Formação para músicos: Que músicas escolher para o canto de entrada?

O Canto de entrada é o primeiro canto da Celebração Eucarística. Na minha opinião é um dos cantos mais difíceis para escolhermos, se levarmos em consideração que cada missa tem leituras particulares, coisa que este canto deve considerar. Mas antes de falarmos dos critérios para a escolha de um bom canto de entrada, é preciso entender porque cantamos neste momento.

Em primeiro lugar, é preciso que você saiba que este canto não é “obrigatório” dentro do rito, mas acompanha a procissão de entrada (entrada do sacerdote, ministros, acólitos, etc). Ele pode (sem problema algum) ser suprimido, ou seja, não cantado. Neste caso usamos a antífona de entrada que pode ser recitada pelos fiéis, ou pelo sacerdote que pode adaptá-lo a modo de exortação inicial. (IGMR 47-48). Repito: O importante não é o canto, mas a procissão da entrada.

É preciso entender que a procissão de entrada quer nos mostrar em cada missa que Deus caminha ao nosso encontro: esse é o real sentido da procissão de entrada. Em diversas passagens bíblicas diversas vemos o povo de Deus caminhando, seja em busca da terra prometida, seja em busca da libertação, seja a caminho de Jerusalém, seja ao encontro de Jesus.

Por isso neste momento a assembleia deve ficar de pé, aclamando a Cristo na presença do sacerdote, que vem ao nosso encontro, com toda sua majestade, seu poder e sua autoridade, para celebrarmos juntos os mistérios do sacrifício da missa.

É importante que se diga: Quem preside o ato litúrgico é o próprio Cristo, que se une a nós e se oferece a si mesmo e ao Pai em nosso favor. O sacerdote, quando se veste para celebrar a missa, já não está ali, mas o próprio Cristo! Mesmo o padre sendo um pecador, mesmo você tendo dificuldades com o seu sacerdote, não importa! É o próprio Cristo quem celebra a missa! Cristo faz do padre um instrumento: independente de suas limitações, independente do seu estado físico e espiritual, é o poder de Deus que vem até nós e nos faz conduzir ao Pai.

Quando o povo já está reunido, enquanto o sacerdote faz o seu ingresso com os ministros, se inicia o canto de entrada. A função própria deste canto é de dar início à celebração, favorecer a união dos fiéis reunidos, introduzir o seu espírito no mistério do tempo, litúrgico ou da festividade e acompanhar a procissão de entrada (Instrução Geral Missal Romano 25).

Segundo a Instrução Geral do Missal Romano, a finalidade do canto de entrada é:

– Abrir a celebração;
– Promover a união da assembleia;
– Nos introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros.

Ou seja:

O canto de entrada (ou de abertura) possui a finalidade de unir a assembleia e introduzi-la no mistério que será celebrado, de acordo com a liturgia do dia. Portanto os animadores litúrgicos tem a missão primeira de estimular a participação dos fiéis.

Agora vem a célebre pergunta: E quais os critérios que devemos ter para escolher o canto de entrada?

As regras básicas são:

– Cantar a antífona com seu salmo (Gradual Romano ou do Gradual simples) – Esta é uma prática pouco comum entre os católicos hoje, porém é belíssimo quando o vemos;

– Escolher outro canto condizente com a ação sagrada e com o tempo litúrgico, e cujo texto tenha sido aprovado pela conferência dos bispos. – É justamente aqui que mora o perigo! Embora esta prática seja a mais comum entre os animadores litúrgicos, é normal encontrarmos em algumas paróquias erros e até abusos, onde os músicos usam critérios equivocados para escolher as músicas.

Se você vai escolher um canto de entrada para a celebração em que vai tocar ou cantar, esteja atento (a) a alguns detalhes:

1. Saiba em que tempo litúrgico você está. Por exemplo: no tempo pascal deve-se cantar a ressurreição; no tempo do natal deve-se cantar sobre a encarnação e o nascimento de Cristo; no advento cantemos sobre a expectativa da espera da vinda do Salvador; já na quaresma cantemos sobre penitência e mudança de vida…

2. Leia antecipadamente as leituras do dia. Veja o salmo e TODAS AS ANTÍFONAS: O canto nos introduz no mistério do tempo, do dia ou da festa? Quais são as suas ligações com a Liturgia da Palavra do dia? É preciso que você saiba que Deus não nos fala apenas nas leituras e na homilia, mas também em todas as antífonas. Um bom animador litúrgico precisa conhecer todos os momentos em que Deus nos fala.

3. O canto de entrada deve ser um canto que expressa a alegria de estarmos reunidos para celebrar os mistérios de nossa salvação.  Veja que estamos falando de alegria, não de algazarra. Alegria é uma coisa. Bagunça e algazarra é oura coisa. Somos comunidade e precisamos viver este momento juntos. Não podemos escolher um canto especialmente para jovens só porque é a “missa dos jovens”, ou uma música mais antiga só porque é a missa onde tem mais idosos. 

4. Não podemos escolher a música da moda, a música que “galera pede” e muito menos a música que vai “agitar o povão”. Lembre-se: Missa é missa, show é show, grupo é grupo e pastoral é pastoral. Existem músicas de são perfeitamente adequadas para serem usadas na procissão de entrada mas são mais lentas. Canto de entrada não é pra “botar pra quebrar”… Lembre-se disso!

Como proceder?

O Canto de entrada deve durar até o beijo do celebrante no altar. É um canto de movimento, deve expressar a marcha do povo de Deus, deve ser um canto com ritmo cadenciado para acompanhar os passos da procissão. Quantos sacerdotes não reclamam (e com razão) que ficaram esperando o ministério tocar para dar seguimento a Celebração Eucarística?

O animador precisa cantar atento ao que acontece no altar. Não deve cantar de olhos fechados ou simplesmente achando, “que é hora do show”. É preciso bom senso.

Penso que seguindo estas dicas, o animador litúrgico não erra. Sei que muitos conhecem estas regras e muitos que erram por desconhecerem estas instruções. Mas agora fica a dica: Reúna-se com a sua equipe de animação litúrgica e conversem sobre isso, separando cânticos apropriados para a entrada da Santa Missa. Um bom repertório é essencial!

Até a próxima!
Pax Domini

Veja também: Você sabe a diferença entre uma música litúrgica e uma música religiosa? | Ao cantar na missa qual a minha postura com relação as palmas?|Guitarras e bateria na missa? Dicas importantes para minimizar as reclamações e participar bem da liturgia

8 comentários sobre “Formação para músicos: Que músicas escolher para o canto de entrada?

  1. Pingback: Formação para músicos:: Podemos cantar o Sinal da Cruz? | Dominus Vobiscum

    • Olá Antônio,
      Desculpe mas penso diferente de você. Cabe a equipe de música estudar seu ofício para escolher bem os cantos.
      Bons ventos!
      Cadú – Dominus VObiscum

  2. excelente matéria, isso tira a dúvida de muita gente, a música na missa é parte importantíssima ,portanto deve ser bem preparada e estudada,a música não é qualquer coisas que muitos músicos nas paróquias acham que podem colocar e acabam muitas das vezes um carnaval, não levam ninguém a rezar se torna um verdadeiro show, e missa não é lugar para shows e sim lugar de oração e intimidade com Deus Deixo aqui o meu grande apresso pela matéria , parabéns ao autor.

  3. Boa noite!! Gostei da materia e do blog!
    Uma sugestão: corrigir os textos antes de postá-los, pois existem alguns erros que parecem ser de digitação e alguns erros de português, o que pode interferir na interpretação e compreensão do que ele diz! 😊
    Quanto as orientações achei excelentes, e estou usando como apoio para meus estudos sobre o canto litúrgico, e para formações em minha comunidade! Muito claro e objetivo, com o essencial para nos transmitir. Parabéns!
    Quanto ao termo: “celebrante”, em algumas formações ouvi que o padre, é o presidente da celebração, pois todo o povo celebra, e usar o termo celebrante nao seria muito apropriado, poderia falar brevemente sobre?!
    Grata!!!

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