando aos poucos. E os músicos que já são experientes, ajudem os mais novos. Não estou dizendo para que você parar de tocar. Estou dizendo que você precisa ser bom no que faz, e se não é, se avalie, faça uma parada, estude, se aprimore e volte.

3. Chegue cedo e em silêncio

Se você ensaiou, sabe o que vai fazer e está em paz, chegue cedo, ligue seu instrumento, afine-o (se houver necessidade), passe uma música e pronto. Vá rezar e se preparar para tocar na missa. Um erro fatal dos músicos católicos: Chegam, ligam tudo, passam o som e ficam do lado de fora batendo papo. Enquanto isso a comunidade reza o terço. Gente isso é horrível! Além de falta de senso comunitário, é falta de respeito com Nossa Senhora e falta de respeito com o seu papel da na Eucaristia como animador. A oração acalma a alma e o coração. E o silêncio também é bom antes de tocar! Por que não rezar antes da missa? Acaso você é melhor que os outros? Está acima do bem e do mal? Calma man… Definitivamente a coisa não é por ai.

4. Não use solos na missa

Irmãos, missa não tem solo de guitarra, de flauta, de bateria, de nada. Os instrumentos servem para sustentar o canto. Portanto deixe os solos para outro momento. Ainda que a música que você vai tocar tenha um solo no CD original, quando você vai cantá-la ou tocá-la na missa você deve evitar os solos. No máximo o que você pode fazer é: em caso da missa estar muito cheia e você ter de repetir a música várias vezes (comunhão por exemplo), você pode “solar” a música usando as mesmas notas do canto, intercalando com a voz. Mas atenção: Faça isso se tiver segurança. Uma nota errada, pode atrapalhar quem está rezando.

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Atenção músico católico: Vai tocar na missa, então chegue cedo, ligue, afine, passe uma música e fique em silêncio. Tem gente que quer rezar e se atrapalha com seu barulhinho…

5. Acabe com o ding, ding, ding antes da missa

Se tem gente que é contra os instrumentos na missa, este é um dos grandes motivos. Coisa chata é a pessoa querer rezar antes da missa e o abençoado do músico ficar ali tocando nada por nada, solando nada por coisa nenhuma só fazendo barulho. Isso quando não fica tocando, rindo e conversando na hora do terço. Poxa irmãos! Se você não faz isso, beleza. Mas se você faz, desculpa, mas nem é questão de formação. É falta de simancol mesmo! Se vai passar um canto, todo mundo passa junto. Não vai passar nada, fique em silêncio. Nada de conversar mesmo antes da missa começar. Gente a casa de Deus merece respeito. E as pessoas que lá estão também. Chegou, ligou, afinou, passou uma música, fique em silêncio. Ah! E desligue a porcaria do celular. Nada de facebook dentro da Igreja. Você é animador litúrgico e não da Pascom. 🙂

6. Observe a estrutura física da sua Igreja

É preciso ter a compreensão de que nem toda Igreja pode ter uma bateria acústica. Existem igrejas que são antigas e belas, mas a sua acústica é horrível. Dai o baterista chega, monta sua batera e “senta a mão”. Resultado: Todo mundo reclama e com razão. O barulho é amplificado pois ecoa. Um dos motivos para que o povo reclame das baterias é justamente esse. Se a sua paróquia é assim, não invente e nem tente dar um jeitinho: Consiga uma bateria elétrica ou até use um “cajon”. Do mesmo jeito todos os outros instrumentos. Em igrejas mais acústicas, baixe o volume do som.

7. Observem o som e o volume dos instrumentos

É horrível quando você está na igreja e o povo começa a reclamar da altura dos instrumentos. É importante saber que na liturgia, a voz é prioridade. As pessoas precisam ouvir o animador, se ouvirem cantando, e ouvir os irmãos. Ai você vê em alguns grupos que tem aquele carinha metido a pop star que diz que não está se ouvindo, e aumenta o bendito do som do instrumento. Ai o outro aumenta. O outro depois. Quando percebemos está um barulho terrível! Resultado: Reclamação, xingação e tumulto. E culpa de quem? Do bendito “show man, metido a pop star” que só gosta de som nas alturas e que merece um pedala para ver se aprende. Agora uma boa dica: Arrumem uma pessoa para mexer no som durante a missa. Assim acaba a bagunça. Um “técnico de áudio” é tão útil quanto o cantor.

8. Marque o tempo das músicas

Esta é exclusivamente para os bateristas que muitas vezes são os mais criticados e com razão. Missa não é lugar para “sentar a mão na batera” mesmo se a acústica da igreja for favorável. Missa não é lugar para grandes viradas. Se a música precisa de uma virada, faça de modo suave e sucinto. Na missa a bateria deve unicamente “marcar” o tempo das músicas. Não só a bateria mas a percussão. Se a sua Capela tem uma acústica boa para bateria, ainda assim prefira baquetas tipo vassourinha. Eu sei que bateristas não gostam e preferem baquetas mais duras, cujo o som é mais estridente. Porém na missa o som deve ser mais suave. Com certeza as reclamações com a sua bateria vão diminuir.

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Atenção bateristas do meu Brasil varonil: Na missa, relaxa a mão, marca o tempo e evita grandes viradas. Vai na fé….

9. Prefira notas harmônicas

Quando você tocar na Santa Missa não use acordes dissonantes em seu instrumento. Dissonância já diz: é uma dissonância, é uma harmonia na qual entram notas que não são harmônicas, muito usadas no jazz, na bossa nova e outros estilos de música. Mas na liturgia devemos usar acordes mais simples: tônicas, terceira, quinta, uma sétima menor, às vezes, uma quarta suspensa, que é uma nota de passagem. Porque, se você usar dissonância, as pessoas não vão mergulhar em Deus, pois essas notas dissonantes na liturgia podem despertar outros desejos no corpo, na mente e no espírito e também na sexualidade das pessoas. Porque os acordes dissonantes são gerados exatamente para mexer com a pessoa; na liturgia temos que tocar acordes doces para o bem do Reino de Deus.

10. Evite firulas com a voz. Cuide da afinação

Quem canta também precisa ser sóbrio quando canta na missa. É preciso entender que ali você está cantando para ajudar o povo a cantar. Evite “Ahhhhh”, “Uouou” e modulações excessivas. Cante reto e use as respirações corretas. E isto se aplica também ao salmo. Se você cantar em grupo, a maior dica é cantar reto e uníssono. Se você for fazer abertura de vozes, ensaie antes. Mas atenção: Para uma abertura de voz ficar bonita, é preciso que os instrumentos toquem em cima da mesma harmonia. Se não a coisa degringola…

Se você levar em consideração estas dicas, eu garanto que 70% das reclamações por causa do uso de certos instrumentos serão resolvidas. E garanto que você ganha, seu ministério ganha, a assembleia ganha, o padre ganha, e Jesus agradece.

Pax Domini

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Formação para músicos: Ao cantar na missa qual a minha postura com relação as palmas?

E fica a pergunta: Como deve se portar um animador litúrgico com relação as palmas na missa?

A polêmica a respeito das palmas na missa não é de hoje. Desde muito tempo acompanho esta discussão que parece não ter fim. De fato segundo o professor Felipe Aquino, bater palmas na missa não é uma atitude muito adequada (veja o vídeo abaixo).

Certamente esta é uma discussão antiga que só vai ter fim quando sair uma outra carta circular como a deste fim de semana último. Por que quem defende as palmas tem as suas alegações. Bom, garanto que se um dia isto acontecer nosso blog mostrará o fato, sem abrir mão da sua tradicional acidez. (brincadeirinha tá?)

Um dos melhores blogs que conheço – O Catequista – escreveu um post que concorda com o que ensina o Professor Felipe Aquino, muito embora afirme sabiamente que não vale a pena fazer disso um cavalo de batalha e travar um guerra santa por este motivo. Eles trazem em um de seus posts um vídeo descoberto recentemente (ao menos por mim) em que o Papa João XXIII, considerado por tantos como um papa “moderninho” pede (até de forma carinhosa, tipo docinho) para o pessoal “maneirar” nas palmas…

Eu também tenho a mesma opinião: Não acho que sejam corretas as palmas na missa por achar que a missa é o Sacrifício de Nosso Senhor e como tal, não é o momento para palmas e festas, muito embora pense que é muita polêmica para pouco assunto. Os motivos que discordo são os mesmos que já foram citados acima e penso que não vale a pena repetir todo o texto. Ficaria um post demasiadamente longo. Todavia é preciso que eu diga que na minha caminhada na fé, já bati muitas palmas na missa. E o pior: Já animei muitas missas pedindo para as pessoas acompanharem os cantos com palmas. Mas graças a Deus, a muitas conversas com pessoas mais experientes que eu, e a muita leitura, hoje penso diferente. Como disse em outro post: Errei por desconhecimento e não por rebeldia.

É que como muitos músicos católicos eu fazia parte daquela turma que canta na missa, toca na missa, mas não estuda a missa. Um dos maiores erros dos animadores litúrgicos é não gastar tempo para estudar liturgia. Estudamos canto, estudamos instrumentos, estudamos um monte de coisa. Liturgia que é bom nada! Só que quando nos dedicamos um tempo para isso, entendemos que não é preciso muita coisa para entender que as palmas na missa não são necessárias e não fazem falta na vida de ninguém.

Em tempo: É possível bater palmas em um grupo de oração, na pastoral que você participa, no movimento que você faz parte, em um show de música católica… Tudo isso é possível! O único momento em que isto não é viável é no momento da Santa Eucaristia.

Até se prevê palmas em alguns poucos momentos da liturgia, mas nenhum deles envolve músicas. Veja:

  • Podemos bater palmas para acolher um neo batizado;
  • Podemos bater palmas para demonstrar alegria após o consentimento dos noivos, no Ritual do Matrimônio;
  • Podemos bater palmas na criação de novos cardeais;
  • Podemos bater palmas na posse de párocos.

Porém o grande questionamento deste post nem é este. A grande questão que estou propondo é: Sou animador litúrgico. Canto nas missas, e na minha paróquia as palmas já são uma coisa normal sobretudo na hora dos cantos. Como mudar este quadro? Posso fazer algo?

A primeira coisa a dizer é que até na hora dos cantos é interessante que não se batam palmas. Estou sendo radical? Não.

O problema é que o canto litúrgico tem como forte as letras. Como diz a CNBB no curso para animadores litúrgicos: Na liturgia, a letra precede a melodia. O grande diferencial de um canto litúrgico é que as letras das músicas precisam entrar em nosso coração e elas (se bem escolhidas) vão fazer parte do conjunto que é a liturgia. As palmas e a agitação muitas vezes nos impedem de entrar na música e consequentemente no restante da liturgia. E se não atrapalham a você, certamente podem atrapalhar outras pessoas que estão na missa. É importante ressaltar que a missa não é exclusividade de um grupo, mas de toda a paróquia. Ali existem pessoas que se sentem mais a vontade para entrar na liturgia com menos barulho, menos alvoroço. Portanto, você como animador litúrgico precisa pensar em tudo isso e não apenas no que você gosta.

Bom, o primeiro passo para que esta mudança aconteça de forma simples e natural é você parar de bater palmas. Quando o animador litúrgico bate palmas, a assembleia de forma geral segue o gesto e acaba por imitá-lo. Quando você canta de forma sóbria, com gestos moderados, o seu exemplo vai transformando a assembleia. A postura do animador precisa ser sóbria. Com isto não estou dizendo que precisa ser triste. Não precisa ser um chato de galocha. Você pode ser sóbrio, cantar de uma forma que expresse a sua fé e incentive os irmãos a cantarem de forma participativa sem precisar bancar o animador de auditório.

Evite de usar expressões como “vamos lá”, “nas palmas”, “tchap, tchap, tchap”. Repito: Pode ate usar isso na sua pastoral ou movimento, mas na missa definitivamente não. Além de expressões totalmente inadequadas a Santa Missa, a impressão que dá é que você quer fazer o mesmo que um cantor sertanejo universitário faz em seus shows. Aceita o conselho na caridade: Faz mais isso não que é feio… Você pensa que está arrasando quando na verdade está se expondo!

Mas e se a própria assembleia começa a bater palmas por ela mesma? Bom, ai é uma situação que passa dos seus limites. O que você deve fazer é dar o exemplo. O resto cabe ao sacerdote…

Infelizmente boa parte do nosso clero não educou o povo a evitar as palmas; os padres que são contra, as toleram, para evitar o “mimimi”. Os que são a favor, as incentivam ainda mais, achando que assim a missa ficará mais gostosa e “espiritual” com as palmas, como se Jesus dependesse disso para entrar no coração das pessoas. Mas seja de um jeito ou de outro, o importante é você manter a postura sóbria e cantar, não para dar show, mas para participar bem da Santa Missa e ajudar as pessoas a fazerem o mesmo.

Mas é importante você saber: Você não é Roque do Silvio Santos, não é o louro José da Ana Maria Braga, não é o Róger do programa do Danilo Gentili, e nem mesmo o Russo do Chacrinha (nossa agora eu fui longe)… Você está ali prestando um serviço litúrgico a Igreja. É preciso saber que não é hora do show, mas a hora do sacrifício.

Roque e Silvio Santos

Com todo respeito aos animadores de auditório: A Missa precisa algo mais. Precisa de animadores litúrgicos que levam o povo a rezar e não a bater palmas.

Portanto se você assume a postura de não bater palmas, a responsabilidade do ato, passa a ser exclusivamente do sacerdote e não sua. Afinal de contas, neste caso, cabe a ele corrigir as pessoas como fez o Papa João XXIII no vídeo acima. E se você for jeitoso com as palavras como eu (estou brincando tá? Eu não tenho muito jeito com gente dodói), melhor deixar esta missão para ele. Afinal de contas ele tem mais trato com o povo que se ofende fácil do que nós músicos.

Somos chamados a cantar bem na Santa Eucaristia. Mas nossa postura precisa ser sóbria, porque o momento (mesmo nas missas semanais) é solene. Deixe os gestos para sua pastoral ou movimento. Você ganha, a assembleia ganha, a missa ganha e com certeza Jesus agradece.

Pax Domini

 Documento da CNBB: CANTO E MÚSICA NA LITURGIA PÓS-CONCÍLIO VATICANO II (Clique aqui para baixar)

Veja também: Você sabe a diferença entre uma música litúrgica e uma música religiosa?

Formação para músicos: Você sabe a diferença entre uma música litúrgica e uma música religiosa?

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Desde os meus quinze anos de idade (e vai tempo) assumi como missão tocar em missas e grupos de oração. Eu meu violão rodamos o mundo pela graça de Deus e pela experiência missionária que tive por 11 anos com a Comunidade Canção Nova. Junto com os caminhos que o Senhor me conduziu, também vieram muitos aprendizados que vez em quando tenho a oportunidade de partilhar. Não sou nenhum especialista na área de música litúrgica, porém sempre que posso busco aprender, pois para mim a missa é o ápice da fé católica e quando tenho a oportunidade de tocar em uma missa, gosto de fazer bem feito. Nem sempre consigo é verdade, mas eu tento… Não é assim também com você?

Portanto em alguns posts do blog Dominus Vobiscum irei partilhar com vocês um pouco do que aprendi. Não sou tradicionalista e nem tampouco modernista. Portanto o que escreverei aqui não tem a intenção de fazer você ser isso ou aquilo. Sou católico, sou igreja e tenho a consciência que missa é missa, movimento é movimento e pastoral é pastoral. Cada macaco no seu galho. Nada contra as músicas do movimento A ou B. Só que na minha opinião, para se tocar uma música na missa, ela precisa ser litúrgica e apropriada para o momento (opinião esta embasada nos documentos da Igreja e nos vários cursos que tive a oportunidade de participar). Quero começar este aprofundamento indicando um documento simples e básico que todo músico católico deveria ler: CANTO E MÚSICA NA LITURGIA PÓS-CONCÍLIO VATICANO II (Clique aqui para baixar)

Para iniciarmos esta conversa, é preciso que se diga que a música litúrgica tem características próprias. Ela está ligada a um rito, nasce a partir de um rito que tem conteúdo e gestos próprios. Portanto, música litúrgica é música ritual. Muitos agentes de música litúrgica, desconhecendo as características da música ritual, cantam nas celebrações qualquer música, simplesmente pelo fato de “estar na moda”.

Ela é parte integrante da Liturgia, é servidora da Liturgia. Nós não devemos cantar na Missa, mas sim cantar a Missa (cf. Estudos da CNBB 79: A música litúrgica no Brasil, n. 27).

O canto litúrgico “precisa estar intimamente vinculado ao rito, ou seja, ao momento celebrativo e ao tempo litúrgico”. Por isso antes de escolher um canto litúrgico é preciso aprofundar o sentido dos textos bíblicos, do tempo litúrgico, da festa celebrada e do momento ritual. Portanto, músicas distanciadas do momento ritual ferem a dignidade de uma celebração eucarística.

Por repito e enfatizo: Se você é animador litúrgico na sua paróquia leia o documento CANTO E MÚSICA NA LITURGIA PÓS-CONCÍLIO VATICANO II (Clique aqui para baixar).

Como dizia santo Agostinho aos pagãos que indagavam sobre sua fé:

“Queres ver em que eu creio, venha à Igreja ouvir o que canto”. (Santo Agostinho)

É preciso distinguir a diferença entre a música liturgia e música religiosa.

Uma música religiosa, por melhor que seja não serve para o uso litúrgico, mas foi composta para outra finalidade. São músicas que expressam um sentimento religioso dos fiéis, mas não têm lugar na liturgia. Elas servem para encontros, exercícios de piedade, etc. Na música religiosa podemos encontrar cantos para encontros, para reuniões de grupos de movimentos, cantos para grupos de oração, etc.

Não devemos e nem podemos nutrir um pré-conceito a respeito da música religiosa. Ela tem seu valor na vivência cristã. Ela não é maior e nem menor. Não é pior e nem melhor. Ela é importante para a nossa fé, só que quando usada no momento certo. Pelo fato de não serem adequadas para liturgia não significa que não tem sua importância no sentimento religioso de nosso povo. Porém, não podemos cair no erro de acharmos que temos o direito de colocá-las na liturgia só porque são bonitas e animadas e por conta disto desprezarmos a música litúrgica. Cada canto no seu lugar. Não temos o direito de ignorar as regras litúrgicas e as orientações do Magistério da Igreja.

Portanto se você deseja ser um bom animador litúrgico (prefiro usar este termo ao invés de ministro de música), é necessário caminhar na busca de um conhecimento profundo da liturgia católica. A partir do próximo post, vamos começar a explicar passo a passo cada momento da missa, dando dicas práticas sobre como escolher o canto certo para a hora certa.

Vamos explicar e mostrar alguns erros que alguns músicos e padres cometem (talvez até por falta de atenção, ou de estudo) na hora de cantar na Santa Missa. E vamos dar algumas dicas para você que deseja compor cantos litúrgicos. Mas olha: Tudo sem “mimimi” ok!?

Mas antes faça um exercício simples: Das músicas que você conhece, separe as que são religiosas das que são litúrgicas. Faça uma lista e tente pensar em um repertório litúrgico. Depois mostre ao seu sacerdote ou a alguém que conheça um pouco mais de liturgia… É um desafio não é mesmo?

Pax Domini!

Acabou o recreio da missa: Papa Francisco proíbe canto da paz e outras baguncinhas…

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Eita que essa baguncinha do recreio está com os dias contados!

Papa Francisco manda um recado aos que achavam que ele iria “inovar” e “modernizar” a Igreja: Aqui não é, não foi, e jamais será uma democracia. Aqui a voz do povo não é a voz de Deus. Tudo bem que ele não disse isso com estas palavras que eu usei, mas disse com um grande gesto concreto: Através da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos chega para todos os católicos um novo documento: O SIGNIFICADO RITUAL DO DOM DA PAZ NA MISSA.

Neste documento, a Igreja deseja ensinar o correto significado do dom da paz na missa e a forma correta de o fazê-lo. Resumidamente a Igreja através desta carta, quer alertar os católicos de que momento da paz não é a hora do recreio na missa, onde é permitida a baguncinha, onde todo mundo pode romper o silêncio, sair dando abracinhos, beijinhos, e colocando o papo em dia. Também não é a hora de tocar aquela musiquinha animada da paz dizendo que você é importante, e que é muito bom você estar aqui. E muito menos o momento do padre abandonar o altar e bancar o padre peregrino que não descansa até cumprimentar o último fiel presente.

Antes de qualquer coisa é preciso que eu diga que um dia eu também já fiz isso. Quando toco em uma missa e o padre pede para cantar a paz, tenho que cantar, muito embora não ache correto. Já faz um tempo que tenho me dedicado a estudar a Santa Liturgia e agora tento não errar mais. Errei muito mais por falta de conhecimento do que por desobediência à liturgia. Mas graças a Deus agora temos um documento que podemos apresentar aos sacerdotes peregrinos. Se eles se recusarem a obedecer ai é problema deles com a Igreja e com Deus. Nosso papel é instruir, informar, ensinar mas acima de tudo obedecer. Agora só fica a pergunta: Como o padre pode pedir obediência aos fieis, se nem ele mesmo obedece? Como o padre pode ensinar aos fieis a fazer aquilo que Deus ensina, se os padres não obedecem a Igreja e fazem tudo que lhe dá na telha?

O momento da paz está inserido no Rito Eucarístico, um momento profundo onde o silêncio e a oração se fazem presentes. Portanto o momento da paz é simples: De maneira discreta e profunda, deseje a PAZ DE CRISTO a pessoa que está do lado esquerdo e direito. Feito isso, segue o rito. Nada de ficar acenando a mão para a aquele seu amigo que está do outro lado da igreja. Segundo o Papa Francisco e a Congregação para o Culto Divino #TheZueirasEnd.

Agora vem a missão de quem é realmente católico: Obedecer e ensinar aos outros irmãos. Não cabe a nós dar jeitinhos, adaptar a ordem, inventar uma nova dinâmica, pensar em um novo jeito… Enfim, não cabe a nós a desobediência. Aos padres, cabe a missão de reunir e ensinar os fieis. É lógico que isso não vai mudar da noite para o dia. É uma mudança de mentalidade onde os fieis adeptos da “baguncinha do recreio” vão reclamar, fazer birra, beicinho… Mas é preciso mais do que nunca se fazer cumprir esta ordem que não é minha, mas da Igreja.

Para os que desejam saber mais, preparei um PDF com a carta traduzida para o português pelo site Apologistas Católicos se desejar, O clique, imprima, informe ao seu sacerdote. BAIXE A CARTA CLICANDO AQUI. Vai que de repente ele não está sabendo… Agora é com você!

E se caso algum irmão que acessa este blog não tenha gostado daquilo que escrevi acima, vai um recado importante: Eu sou católico, nasci, cresci e devo muito da minha fé a Renovação Carismática Católica. Mas hoje eu tenho a compreensão de que não podemos transformar a missa em um grupo de oração. Da mesma forma com os outros movimentos e pastorais. A Santa Missa está acima de todos nós.

Pax Domini

Leia também: Os brutos também evangelizam. E nem adianta “mi, mi, mi”…

O Conclave

Saudações, queridos irmãos/leitores… Que a Paz esteja com todos vocês!

Diante da notícia de ontem acerca da famigerada renúncia do Eminentíssimo Papa Bento XVI, surgiram muitas pesquisas aqui no blog acerca do que seria e como se daria o Conclave. Vamos agora, então, tentar responder a algumas destas perguntas acerca deste tema tão fascinante e belo.

Procurei, tão somente, traçar alguns aspectos gerais acerca da eleição Papal. Para um aprofundamento maior, sugiro a leitura da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, de 22 de fevereiro de 1996, a qual dispõe sobre a vacância da Sé Apostólica e da eleição do Romano Pontífice. Embarque comigo na escolha do sucessor de São Pedro, do comandante da Barca de Cristo, nossa Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

ASPECTOS GERAIS

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A palavra Conclave vem do latim “cum clave”, que significa “com chave”, e designa o processo, por meio de reuniões entre os Cardeais da Igreja Católica, para a eleição de um novo Papa.

A palavra Conclave foi usada pela primeira vez no ano de 1274, onde o Papa Gregório X, para evitar que as reuniões para a eleição do Papa se demorasse em demasia, determinou que os Cardeais ficassem reclusos e reunidos “com chaves” para decidirem seus votos, sem interferência externa.

O Conclave inicia-se cerca de 15 a 20 dias após a morte ou renúncia do Papa. Tal período denomina-se novemdiales, e encerra-se com a Missa Pro Eligendo Papa, onde todos os Cardeais se reúnem na Basílica de São Pedro, dirigindo-se posteriormente para a Capela Sistina, onde efetivamente começa o Conclave.

mi_5116312248265202As normas que regem o Conclave estão dispostas na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis (aconselho vivamente a leitura), a qual dispõe que, após a morte ou renúncia do Papa, a Sé Apostólica é considerada vacante ou vaga (Sede Vacante) até a data de eleição do novo Papa.

De acordo com o art. 1º da supracitada Constituição Apostólica:

“Durante a vacância da Sé Apostólica, o Colégio dos Cardeais não tem poder ou jurisdição alguma no que se refere às questões da competência do Sumo Pontífice, enquanto estava vivo ou no exercício das funções do seu ofício; todas essas questões deverão ser exclusivamente reservadas ao futuro Pontífice. Declaro, por isso, inválido e nulo qualquer ato de poder ou de jurisdição, próprio do Romano Pontífice enquanto está vivo ou no exercício das funções do seu ofício, que o Colégio mesmo dos Cardeais julgasse exercer, a não ser dentro dos limites expressamente consentidos nesta Constituição.”

O governo da Igreja é entregue, então, de maneira restrita, como vimos acima, ao Cardeal Camerlengo, do qual, no caso da morte do Papa, é dever atestar a morte do Sumo Pontífice, fazendo-o na presença do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos Prelados Clérigos e dos Secretário e Chanceler da Câmara Apostólica, redigindo, posteriormente, a ata do falecimento do Papa e convocado, ato contínuo, o Sagrado Colégio de Cardeais.

Como no caso hodierno não tivemos a morte, mas sim a renúncia do Papa, a qual passará a gerar efeitos a partir das 20:00 horas do dia 28 de fevereiro, tal convocação se dará logo após tal data, período em que se formarão também as Congregações dos Cardeais.

“No período de Sé vacante, haverá duas espécies de Congregações dos Cardeais: uma geral, isto é, de todo o Colégio, até ao início da eleição, e a outra particular. Nas Congregações gerais, devem participar todos os Cardeais não legitimamente impedidos, logo que tenham sido informados da vacância da Sé Apostólica. Contudo, aos Cardeais que não gozam do direito de eleger o Pontífice, é concedida a faculdade de se absterem, se assim o preferirem, de participar nessas Congregações gerais.

A Congregação particular é constituída pelo Cardeal Camerlengo da Santa Igreja Romana e por três Cardeais, um de cada uma das ordens, extraídos à sorte dentre os Cardeais eleitores que já tenham chegado a Roma. O ofício destes três Cardeais, chamados Assistentes, cessa ao completar-se o terceiro dia, sucedendo-lhes no lugar, sempre por meio de sorteio, outros três pelo mesmo espaço de tempo, mesmo depois de iniciada a eleição.

Durante o período da eleição, as questões mais importantes, se fôr necessário, são tratadas pela assembleia dos Cardeais eleitores, ao passo que os assuntos ordinários continuam a ser tratados pela Congregação particular dos Cardeais. Nas Congregações gerais e particulares, durante o período de Sé vacante, os Cardeais trajem a habitual batina preta filetada e a faixa vermelha, com o solidéu, cruz peitoral e anel.” (art. 7º)

Pois bem, reunidos os Cardeais eleitores (aqueles com menos de 80 anos de idade), em número máximo de 120, inicia-se o Conclave, sob o maior sigilo e isolamento, obrigatoriamente dentro do território do Vaticano, conforme veremos de maneira pormenorizada mais abaixo.

Quanto ao sigilo, todos os Cardeais eleitores são obrigados a manter segredo absoluto sobre tudo o que diz respeito às sessões do Conclave. Regra esta extensiva também àqueles que prestem auxílio técnico ou de qualquer outro modo, os quais, se quebrado o sigilo, podem ser punidos com a excomunhão. Tal pena, todavia, não se estende aos Cardeais, visto que estes estão obrigados por princípio de consciência (graviter onerata ipsorum conscientia).

Os Cardeais ficam alojados condignamente num edifício próximo à eleição, denominado Domus Sanctae Marthae (Casa de Santa Marta), cada um numa espécie de cela, sem qualquer contato com o mundo exterior.

Após uma Missa com todos os Cardeais, duas mesas são dispostas no interior da Capela Sistina. Uma é coberta com um pano de cor púrpura, onde são colocados três vasos de prata, os quais funcionam como urnas. E a outra é reservada para os três Cardeais Escrutinadores.

O CONCLAVE

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Os Cardeais eleitores dirigem-se, então, às suas cadeiras, as quais são devidamente marcadas com seus nomes. O Cardeal Camerlengo, encarregado de dirigir o Conclave, profere, em alto e bom som, a famosa frase: “Extra Omnes!”

13_02_11_conclave_keys1É a ordem para que todos saiam da sala, fechando-se as portes “com chaves”.

O Cardeal Decano ou o primeiro dos Cardeais segundo a ordem e os anos de cardinalato, proferirá a seguinte fórmula de juramento:

“Nós, todos e cada um dos Cardeais eleitores, presentes nesta eleição do Sumo Pontífice, prometemos, obrigamo-nos e juramos observar fiel e escrupulosamente todas as prescrições contidas na Constituição Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II, Universi Dominici Gregis, emanada a 22 de Fevereiro de 1996. De igual modo, prometemos, obrigamo-nos e juramos que quem quer de nós, que, por divina disposição, for eleito Romano Pontífice, comprometer-se-á a desempenhar fielmente o munus Petrinum de Pastor da Igreja universal e não cessará de afirmar e defender estrenuamente os direitos espirituais e temporais, assim como a liberdade da Santa Sé. Sobretudo prometemos e juramos observar, com a máxima fidelidade e com todos, tanto clérigos como leigos, o segredo acerca de tudo aquilo que, de algum modo, disser respeito à eleição do Romano Pontífice e sobre aquilo que suceder no lugar da eleição, concernente direta ou indiretamente ao escrutínio; não violar, de modo nenhum, este segredo, quer durante quer depois da eleição do novo Pontífice, a não ser que para tal seja concedida explícita autorização do próprio Pontífice; não dar nunca apoio ou favor a qualquer interferência, oposição ou outra forma qualquer de intervenção, pelas quais autoridades seculares de qualquer ordem e grau, ou qualquer gênero de pessoas, em grupo ou individualmente, quisessem imiscuir-se na eleição do Romano Pontífice.”

Em seguida, cada um dos Cardeais eleitores, por ordem de precedência, prestará juramento com a fórmula seguinte:

“E eu, N. Cardeal N., prometo, obrigo-me e juro”, e, colocando a mão sobre o Evangelho, acrescentará: “Assim Deus me ajude e estes Santos Evangelhos, que toco com a minha mão”. Após todos efetuarem o juramento, o Cardeal Camerlengo conclui: “Que Deus vos abençoe a todos!”

São eleitos, inicialmente, os três Cardeais Escrutinadores, responsáveis por colher e contar os votos, os três Cardeais Infirmarii, responsáveis por colher os votos dos Cardeais que porventura adoecerem durante o Conclave, e os três Cardeais Revisores, responsáveis por fiscalizar os trabalhos dos Cardeais Escrutinadores.

A VOTAÇÃO

ng2376991No que concerne á votação, é consenso na Igreja Católica que o Espírito Santo guia as decisões de cada Cardeal.

Não é, portanto, um jogo de interesses ou um “arrumadinho” político, como queiram alguns, mas sim, a escolha do sucessor de Pedro. Escolha esta que é guiada e pautada pelos princípios do Evangelhos e pela destra de Deus.

Cada Cardeal pega, então, um papel branco, de forma retangular, onde está escrito “Eligo in summum pontificem” (Elejo como Sumo Pontífice), e escreve em caligrafia clara e com letras maiúsculas, o nome do Cardeal que, na sua opinião, deve se tornar o Papa.

De acordo com o art. 66 da Constituição Apostólica Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, cada Cardeal eleitor, pela ordem de precedência, depois de ter escrito e dobrado a ficha, mantendo-a levantada de modo que seja visível, leva-a ao altar, junto do qual estão os Escrutinadores e em cima do qual é colocado um recipiente coberto com um prato para recolher as fichas. Chegado aí, o Cardeal eleitor pronuncia, em voz alta, a seguinte forma de juramento:

“Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há-de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito.“

Em seguida, depõe a ficha de voto no prato e com este introdu-la no recipiente. Tendo realizado isto, faz uma inclinação ao altar, e volta para o seu lugar.

Se algum dos Cardeais eleitores presentes na Capela não puder dirigir-se ao altar, por motivo de doença, o último dos Escrutinadores irá junto dele, e ele, depois de proferir o juramento referido, entrega a ficha de voto dobrada ao Escrutinador o qual a leva, bem visível, ao altar e, sem pronunciar o juramento, depõe-na sobre o prato e com este introdu-la no recipiente.

ng2376998Acabada a votação, o 1º Cardeal Escrutinador leva o vaso contendo as cédulas de votação para a mesa de escrutínio, coloca os votos num vaso de vidro, e os Cardeais Escrutinadores procederão a contagem. O 1º Cardeal Escrutinador anota o nome e passa a cédula para o 2º Cardeal Escrutinador, que também anota o nome, passando em seguida para o 3º Cardeal Escrutinador, que o lê, em voz alta e de maneira legível. Ele pega, então, a cédula do votação, fura e cose-a com agulha e linha. Detalhe: a agulha deve perfurar a palavra Eligo impressa no voto.

Os votos são colocados no terceiro vaso, onde são contados e apurados.

A APURAÇÃO

Se a votação não for concludente, ou seja, se nenhum Cardeal tiver recebido no mínimo 2/3 dos votos, volta-se tudo ao início da votação. O Cardeal Camerlengo recolhe as anotações dos Cardeais, inclusive dos Escrutinadores, dos Infirmarii, e dos Revisores, e deposita tudo numa caixa, a qual é levada ao fogão da Capela Sistina, onde é juntado um pouco de palha molhada, para que a fumaça saia negra, sinal de que ainda não se escolheu o nome do Papa.

1113887370Caso os Cardeais eleitores tenham dificuldade em pôr-se de acordo quanto à pessoa a eleger, realizados sem êxito durante três dias os escrutínios, estes serão suspensos durante um dia, no máximo, para uma pausa de oração, de livre colóquio entre os votantes e de uma breve exortação espiritual, feita pelo primeiro dos Cardeais da ordem dos Diáconos.

Em seguida, recomeçam as votações segundo a mesma forma, e se, após sete escrutínios, ainda não se verificar a eleição, faz-se outra pausa de oração, de colóquio e de exortação, feita pelo primeiro dos Cardeais da ordem dos Presbíteros.

Procede-se, depois, a uma outra eventual série de sete escrutínios, seguida – se ainda não se tiver obtido o resultado esperado -, de uma nova pausa de oração, de colóquio e de exortação, feita pelo primeiro dos Cardeais da ordem dos Bispos.

Em seguida, recomeçam as votações segundo a mesma forma, as quais, se não for conseguida a eleição, serão sete.

Se ainda ainda assim não se chegar a um nome, tomam-se os nomes dos dois Cardeais mais votados no último escrutínio, entre os quais se dará a eleição, por maioria simples dos votos.

A FUMAÇA BRANCA

FUMO8_350x254Quando se chegar, enfim, ao nome do novo Papa, o Camerlengo queima, então, apenas as cédulas de votação, fazendo com que a fumaça saia branca, sinal para todo o povo de que temos um Papa.

Assim, após os escrutínios, verificada a canonicidade da eleição realizada, o último dos Cardeais Diáconos chama para dentro do local da eleição o Secretário do Colégio dos Cardeais e o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias; em seguida, o Cardeal Decano, ou o primeiro dos Cardeais segundo a ordem e os anos de cardinalato, e, em nome de todo o Colégio dos eleitores, pede o consenso do eleito com as seguintes palavras: “Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice?”

Uma vez recebido o consenso, pergunta-lhe: “Como queres ser chamado?” Então o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, na função de Notário e tendo por testemunhas dois Cerimoniários, que serão chamados naquele momento, redige um documento com a aceitação do novo Pontífice e o nome por ele assumido.

Depois da aceitação, o eleito que tenha já recebido a Ordenação episcopal, é imediatamente o Bispo da Igreja de Roma, verdadeiro Papa e Cabeça do Colégio Episcopal; e adquire efetivamente o poder pleno e absoluto sobre a Igreja universal, e pode exercê-lo. Se, pelo contrário, o eleito não possuir o carácter episcopal, seja imediatamente ordenado Bispo.

Recebe, por fim, por parte dos Cardeais ali presentes, o “ato de obediência”, onde um a um  prostra-se diante dele.

Imagem de vídeo mostra papa Bento 16o, o alemão Joseph Ratzinger, na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano

Pouco tempo depois, o Cardeal Protodiácono e Decano vai até a varanda da Basílica de São Pedro anunciar ao mundo a notícia, nas seguintes palavras:

Annuntio vobis gaudium magnum:
Habemus Papam!
Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,
Dominum (primeiro nome, pronunciado em latim),
Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinalem (sobrenome, pronunciado na língua original),
qui sibi nomen imposuit (nome papal, em latim).

Tradução:

Anuncio-vos com a maior alegria!:
Temos Papa!
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor,
Senhor (primeiro nome),
Cardeal da Igreja Católica Romana (sobrenome),
que escolheu para si o nome de (nome papal).

URBI ET ORBI

Após o anúncio, o Papa é apresentado ao povo e dá a Bênção Apostólica Urbi et Orbi (“à cidade [de Roma] e ao mundo”), a qual concede uma penitência e indulgência plenária, sob as condições definidas pelo Código de Direito Canônico (ter se confessado e recebido a Comunhão, e não estar em pecado mortal).

Eis o texto da bênção:

Sancti Apostoli Petrus et Paulus: de quorum potestate et auctoritate confidimus ipsi intercedant pro nobis ad Dominum.

R: Amen.

Precibus et meritis beatæ Mariae semper Virginis, beati Michaelis Archangeli, beati Ioannis Baptistæ, et sanctorum Apostolorum Petri et Pauli et omnium Sanctorum misereatur vestri omnipotens Deus; et dimissis omnibus peccatis vestris, perducat vos Iesus Christus ad vitam æternam.

R: Amen.

Indulgentiam, absolutionem et remissionem omnium peccatorum vestrorum, spatium verae et fructuosae poenitentiæ, cor semper penitens, et emendationem vitae, gratiam et consolationem Sancti Spiritus; et finalem perseverantiam in bonis operibus tribuat vobis omnipotens et misericors Dominus.

R: Amen.

Et benedictio Dei omnipotentis, Patris et Filii et Spiritus Sancti descendat super vos et maneat semper.

R: Amen.

Tradução:

Que os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, em cujo poder e autoridade temos confiança, intercedam por nós junto ao Senhor.

R: Amém.

Que por meio das orações e dos méritos da Santíssima Virgem Maria, de São Miguel Arcanjo, de São João Batista, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os santos, Deus todo-poderoso tenha misericórdia de vós, perdoe os vossos pecados e vos conduza à vida eterna em Jesus Cristo.

R: Amém.

Que o Senhor Todo Poderoso e misericordioso vos conceda indulgência, absolvição, e remissão de todos os vossos pecados, em tempo para uma verdadeira e frutuosa penitência, sempre com coração contrito, e a benção da vida, a graça, a consolação do Espírito Santo e perseverança final nas boas obras.

R: Amém.

E que a bênção de Deus Todo Poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo desça sobre vós e permaneça sempre.

R: Amém.

É isto! Dentro em breve, teremos um novo Papa.

Sua Santidade, o Papa Bento XVI, cumpriu a sua missão de forma magistral, corajosa e com uma fé e confiança em Deus nas quais devemos nos espelhar, mas, suas forças não suportaram o peso da idade. E ele, com a prudência que lhe é peculiar, renunciou ao ministério petrino, deixando espaço para mais um Conclave, o qual será, mais uma vez, guiado pelos ventos do Espírito Santo.

Espero ter conseguido elucidar algumas dúvidas acerca deste processo tão belo e cheio de santidade que é o Conclave.

De nossa parte cabe agora rezar, com todo o nosso coração e nossa alma, para que o Espírito Santo invada aqueles aposentos, suscitando e inspirando as ações daqueles Cardeais, para que sempre seja feita, para o bem da nossa Igreja, da Igreja de Cristo, a vontade soberana do Pai.

Um grande abraço e fiquem todos com Deus!

Alex Cardoso Vasconcelos, Advogado, Notário da Câmara Eclesiástica da Arquidiocese de Maceió e Acólito na Paróquia Divino Espírito Santo – Maceió/AL

Livro Maria Sempre Virgem e SantaVeja também o novo livro do Cadu (Administrador do Blog Dominus Dominus Vobiscum): Maria Sempre Virgem e Santa. Nele você vai encontrar ensinamentos seguros da doutrina da Igreja a respeito da Santíssima Virgem Maria, além das orações mais tradicionais da nossa Igreja à Virgem Mãe de Deus. Vendas apenas pela internet nos sites Clube de Autores e Agbook. Um livro para quem deseja ser mais íntimo de Nossa Senhora.

O simbolismo litúrgico das cores

Salve, povo de Deus! Pax Domine!

Hoje, solenemente, a Santa Igreja Católica faz memória de todos os fiéis defuntos. Nossos familiares, amigos, conhecidos, desconhecidos, enfim, todos os que morreram na esperança da salvação. É um dia, basicamente, de oração! De intercedermos a Deus por todos os que deixaram esta vida, com os olhos na vida eterna! E hoje, em todas as celebrações, a cor que você verá presente nos altares é o roxo. Você sabe por que?!

Bem, cada cor utilizada nas celebrações litúrgicas tem um sentido, é um símbolo de algo que se deseja representar.

A palavra símbolo vem do grego sýmbolon, significando uma realidade concreta em representação a algo não concreto. A Liturgia faz uso, assim, de diversos elementos (símbolos) para representar algo abstrato, como uma idéia ou até mesmo um sentimento.

Assim são as cores usadas na Liturgia, servindo para indicar um sentimento em relação àquele ato que se vivencia.

Estão reguladas pelo Missal Romano – IGMR (CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS, Instrução Geral sobre o Missal Romano, in 3ª Edição Típica do Missal Romano, 2002 (edição para o Brasil aprovada pela Congregação em carta de 30 de julho de 2004)), sob o nº 346, o qual estabelece que seja observado o uso tradicional das cores, todavia, ficam as Comissões Episcopais livres para determinar e propor à Santa Sé modificações que atendam às necessidades socio-culturais.

Tais cores variam conforme o Tempo Litúrgico, o qual já foi objeto do post anterior, bem como dependendo da solenidade comemorativa daquele dia específico, como no caso da solenidade de hoje.

Assim, as cores litúrgicas são:

– Branco: cor utilizada nos Batizados, na Páscoa, Natal, Festas e Memórias da Virgem Maria, Missas Votivas dos Santos (exceto os Mártires) e demais solenidades, como na festa de Todos os Santos (1 de Novembro), a qual comemoramos ontem, na Natividade de São João Batista (24 de Junho), na festa de São João Evangelista (27 de Dezembro), da Cátedra de São Pedro (22 de Fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de Janeiro). Representa a Pureza e a Luz.

– Vermelho: representa o sangue, e o fogo do amor, e o martírio. É utilizada nas Missas de Mártires, no Domingo de Ramos, na Sexta-feira Santa, em Pentecostes, e nas Missas Votivas pelo Espírito Santo.

– Roxo: significa penitência, contrição e conversão. É utilizada no Tempo da Quaresma e do Advento, sendo também usada nas Missas pelos mortos, e no dia de hoje, em comemoração aos fiéis defuntos. Simboliza a interiorização, a oração, o voltar-se para Deus.

– Rosa: variação mais clara do roxo, simboliza a alegria, sendo usada no III Domingo do Advento (Gaudete) e IV Domingo da Quaresma (Laetare).

– Verde: simbolizando a esperança, é a cor do Tempo Comum. Alude à caminhada em busca do amadurecimento.

– Preto: simboliza o luto, é a cor usada nos Ofícios pelos mortos.

Tal cor  não foi abolida pelo Missal Romano, mas apenas tida como opção em relação ao roxo, onde for costume usá-la.

Outras cores também podem ser utilizadas, mas não estão previstas do Missal Romano, o qual dispõe no nº 309 que “em dias de maior solenidade podem ser usadas vestes litúrgicas mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia”.

Todavia, devem ser observadas as normas do nº 347, ao estabelecer que “as Missas Rituais são celebradas com a cor própria, a branca ou a festiva”.

Ademais, a Instrução Redemptionis Sacramentum (CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS, Instrução Redemptionis Sacramentum, de 25 de março de 2004 (sobre alguns aspectos que se devem observar e evitar acerca da Ssma. Eucaristia),São Paulo: Paulinas, 2004) assim dispôs, sobre o uso de cores não previstas pelo Missal Romano:

Esta faculdade, que também se aplica adequadamente aos ornamentos fabricados há muitos anos, a fim de conservar o patrimônio da Igreja, é impróprio estendê-las às inovações, para que assim não se percam os costumes transmitidos e o sentido de que estas normas da tradição não sofram menosprezo, pelo uso de formas e cores de acordo com a inclinação de cada um. Quando seja um dia festivo, os ornamentos sagrados de cor dourado ou prateado podem substituir os de outras cores, exceto os de cor preta.

É por isto que, em algumas solenidades de Nossa Senhora, podemos ver o celebrante usando paramentos na cor azul.

Visita do Papa Bento XVI ao santuário mariano austríaco de Mariazell

Na verdade, o azul como cor litúrgica remonta à Idade Média, onde, por um privilégio papal, algumas dioceses espanholas puderam ter o direito de usar tal cor na Solenidade da Imaculada Conceição. Tal concessão, todavia, foi, parece-nos, estendida aos países da América Latina de colonização hispânica.

No Brasil, tal costume se deu pelo mesmo motivo, mas em relação a Portugal, que recebeu o referido favor papal para uso do azul na Capela de São Miguel, em Coimbra, mais precisamente na Universidade de Coimbra, durante a Solenidade da Imaculada Conceição, face à defesa deste dogma por tal instituição.

Hoje em dia, o uso do azul é comum, por exemplo, em santuários marianos.

Assim, a Igreja Católica, por meio do simbolismo das cores, mantém viva a expressão de cada mistério celebrado, desenvolvendo a consciência cristã para aquele momento em particular que vive a Igreja ao longo do ano.

Cor e tempo litúrgico formam como que uma simbiose, que tem como objetivo voltar o pensamento, a devoção e o espírito a Deus, de uma forma específica em dado tempo, momento, comemoração ou solenidade.

Por hoje é só! Até o próximo post e que Deus os abençoe!!! Um abraço enorme!!!

Alex C. Vasconcelos – Equipe Dominus Vobiscum

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O Tempo Litúrgico

Saudações, povo católico! A seção “Liturgia” está de volta!!! E hoje vamos falar de um tema muito importante na nossa caminhada espiritual: o Tempo Litúrgico.

É por meio do Tempo Litúrgico que celebramos o Cristo nos diversos momentos do dia, da semana e do ano…

Assim dispõe a Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas (OFÍCIO DIVINO – ORAÇÃO DAS HORAS, Renovado conforme o Decreto do Concílio Vaticano II e promulgado pelo Papa Paulo VI, ed. Vozes, Paulinas, Paulus, Ave-Maria, 2004. p. 18):

Cristo disse: “É preciso orar sempre, sem desfalecimento” (Lc 18,1). E a Igreja, seguindo fielmente esta recomendação, não cessa nunca de orar, ao mesmo tempo que nos exorta com estas palavras: “Por Ele (Jesus), ofereçamos continuamente a Deus o sacrifício de louvor” (Hebr 13,15). Este preceito é cumprido, não apenas com a celebração da Eucaristia, mas também por outras formas, de modo particular com a Liturgia das Horas. 

Entre as demais ações litúrgicas, esta, segundo a antiga tradição cristã, tem como característica peculiar a de consagrar todo o ciclo do dia e da noite (Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 83-84).

É deste modo que a Igreja, por meio da Sagrada Liturgia, busca, não apenas com a celebração da Santa Missa, mas também por meio do Ofício Divino, e demais orações como o Angelus, santificar o tempo, em louvor, honra e glória a Deus.

Para tanto, no decorrer de todo o tempo a Igreja Católica estabelece ciclos em comemoração à obra salvífica de Deus.

A semana também tem um ciclo, e neste ciclo temos o Domingo (Dies Domini – “Dia do Senhor”), primeiro dia da semana, como o dia mais importante, pois é nele que ocorre a celebração do Mistério Pascal de Cristo, visto que, já nos primeiros séculos, os cristão faziam, neste dia, a memória da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Já no ciclo anual, a divisão do tempo, em linhas gerais, se dá da seguinte forma:

– Tríduo Pascal: é o cume de todo o ano litúrgico. Vai da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, e encerra-se nas Vésperas do Domingo da Ressureição;

– Tempo Pascal: período de 50 (cinqüenta) dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes. Celebramos tal período como um único dia de festa e júbilo, um único Domingo;

– Quaresma: vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É um período de 40 (quarenta) dias marcado pela penitência, oração, jejum, esmola e caridade, em preparação para a Páscoa. Neste período, não se cantam nem o Glória nem o Aleluia;

– Advento: significa “vinda”, “chegada”, e é o tempo de preparação alegre para o Natal. É formado por quatro Domingos e inicia-se após o último Domingo do Tempo Comum (Solenidade de Cristo Rei) e vai até o dia 24 de Dezembro (Vésperas do Natal);

– Natal: período que vai das Vésperas do natal até a festa do Batismo do Senhor. Comemoramos jubilosos o nascimento do Nosso Salvador, a vinda da Luz ao mundo;

– Tempo Comum: é o tempo de 33 (trinta e três) ou 34 (trinta e quatro) semanas no qual celebramos o Mistério de Cristo em sua plenitude. Inicia-se na Segunda-feira após o Domingo depois do dia 06 de Janeiro (Epifania do Senhor) e vai até a Terça-feira antes da Quaresma, recomeçando na Segunda-feira depois do Domingo de Pentecostes e finalizando novamente antes das primeiras Vésperas do 1º Domingo do Advento.

Por fim, no ciclo diário, fazendo uso da Liturgia presente no Ofício Divino (Liturgia das Horas), a Igreja santifica determinadas horas do dia, a saber (OFÍCIO DIVINO – ORAÇÃO DAS HORAS, Renovado conforme o Decreto do Concílio Vaticano II e promulgado pelo Papa Paulo VI, ed. Vozes, Paulinas, Paulus, Ave-Maria, 2004. p. 28, 29 e 32):

– As Laudes destinam-se a santificar o tempo da manhã.

O seu caráter de oração da manhã está belamente expresso nestas palavras de S. Basílio Magno:

“O louvor da manhã têm por fim consagrar a Deus os primeiros movimentos da nossa alma e do nosso espírito, de modo a nada empreendermos antes de nos alegrarmos com o pensamento de Deus, segundo o que está escrito: ‘Lembrei-me de Deus, e enchi-me de alegria’ (Salmo 76,4)”;

E ainda, para que o corpo não se entregue ao trabalho antes de fazermos o que está escrito: “Eu Vos invoco, Senhor, pela manhã, e ouvis a minha voz: de manhã vou à vossa presença e espero confiado” (Salmo 5,4-5) (S. Basílio Magno, Regulae fusius tractatae, Resp. 37, 3: PG 31, 1014).

Esta Hora, recitada ao despontar da luz de um novo dia, evoca também a Ressurreição do Senhor Jesus, a Luz verdadeira que ilumina todos os homens (cf. Jo 1,9), o “Sol de Justiça” (Mal 4,2), o “Sol nascente que vem do alto” (Lc 1,78). Neste sentido, compreende-se perfeitamente a recomendação de S. Cipriano:

“Devemos orar logo de manhã para celebrar, na oração matinal, a Ressurreição do Senhor” (S. Cipriano, De oratione dominica 35: PL 4, 561).

– As Vésperas celebram-se à tarde, ao declinar do dia “a fim de agradecermos tudo quanto neste dia nos foi dado e ainda o bem que nós próprios tenhamos feito” (S. Basílio, o. c.: PG 31, 1015).

Com esta oração, que fazemos subir “como incenso na presença do Senhor” e em que o “erguer das nossas mãos é como o sacrifício vespertino” (Cf. Salmo 140, 2), recordamos também a obra da Redenção.

“Num sentido mais sagrado, pode ainda evocar aquele verdadeiro sacrifício vespertino que o nosso Salvador confiou aos Apóstolos na última Ceia, ao inaugurar os sacrossantos mistérios da Igreja, quer aquele sacrifício vespertino que, no dia seguinte, no fim dos tempos, Ele ofereceu ao Pai, erguendo as mãos para a salvação do mundo inteiro” (Cassiano, De Institutione coenob., L. 3, c. 3: PL 49, 124. 125).

Finalmente, no sentido de orientar a nossa esperança para a luz sem crepúsculo…

“oramos e pedimos que sobre nós brilhe de novo a luz, imploramos a vinda de Cristo, que nos virá trazer a graça da luz eterna” (S. Cipriano, De Oratione dominica, 35: PL 4, 560).

Nesta hora, unimos as nossas vozes às das Igrejas orientais, cantando:

“Luz esplendente da santa glória do Pai celeste e imortal, santo e glorioso Jesus Cristo! Chegada a hora do sol poente, contemplando a estrela vespertina, cantamos ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo…”.

– As Completas são a última oração do dia. Reza-se antes de iniciar o descanso noturno, ainda que, eventualmente, já passe da meia-noite. É de se notar, assim, que a Liturgia, além das palavras, objetos e vestimentas sagradas, também faz uso do tempo, transformando o louvor numa constante da Igreja.

Esta (a Igreja), por meio da Santa Missa diária, das festas e solenidades presentes no decorrer do ano, e através da Liturgia das Horas (Ofício Divino), enfim, por meio da Liturgia, dedica todo o tempo a Deus, num louvor incessante, nos santificando e elevando constantemente nossas preces a Deus.

Por hoje é só, pessoal! Fiquem todos com Deus e até o próximo post! Um grande abraço,

Alex C. Vasconcelos – Equipe Dominus Vobiscum

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